26 de Novembro de 2024
26 de Novembro de 2024
 
menu

Editorias

icon-weather
lupa
fechar
logo

Cidades Quinta-feira, 19 de Julho de 2012, 11:12 - A | A

Quinta-feira, 19 de Julho de 2012, 11h:12 - A | A

Intransigência

Infraero quer retirar em 60 dias famílias que moram há mais de 27 anos na região do Aeroporto Marechal Rondon em VG

O dono da Estância I, Getúlio Vilela de Figueiredo, não aceita a decisão da Infraero de fazer os consorciados sair de suas propriedades com um período de tempo tão curto.

por João Ribeiro/VG Notícias

Moradores há mais de 27 anos na área da Infraero (Aeroporto Marechal Rondon) estão sendo obrigados a deixar o local em 90 dias. São 36 chacareiros que obtêm as concessões que abrigam mais de 200 pessoas. Na área existem diversos tipos de propriedade desde criação de gado a um centro de eco-terapia que atende mais de 80 crianças deficientes. Em janeiro de 2012 a Infraero notificou os proprietários para deixarem suas áreas no máximo em 90 dias.

O dono da Estância I, Getúlio Vilela de Figueiredo, não aceita a decisão da Infraero de fazer os consorciados sair de suas propriedades com um período de tempo tão curto. “Temos convicção da saída, um dia ou outro seria inevitável, até porque esse terreno não é nosso, mas só acho que pelo tempo que estamos ocupando essa área a Infraero tinha que ter mais respeito com a gente e dar um prazo maior, no mínimo até o término da Copa de 2014”, disse.

De acordo com Getúlio, a Infraero está tomando essa decisão devido a uma construção de uma rede de tratamento de água e esgoto.  “Eles dizem que vão fazer essa obra para tratar água e esgoto, só que tem outra coisa “aí” por de traz. Na verdade acho que eles vão fazer um loteamento, se fosse só para fazer essa obra, aqui tem espaço de sobra e não precisaria tirar ninguém. Nunca atrasei um boleto sequer desde que ocupo essa terra”, disse.

O dono da Estância I contou que já esteve em Brasília/DF conversando com o presidente da Infraero, que assegurou que iria dar um prazo de dois anos para os arrendatários saírem das suas áreas. Só que em uma reunião com todos os proprietários, a superintendente da Infraero de Mato Grosso não deu o prazo combinado, deixando Getúlio envergonhado diante de seus vizinhos. “Na reunião, eles (Infraero), não cumpriram o acordo e ainda coagiram os proprietários a assinar um papel dizendo que a gente teria que deixar nossas áreas num prazo de 90 dias. Caso nós não tivéssemos assinado, a Polícia Federal iria retirar todos usando a força”, disse.

Os moradores queriam ir até Brasília fazer uma manifestação por conta dessa desapropriação, mas Getúlio por conta do “pré-acordo” impediu os proprietários de fazerem o protesto, tendo o pensamento que iriam ter um prazo maior. O empresário se diz iludido, para que isso não acontecesse  e afirma que já contratou um advogado para mexer com todo esse processo.

Preservação da área: Os arrendatários alegam que cuidam da área de uma maneira que ninguém conseguiria. Segundo o dono da Estância I, Getúlio Figueiredo, várias pessoas se deslumbram com a preservação da fauna e flora da região. “Em horários de caminhadas, muitas pessoas param ali na grade e ficam perplexas com a quantidade de capivaras e veados que tem na região. Eu nunca deixei ninguém caçar aqui, quando encontro armadilhas, na hora eu vou lá e retiro, os animais às vezes comem até sal no cocho”, disse.

Segundo Getúlio, quando ocupou a área, o terreno era um canteiro para o mosquito da dengue e após esses 27 anos fez muitas mudanças como uma plantação de mais de 1500 árvores nativas, contratando até uma bióloga para tomar conta das mudas no início do plantio.

O empresário disse que a Infraero está fazendo isso também por conta de alguns acidentes envolvendo carros e animais, por conta disso está retirando os proprietários da região urbana. Segundo Getúlio, esses animais envolvidos em acidentes não são desses proprietários e sim dos moradores dos bairros ao redor. “Sempre que a gente vê um animal na rua, Eu peço para que meus empregados peguem os animais e prendam na grande, depois de umas horas o dono, que não é arrendado das áreas, vem buscar sua criação”, enfatiza.

Prejuízos: A preocupação do empresário é com seus vizinhos porque muitos não têm o seu poder aquisitivo. Um dos vizinhos que vai ser retirado do local é um professor de equitação, seu Márcio, que vive na área há 17 anos. “Seu Márcio vive aqui há muito tempo, a vida dele é isso aqui, quando for retirado ele vai para onde? Essas pessoas não têm dó de ninguém. Teve outro morador que foi tentar comprar uma casa financiada e não conseguiu por nunca ter tido sua carteira de trabalho assinada”, disse.

O chacareiro, Paulo Fernando Oliveira, que toma conta da terra há 21 anos, diz que está desesperado com a carta de despejo que recebeu da Infraero. “Esse povo da Infraero fez uma covardia com nós, antes eram parceiro da gente, prometendo que caso um dia tivéssemos de deixar a área teríamos um prazo de no mínimo até a Copa de 2014. Estou desesperado, porque não sei para onde vou, posso perder toda minha criação não tendo lugar para ir”, disse.

Outro lado: A equipe do VG Notícias entrou em contato com a superintendência da Infraero para saber sobre posicionamento do órgão, mas a Agência Federal se negou a divulgar qualquer  informação a respeito do assunto. Até o fechamento da matéria não houve nenhuma manifestação do órgão.

Siga a página do VGNotícias no Facebook e fique atualizado sobre as notícias em primeira mão (CLIQUE AQUI).

Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).

RUA CARLOS CASTILHO, Nº 50 - SALA 01 - JD. IMPERADOR
CEP: 78125-760 - Várzea Grande / MT

(65) 3029-5760
(65) 99957-5760