Em 06 de julho de 1930, nascia no Distrito de Bonsucesso, em Várzea Grande, Joaquim Leite da Rosa, carinhosamente conhecido como Painha. Hoje, aos 94 anos, é o morador mais antigo, mais conhecido e querido do Bonsucesso. Em sua residência, ao lado da esposa, a professora aposentada Gonçalina de Barros Rosa, casados há impressionantes 68 anos, Painha compartilhou com a equipe do sua rica história e as tradições que fazem de Bonsucesso um lugar tão especial.
Relembrando tempos em que o acesso ao distrito se dava apenas por canoa ou cavalo, Painha destacou a falta de asfalto naquela época, descrevendo-a como um verdadeiro "ermo". Ele testemunhou o desenvolvimento de Bonsucesso, onde outrora apenas 30 famílias viviam, cada uma com seu engenho de fabricar rapadura como principal fonte de sustento.
Com humor e vivacidade notáveis para seus 94 anos, Painha lamenta a falta de conhecimento das tradições pelos jovens, ressaltando a importância do respeito aos dias santos e mencionando festividades como Carnaval, cururu, São João e São Pedro, que eram verdadeiras celebrações. Ele recorda com saudosismo o tempo em que as pessoas chegavam a pé ou de canoa para as festas, que duravam dias.
Órfão desde um dia de vida, Painha recebeu o apelido de "palhinha", mas o sotaque regional transformou-o em Painha, tornando-se conhecido em várias partes do Brasil. Sua jornada, marcada por perdas e superações, revela a força de uma comunidade unida e atenciosa.
Painha questiona, com sua característica franqueza, a rapidez com que seu pai biológico se casou após a morte de sua mãe, destacando o apoio crucial de sua tia e do tio, que o tornou herdeiro da casa onde reside até hoje.
A alegria de Painha se manifesta em sua paixão pelo futebol, que também desempenhou um papel fundamental em conquistar o coração de Gonçalina, resultando em um casamento duradouro e cinco filhos. Ele relembra eventos realizados em Bonsucesso, como Carnavais e festas de São João, lamentando as dificuldades atuais devido ao problema das drogas.
Orgulhoso de ter dois netos empreendedores com peixarias no distrito, Painha expressa preocupação em relação à Lei do Transporte zero, que proíbe a pesca por cinco anos em Mato Grosso, a partir de 2024. Ele critica a medida, afirmando que trará consequências fatais.
Sobre o auxílio proposto pelo governador, Painha o considera uma "esmola" e destaca que, se não fosse sua família gostar tanto dele e o querer vivo, enfatizando também a importância da esposa, Gonçalina, uma verdadeira "terceira mãe", que cuidou dele nos momentos difíceis, incluindo uma cirurgia cardíaca realizada há 15 anos, estaria morto.
Ao recordar o início de seu relacionamento com Gonçalina, Painha ressalta a dificuldade de conquistar a professora, que, segundo ele, tinha até segurança devido à sua popularidade. A história deles, que começou com um gesto cuidadoso durante uma partida de futebol, revela a simplicidade e a durabilidade de um amor verdadeiro.
“Naquele tempo guardava a roupa no mato, não tinha vestiário. Ela se aproximou e falou: você não quer que eu segure a sua roupa? GANHEI NA LOTERIA! Cheguei onde estavam os outros e contei: a professora vai segurar minha roupa, ela pediu para segurar. Eles falaram: aah mentira!”, lembrou o aposentado aos risos.
Painha revela que dança lambadão e aproveita a vida em Bonsucesso, uma comunidade que ele valoriza mais do que qualquer praia. Sua vitalidade e vínculos familiares evidenciam uma riqueza que transcende o material, destacando a verdadeira essência desse morador singular.
Conquista - Entre namoro e amizade, foram apenas seis meses para esta união sólida e duradoura de 68 anos. “Para fazer um almoço na lua de mel, eu e meu tio fomos caçar tatu, só naquele tempo não tinha geladeira, então minha tia cozinhou tudo e guardou. No dia do almoço, fiquei com medo que ela [Gonçalina] descobrisse que era tatu e largasse de mim. Então não contamos a ela, que comeu a carne de tatu como se fosse de porco (risos).
“Somente depois de algum tempo, que não corria mais perigo de perder a amada, é que contou a verdade. Gonçalina encerrou a entrevista dizendo que a maior queixa que ela tem de Painha, é que ele trabalha muito, não para. “Eu falo pra ele parar um pouco, que não tem necessidade de trabalhar tanto, até pra ficar me ajudando aqui, mas ele não para um minuto”.
Painha tem ainda um irmão do primeiro casamento, hoje com 95 anos, que também morador do Bonsucesso.
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