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Cidades Quarta-feira, 29 de Março de 2023, 15:36 - A | A

Quarta-feira, 29 de Março de 2023, 15h:36 - A | A

audiência pública

Desembargadora critica ausência de vereadores de VG em audiência sobre violência contra as mulheres

Maria Erotilde afirma que as vereadoras Várzea Grande são exemplo para todo o país, e disse que consegue contar nos dedos quantas Câmaras pelo Brasil tem 3 mulheres vereadoras

Giovanna Bitencourt/VGN

A desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Maria Erotildes Kneip, durante audiência pública sobre os Avanços e Soluções para a Violência contra as Mulheres, nesta quarta-feira (29.03), na Câmara Municipal de Várzea Grande, criticou a ausência dos vereadores várzea-grandenses na sessão.

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Maria Erotildes apontou a falta dos vereadores, e disse que por esse motivo que as causas não alcançam o governador do Estado, Mauro Mendes. Ela diz que tratam como se fosse “discussãozinha de mulher” e “mimimi”.

“Faltaram os vereadores homens. Me perdoem ser bem honesta, se não, não sou eu. É por isso que as causas não chegam ao governador com autoridade desta Câmara Municipal, infelizmente, fica só aquela discussãozinha de mulher, o ‘mimimi’, e não tem importância, porque não tem representatividade”, apontou.

A desembargadora afirma que as vereadoras de Várzea Grande são exemplo para todo o país, e disse que consegue contar nos dedos quantas Câmaras pelo Brasil tem três mulheres vereadoras. “Várzea Grande está dando exemplo para o país. Quantas Câmaras municipais no país tem três mulheres vereadoras? Eu acho que eu vou contar nos dedos”, disse.

Maria Erotildes assegura que a causa discutida na audiência é muito mais importante que qualquer compromisso que os vereadores tenham, pois se trata de proteção para as mulheres e de direitos humanos. A desembargadora questiona até quando o feminicídio continuará sendo considerado um crime relacionado somente ao poder do homem sobre a mulher, e afirma que o crime é torpe (considerado repugnante, fútil e desprezível).

“Sei que muitos vereadores têm muitos compromissos, mas eu também tinha uma sessão e estou aqui, porque para mim, essa causa é mais importante que qualquer desenvolvimento financeiro ou econômico. Isso é proteção de direitos humanos. Até quando nós vamos entender que feminicídio é crime de relação de poder do homem sobre a mulher? Todo feminicídio é torpe”, assegurou.

Ela continuou dizendo que os homens irão continuar pensando serem donos das mulheres, e acreditando que as mulheres precisam obedecê-los, caso essa cultura de violência não seja quebrada. Maria Erotildes ainda ironiza a exportação de soja no Estado, classificando que tratam isso como um assunto mais sério do que a violência contra as mulheres.

“O homem continua pensando que ele é dono da mulher, e só acontece por isso. Ele é o dono, ele dispõe, ele faz o que ele pensa que é o certo e ela tem que obedecer, e quando ela cisma de não obedecer, quando ela ousa não obedecer, ela tem que morrer! Então ainda é muito sério! O que nós temos de mais sério do que isso? Que Mato Grosso precisa exportar soja? Ora, bolas. Nós temos que ter dignidade, vejam, os dados são seríssimos”, ponderou.

A desembargadora ainda questiona porque as mulheres ainda estão abaixo dos homens e não ocupam lugares de liderança, citando a Organização das Nações Unidas (ONU), que nunca teve uma mulher como chefe.

Ela ainda relata que o Tribunal de Justiça tem 150 anos e que mulheres só chegaram a liderança após ela ser presidente, tendo a desembargadora Maria Helena e Clarice Claudino como sucessoras do cargo, e questiona quanto tempo mais vai demorar para a sociedade perceber que as mulheres ainda não estão no topo e que ainda é preciso a representatividade feminina para a violência contra as mulheres acabe.

“Por que as mulheres não estão nos cargos de liderança? É porque nós não somos capazes? Eu vi uma pesquisa de duas ministras que apontaram que nem a ONU, a qual é a maior entidade internacional de direitos humanos, teve mulher na sua presidência. São sete chefes. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Poder Judiciário, tem 150 anos, e só foi depois que entrei que começou a ter presidente mulher. Teve a desembargadora Maria Helena, e agora tem a desembargadora Clarice. Nós vamos demorar mais cinquenta anos para ter outra mulher presidente se nós continuarmos com essa desculpa e com essa representatividade pequena. O que nós temos que fazer?”, finalizou.

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