O colegiado do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) emitiu uma carta aberta à sociedade e à gestão da instituição denunciando a situação precária dos veículos utilizados em trabalhos de campo e atividades práticas.
A carta destaca que a frota da UFMT está em estado preocupante de manutenção e rodagem, com diversos incidentes já registrados, como estouro de pneus, rodas soltando com o veículo em movimento, falhas e panes mecânicas.
Riscos à segurança
Segundo a carta, a frota de veículos da UFMT utilizada em atividades práticas está em estado precário, colocando em risco a vida de alunos, professores e motoristas. A carta também destaca a falta de cintos de segurança, problemas estruturais (vidros emperrados, assoalhos danificados, bancos soltos), step solto no interior do veículo, ar condicionado com mal funcionamento, idade elevada e falta de manutenção preventiva que aumentam o risco de acidentes grave.
Impacto nas atividades
A carta aponta que a situação precária da frota já causou atrasos e cancelamentos de trabalhos de campo e aulas práticas. Segundo o documento a falta de atividades práticas prejudica a formação dos alunos, que não podem ter contato com a realidade do campo de trabalho.
Cobrança por soluções
O Departamento de Geografia cobra da gestão da UFMT investimentos na renovação da frota e na manutenção preventiva dos veículos. Destaca que a segurança dos alunos, professores e motoristas deve ser a prioridade da instituição. Cobra transparência da UFMT com a comunidade universitária sobre as medidas que serão tomadas para solucionar o problema.
Leia a íntegra da carta
Carta aberta à sociedade e gestão da Universidade Federal de Mato Grosso sobre a situação precária dos veículos usados em trabalho de campo e atividades práticas
O Departamento de Geografia, do Instituto de Geografia, História e Documentação, em seus mais de 50 anos servindo a sociedade Mato-grossense e brasileira com excelentes profissionais bacharéis e licenciados em Geografia, externa sua preocupação com a precarização das condições de transporte, que envolve desde a redução do número de motoristas até os diversos incidentes ocorridos com veículos disponibilizados pela UFMT para realização destas atividades didático-pedagógicas, como trabalhos de campo e aulas práticas.
As atividades supracitadas fazem parte do currículo do curso e do processo formativo dos estudantes de graduação e pós-graduação, e estão regulamentadas e aprovadas pelos órgãos superiores da instituição. Nota-se, além da redução do número de motoristas terceirizados após o período pandêmico que impacta negativamente a efetivação de tais atividades, e a situação dos veículos disponibilizados pela UFMT, ônibus, micro-ônibus, caminhonetes e vans estão em estado preocupante de manutenção e rodagem.
Destaca-se aqui que já ocorreram diversos incidentes, como estouro de pneu, roda soltando com veículo em movimento, falhas e panes mecânicas, que fizeram com que veículos parassem sobre a via com necessidade de serem empurrados pelos discentes e docentes, estepes desgastados e ausência de cinto de segurança, configurando situações que colocam em risco a vida de todos os sujeitos presentes nos veículos.
De modo geral se percebe um sucateamento das condições estruturais, para além dos riscos imediatos à vida dos sujeitos envolvidos, destacam-se idade elevada dos veículos e falhas na manutenção, como: vidros emperrados, assoalhos danificados, bancos soltos e avariados, step solto no interior do veículo, ar condicionado com mal funcionamento, além de problemas com o abastecimento e falta de saldo no cartão combustível, elementos estes relatados diversas vezes por estudantes e professores.
Somando-se a esses fatos, destaca-se também que já ocorreram diversas situações em que, pela falta de saldo no cartão combustível, os estudantes e professores precisaram esperar por horas em postos de combustível até que o problema fosse solucionado.
Importante enfatizar que essa carta aberta tem como objetivo externalizar nossa preocupação com as vidas dos discentes, docentes e motoristas que constantemente executam suas atividades de ensino, pesquisa e extensão utilizando da frota disponível na Universidade Federal de Mato Grosso. Nesse cenário, salientamos a aprovação da curricularização da extensão em todos os cursos da UFMT, elemento este que demandará ainda mais atividades práticas externas.
Há de expor a ausência de perspectiva em relação aos fatos mencionados pelo Departamento de Geografia à gestão da UFMT, uma vez que a resposta institucional foi considerada insuficiente e, nesse sentido, a UFMT não aponta soluções concretas e os problemas com os transportes continuam.
O Departamento de Geografia compreende a conjuntura atual, com cortes orçamentários e contingenciamento financeiro, contudo, devido à gravidade das diversas situações, fazem-se necessárias ações da administração superior da UFMT com intuito de sanar os problemas e promover segurança na frota atual.
Portanto, expomos essa realidade, não apenas como uma necessidade de informação crítica e imprescindível, mas como um ponto de cobrança para a gestão da UFMT. É preciso responder a toda sociedade que exige profissionais críticos, qualificados e de excelência, qual será o investimento real e atual na formação de profissionais, não só da Geografia, mas de todos os cursos da UFMT que tenham em sua estrutura curricular aulas práticas e trabalhos de campo. Despedimo-nos com a certeza de que não cessaremos as cobranças legítimas e necessárias para salvaguardar a vida de todos que estejam em aulas práticas e trabalhos de campo, atividades de pesquisa ou extensão da UFMT.
Cuiabá, 21 de março de 2024
Colegiado de Departamento de Geografia - DEGEO Instituto de Geografia, História e Documentação - IGHD Universidade Federal de Mato Grosso -UFMT
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