Uma adolescente de 16 anos está internada há 11 dias após ser diagnosticada com a síndrome de Guillain-Barré, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Jucélia de Souza perdeu parte da visão e os movimentos das pernas. Ela estava sentindo dores pelo corpo, nos olhos, febre e manchas na pele cerca de duas semanas antes de ser diagnosticada com a doença.
Jucélia é casada com o operador de máquinas Francisney de Moraes. Os dois moram no Distrito de Primaverinha do Norte e foi levada de ambulância até a unidade hospitalar. "A caminho do hospital, ela sentia muita dor e já começou a perder o movimento das pernas", contou.
Segundo Francisney, a mulher começou a sentir os sintomas no domingo (28). A dor de cabeça veio acompanhada de dor nas juntas e manchas vermelhas no corpo. "No dia seguinte, já procuramos um médico. Ela não aguentava mais de dor", disse.
Por causa da doença, a adolescente também perdeu temporariamente a visão. "Ela ficou muito abalada, mas temos de entregar nas mãos de Deus", afirmou. Jucélia ainda não tem previsão de alta.
Ainda segundo o marido, a jovem já recuperou 20% da visão. No entanto, os médicos afirmaram que a recuperação da paciente é lenta e que, somente com o auxílio de fisioterapia, deve recuperar o movimentos das pernas.
Perda dos movimentos
À princípio, ela foi diagnosticada com o zika vírus e, logo depois, começou a sentir dormência nos membros inferiores. Jucélia foi internada no dia 29 de fevereiro e permanece no hospital do município para tratamento.
De acordo com o neurologista que está cuidando da paciente, Fernando Zuninga, o quadro de saúde de Jucélia evoluiu. "Ela já está se recuperando. Teve uma perda na visão e nos movimentos, mas, como a síndrome é alto limitada, ou seja, vai se recuperando pouco a pouco, ela está bem melhor," explicou.
Jucélia de Souza faz tratamento com imunoglobulina humana, que ativa os anticorpos para combater a síndrome. O tratamento tem duração de cinco dias. O Hospital de Sorriso conseguiu o tratamento para a adolescente.
Segundo o neurologista, esse já é o segundo caso diagnosticado na cidade. "O hospital já recebeu dois casos da síndrome de Guillain-Barré. O primeiro foi de um rapaz que chegou a ser internado na Unidade de Terapia Intensiva, mas recebeu alta na terça-feira (8). O risco da pessoa diagnosticada com a síndrome não conseguir se recuperar é de apenas 5% de todos casos ," contou o especialista.
Síndrome de Guillain-Barré
O número de casos da síndrome de Guillain-Barré vem aumentando no Brasil. A doença, que pode comprometer o sistema nervoso, pode estar relacionada ao vírus da zika e não escolhe idade nem sexo. O país teve cinco casos novos por dia no ano passado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A síndrome pode acontecer depois que o paciente sofre uma infecção como o vírus da zika, dengue ou chikungunya. O organismo produz anticorpos para combater a infecção, mas esses anticorpos passam a atacar as bainhas de mielinas, membranas que protegem as células nervosas. Com as mielinas atingidas, o paciente começa a perder o controle de funções como a locomoção.
O sistema nervoso é afetado e pode provocar fraqueza muscular e paralisia, geralmente temporária, dos braços e das pernas. Os músculos da face também podem ser afetados e, em casos mais graves, a respiração, o que faz com que o paciente precise ser tratado em unidades de terapia intensiva.
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