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Cidades Sábado, 23 de Fevereiro de 2013, 09:00 - A | A

Sábado, 23 de Fevereiro de 2013, 09h:00 - A | A

“Relembrando o Passado

A história de um cuiabano que já conquistou a presidência do Brasil

por Pulula da Silva/Especial VG Notícias

 

*por Pulula da Silva/Especial para o VG Notícias

Na coluna “Relembrando o Passado” deste sábado (23.02), Pulula da Silva, por meio do VG Notícias, atendendo pedidos, reprisa a história de Eurico Gaspar Dutra, e retorna ao passado para mostrar que Cuiabá já teve um filho na Presidência do Brasil.

Nascido em 18 de maio de 1883, Marechal Eurico Gaspar Dutra é considerado o filho mais ilustre da terra. Filho de José Florêncio Dutra e Maria Justina Dutra, família pobre da Província de Mato Grosso. Diz à história que nasceu próximo ao Colégio Liceu Cuiabano, e que ao lado do Externato São Sebastião, foi seu berço na iniciação escolar na capital do Estado no ano de 1890, com sete anos de idade.

Para pagar seus estudos, trabalhou como servidor geral no Mercado Municipal, e teve como primeira professora, Bernadina Riche, sempre lembrada por ele durante seus discursos como ministro ou chefe da nação brasileira. Tinha um problema de dicção, onde trocava a letra C pela letra X, o que não conseguia disfarçar durante suas oratórias.

Até o seu falecimento em 1974, foi o segundo presidente do Brasil há permanecer mais tempo no cargo, perdendo apenas para Wenceslau Braz. “O povo sempre tem razão”, a frase que ficou marcada no governo Eurico Gaspar Dutra.

A família de Dutra, através do neto Luis Mário Dutra, doou ao acervo do Estádio Mário Filho, o Maracanã, inaugurado em seu governo em 1950, cinco peças que registraram momentos da construção e da inauguração do estádio, demolido ano passado, e que vem sendo restaurado para ser uma nova Arena para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014. Inaugurou também no início dos anos 50, a primeira televisão no Brasil, a extinta TV Tupy. A proibição da jogatina (jogo de azar) no país, também foi de sua autoria, atendendo a um pedido da falecida esposa, Dona Santinha.

O início - O jovem Eurico queria propiciar mais conforto para a família, e deixou Cuiabá no início do século XX, sonhando em vencer como militar, e foi na Escola Preparatória e Tática do Rio Grande Sul, localizada na cidade de Rio Pardo, que iniciou a carreira que o levou um dia a governar o país. Concluiu o curso em 1904, e no final do ano partiu para o Rio de Janeiro, ingressando na Escola Militar da Praia Água Vermelha. Passou ainda pela Escola de Guerra, Escola Militar de Realengo, e em 1922, formou – se na Escola de Estado Maior.

Casamento - Em 14 de fevereiro de 1914 casou–se com Carmelita Teles Leite, viúva de outro militar, que lhe deu dois filhos, Emília e Antonio João Dutra. Do primeiro casamento de Dona Santinha, como era chamada, criaram os filhos Carmelita e João Pinheiro. Carmelita Dutra faleceu no dia 09 de outubro de 1947, e sua morte deixou saudades pela atuação na área social como Primeira Dama do Brasil.

Ministro da Guerra - Durante o governo provisório de Getúlio Vargas, Dutra em 1935 comandou a Repressão a Intentona Comunista nas cidades de Natal (RN), Recife ( PE) e no Rio de Janeiro. No ano seguinte, em 1936, foi nomeado pelo presidente como ministro de Guerra (ministro da defesa atual), e em 10 de novembro de 1937, foi decisivo, juntamente com o presidente Vargas e o general Góes Monteiro, na conspiração e instauração da Ditadura do Estado Novo. Permaneceu no Ministério até sair do cargo para disputar as eleições presidenciais em 1945.

Eleições democráticas - Em 1945 a Ditadura chegava ao fim, perdendo espaço para um regime democrático. Getúlio Vargas que comandou o Brasil por 15 anos, sentiu as dificuldades que seria para manter um governo ditatorial, decretando no início do ano a anistia, iniciando o processo de reorganização dos partidos, com a indicação de candidatos a Presidência da República, com eleições marcadas para dezembro. Conta a história que, habilidoso, Getúlio Vargas patrocinou a formação de dois partidos políticos: O Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), legalizando ainda o Partido Comunista Brasileiro (PCB), perseguido duramente em seu governo ditatorial.

Golpe Militar - Temendo que o presidente Getúlio Vargas visava continuar no poder, podendo até boicotar as eleições presidencial, liderados pelo cuiabano General Eurico Gaspar  Dutra e o Marechal Góes Monteiro, aconteceu um Golpe Militar, em 29 de outubro de 1945, onde foi deposto Getúlio Vargas da presidência da República.

Eleições - Em 02 de dezembro de 1945, foram realizadas as eleições para a Assembléia Constituinte e para Presidente da República. Para presidente, a disputa aconteceu com a UDN lançando o brigadeiro Eduardo Gomes; o PCB representado pelo candidato Yedo Fuiza, e o mato–grossense Eurico Gaspar Dutra disputou as eleições pelo PSD. Dutra ganhou as eleições com 55% dos votos, alcançando 3.351.507 votos. Para a Assembléia Constituinte, o PSD alcançou 54 % dos votos, a União Democrática Nacional ( UDN), 28 %, e o Partido Trabalhista Brasileiro ( PTB), 7,5 %, e por fim, os demais partidos, em conjunto, alcançaram 7,3 % da votação geral. No dia 31 de janeiro de 1946, Eurico Gaspar Dutra, assumia o cargo de Presidente da República do Brasil. Como vice–presidente, o catarinense Nereu Ramos, foi o escolhido pelo partido, e pelo prestígio, contribuiu muito na vitória do presidente Cuiabano.

Medidas repressivas - Diz a história que o governo Eurico Gaspar Dutra adotou medidas repressivas contra a tentativa de reorganização sindical dos trabalhadores, proibindo a existência do Movimento Unificado dos Trabalhadores (MUT), onde interveio em quase todos os sindicatos, proibindo as eleições sindicais. No mandato do presidente Dutra, aproximadamente 300 sindicatos trabalhistas encontravam sob intervenção governamental.

Federalismo - Declarando ser o presidente de todos os brasileiros, e com a frase “O povo sempre tem razão”, assumiu o governo em janeiro de 1946, colocando–se acima dos partidos políticos, a fim de que o país tivesse condições necessárias para a elaboração da nova Constituição, que marcou o retorno do Brasil ao federalismo. Ele não hesitava em declarar–se um “feliz prisioneiro da Constituição”, com o livrinho vermelho sempre ao seu lado.

Plano Salte - O primeiro projeto de impacto no governo Dutra, foi o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), que colocado em prática, fracassou, mas, mesmo assim, foi considerado como um importante fator para a o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira na época. Teve muito orgulho de ser o primeiro presidente brasileiro a tentar um esforço real para o equacionamento dos problemas relacionados com a saúde, alimentação, transporte e energia. No seu governo foram construídos 2.800 quilômetros de rodovias no país, 4.500 quilômetros de ferrovias, a Companhia Hidrelétrica de São Francisco, e ainda 32 hospitais só na Bacia de São Francisco. Foram colocados em prática o Plano de Defesa do Polígono das Secas do Nordeste, e o Plano de Valorização da Amazônia. Foram obras de seu governo, ainda, o progresso técnico das Forças Armadas e o aprimoramento da educação militar, com a criação da Escola Superior de Guerra.

Prestes cassado - Em maio de 1947, o governo Dutra colocou na ilegalidade, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), e oito meses depois, cassou os mandatos de seus representantes no Congresso Nacional, entre eles, Luis Carlos Prestes, personagem histórico na política brasileira, que se elegeu como senador da República com a maior votação alcançada pelos candidatos ao Senado Brasileiro nas eleições na época. Conforme a história, na curta existência legal, o PCB era considerado o maior partido comunista da América Latina, contando com cerca de 200 mil partidários. Diz ainda que a Política Governamental Repressiva contra as atividades do PCB, foi acompanhada por uma política externa, estreitando os vínculos entre o Brasil e Estados Unidos da América.

Após a presidência - Ao deixar a presidência da República, em 1951, Eurico Gaspar Dutra continuou a participar da política brasileira, e em 1952, esteve em Cuiabá para inaugurar o Estádio Dutrinha, que levaria seu nome, e que foi construído através de verbas no seu governo. Diz a história que todo pomposo, orgulhoso com a honraria que lhe foi conferida pelo povo da sua terra natal, Cuiabá, o ex–presidente chegou ao Estádio para as solenidades, mas, ao ver que o Estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, foi construído bem diferente do projeto que foi elaborado, um Mini–Maracanã, nem desceu do carro, voltando ao Aeroporto, e de lá retornou ao Rio de Janeiro.

Preterido - Em 1964 fez um pronunciamento importante contra o governo João Goulart, com uma repercussão enorme entre os militares, e com isso, acreditava que teria mais força para voltar a presidir o Brasil logo após o golpe militar contra Goulart, sendo preterido pelo Grupo Militar Dominante, que o preteriram, preferindo indicar Humberto de Alencar Castelo Branco como novo presidente da Republica do Brasil.

Falecimento - Na segunda quinzena de maio de 1974, Eurico Gaspar Dutra foi internado com forte gripe na Clínica Sorocaba, localizada na capital carioca. Durante o internamento, passou por várias crises do aparelho respiratório, e uma delas, seu estado clínico se agravou, motivando uma traqueotomia. Era 00h10 min. do dia 11 de junho de 1974, quando veio a falecer aos 91 anos de idade vítima de um ataque cardíaco, deixando o Brasil mais triste, e principalmente, Cuiabá, órfã de seu filho mais ilustre na história da capital de Mato Grosso. Seu corpo foi velado no Palácio do Catete, com a presença de grandes autoridades do cenário político brasileiro, entre eles, Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek.

 

Eurico Gaspar Dutra é empossado Presidente do Brasil em 1946

O catarinense Nereu Ramos é o vice no governo Dutra

Carmelita Dutra ( Dona Santinha) e Eurico Gaspar Dutra em 1945

O Brigadeiro Eduardo Gomes derrotado nas urnas por Dutra

Sede do PSD no Rio de Janeiro em 1950

Inauguração da Rodovia Dutra - Rio/São Paulo em 1951

Presidente Dutra recebe Harry Truman presidente dos EUA

Inauguração do Estádio do Maracanã em 1950

Em 1950 Presidente Dutra encontra Irmã Dulce no Nordeste

Presidente em reunião com Pracinhas da FEB - Força Expedicionária Brasileira

Dona Carmelita Dutra - Dona Santinha

Presidente Dutra vai ao Vale do Rio Doce durante manifesto dos trabalhadores

A pedido de Dona Santinha Presidente Dutra fecha Cassino na Urca

Eurico Gaspar Dutra se negou a inaugurar o Estádio Dutrinha em Cuiabá

Ex- presidente Dutra meses antes de sua morte

Família durante o velório de Dutra no Rio de Janeiro

Família e Amigos durante o velório no Palácio do Catete

Ilustres políticos brasileiros na despedida ao "Velho Marechal"

Corpo de Eurico Gaspar Dutra é velado no Palácio do Catete no Rio de Janeiro

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