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Artigos Sexta-feira, 30 de Junho de 2017, 11:08 - A | A

Sexta-feira, 30 de Junho de 2017, 11h:08 - A | A

Opinião

Um governo moribundo

Quando o atual presidente e na época vice-presidente Temer escreveu e deu a público o documento intitulado “Uma ponte para o futuro”, na prática estava dando o sinal para o PMDB e outros partidos aliados que apoiavam a Presidente Dilma, que ali estava se iniciando uma ruptura que derrubaria a presidente petista e o colocava em sua cadeira no Palácio do Planalto.

Para entender a crise que está dilacerando o Brasil desde a eleição e não posse de Tancredo Neves, é fundamental ter em mente o papel do PMDB nesses longos anos. De aliado dócil dos governos militares e presidente do PDS, SANEY, por longas décadas, depois do fim dos governos militares, passou a ser um democrata convicto, de carteirinha, e expoente de primeira grandeza do PMDB, chegando a ocupar a presidência da República por cinco anos em substituição a Tancredo Neves, avô do Senador afastado e na iminência de ser preso Aécio Neves. Após deixar a Presidência Sarney ocupou uma cadeira no Senado por anos a fio, enquanto sua família mantinha o Maranhão como uma capitania hereditária.

Sarney, foi o presidente que ostentou os mais baixos índices de popularidade e de maior rejeição, apenas 5%, seguido por Temer, que na última pesquisa do Data Folha tem apenas 7% de apoio de entrevistados que consideram seu governo e seu desempenho como bom e ótimo, quase 80% o o consideram ruim e péssimo.

Sarney, sob a acusação de ser um governo fraco, corrupto e inepto, em meio a uma inflação galopante, levou o povo a eleger Collor para Presidente, tendo como vice, mais um quadro de alta estatura que foi Itamar Franco, que conseguiu, em parceria com seu ministro da Fazenda FHC, debelar a inflação de mais de três dígitos e implementar o Plano Real.

Collor também deixou a Presidência sob graves acusações de corrupção em meio a grandes manifestações populares exigindo o fim de seu governo, possibilitando, novamente que o PMDB ocupasse a Presidência da República com Itamar Franco.

Terminado o governo Itamar, coube a FHC e os tucanos, com o apoio do PMDB e do PFL, hoje DEM governar por oito anos, mas não conseguindo eleger seu sucessor com Serra e uma representante do PMDB como vice, possibilitando a vitória de Lula e de seus aliados de esquerda.

Percebendo que não teria maioria no Congresso e nem apoio do empresariado, ávidos pelos favores e mutretas do Estado, Lula lançou a “CARTA AO POVO BRASILEIRO”, para acalmar opositores internos e os investidores externos e ampliou o leque de sua grande aliança onde incluiu forças conservadores, políticos corruptos, latifundiários, banqueiros, grandes corporações nacionais e internacionais, favorecendo de forma clara o grande capital e para amainar as críticas e oposição de seus aliados da esquerda criou uma série de programas assistencialistas, por exemplo, o Bolsa Família, que herdou de FHC para distribuir migalhas aos pobres enquanto ampliava a pilhagem dos cofres públicos através do Bolsa Empresário e a institucionalização da corrupção como forma de governar, da qual, novamente, o PMDB passou a fazer parte desde as primeiras horas do governo lulopetista.

Terminados os dois mandatos de Lula, em meio a diversos escândalos, cujo maior símbolo foi o MENSALÃO, que acabou levando para a cadeia praticamente toda a cúpula petista, com exceção de Lula, que anda as voltas com a LAVA JATO e uma ameaça constante de ser preso e fazer companhia para alguns corruptos, que outrora ocuparam altos cargos na política e administração pública brasileira, mas que acabaram presos, julgados e condenados, juntamente com diversos empresários marcadamente corruptos, depois que não mais gozavam das benesses do FORO PRIVILEGIADO, uma excrescência jurídica que facilita a vida dos corruptos, que aos poucos está sendo substituída pelas famosas delações premiadas, que beneficia corruptores.

Os fatos, debates e grandes manifestações de massa que exigiam o impeachment de Dilma e pelo fim da corrupção estão bem presentes na memória do povo brasileiro. Alçado a condição de presidente, primeiro de forma temporária e após a derrubada de Dilma, de forma definitiva, Temer rodeou-se de diversos ministros e parlamentares federais, suspeitos ou investigados na LAVA JATO e imaginou que poderia governar como se presidente eleito democraticamente fosse. Ledo engano. A Chapa Dilma/Temer é suspeita e acusada de ter usado dinheiro sujo, propina de empreiteiras e grandes corporações, para se eleger.

A Chapa Dilma/Temer só não foi cassada e Temer poderia ter perdido o mandato se ele próprio, não tivesse indicado dois ministros para o TSE que votaram contra a cassação da referida chapa e ter sido salvo pelo voto de Minerva do Presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes.

O assunto continua proximamente, durante o julgamento da denúncia de Temer por corrupção passiva e outros crimes, que deverá ser julgado pela Câmara Federal, onde dezenas de deputados também são investigados por corrupção.


*Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT 

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