*por Gilberto Figueiredo
Segunda-feira, 13 de janeiro de 2020 – entro em um dos quartos do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, e encontro duas mulheres ansiosas pelo desfecho daquela internação.
Irmãs, Carmem Bettini da Silva Medrado, de 47 anos, e Glacelise Bettini da Silva Medrado, de 42, estavam a poucas horas de participarem de uma ação promovida pelo Governo do Estado, com apoio irrestrito do governador Mauro Mendes, que ficaria marcada na história de Mato Grosso: a retomada do transplante renal, após 11 anos.
Fui encontrá-las para saber como estavam e desejar um procedimento exitoso, afinal, todos estávamos ansiosos esperando a cirurgia. Mas, a cena que vivi naquele quarto, foi para além desta expectativa: fez-me entender que os meses de luta para retomar o transplante renal em nosso Estado tinham valido a pena.
Naquele momento, Carmem se declarou à irmã, disse que não pensou duas vezes quando soube da possibilidade de doar um rim à Glacelise – que chorou com a declaração gratuita de amor. Também fiquei emocionado.
Não sou médico, mas sou gestor. E enquanto gestor público, tanto à frente da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá quanto agora, na Secretaria de Estado de Saúde, os fatos que marcam minha trajetória são diversos. O dia 14 de janeiro de 2020, dia da cirurgia, tornou-se um dos mais relevantes. O procedimento ocorreu no Santa Rosa, unidade credenciada pelo Ministério da Saúde para realizar a operação, de forma 100% gratuita, devido ao Sistema Único de Saúde (SUS). É apenas o começo.
Desde que assumi a gestão da Saúde de Mato Grosso, em janeiro de 2019, venho trabalhando ao lado de minha equipe de forma incansável, em áreas que vão desde a adimplência do Estado junto aos municípios até a estadualização do Hospital Santa Casa, outro grande marco em minha vida.
A cirurgia de transplante renal, realizada por 7 horas e sem complicações, é o reflexo da mudança e comprometimento que temos feito na pasta e, trabalho que reflete diretamente no cidadão. Hoje, cerca de 1800 pacientes realizam hemodiálise em Mato Grosso periodicamente. Ao menos a metade precisa de um novo órgão.
O sucesso do transplante também não teria sido possível sem a perfeita união entre a equipe de cirurgiões do Santa Rosa e a coordenadoria de transplantes da SES-MT. Aqui nomeio também duas pessoas fundamentais neste processo: a secretária-adjunta do complexo regulador, Fabiana Bardi, e a coordenadora de transplantes, Fabiana Molina.
Neste primeiro caso, a doação foi realizada entre irmãs e este ato não reflete apenas um gesto de amor entre familiares, mas corrobora com a doação ainda em vida. Hoje, a maior parte das doações é realizada por meio de doadores falecidos ou cadáveres, termos técnicos utilizados pela medicina.
A doação em vida requer cautela não apenas com o receptor, mas também com o doador. Exatamente por isso, a retomada do transplante renal é um marco histórico: ela mostra quão preparados estamos para fazer procedimentos de alta complexidade, com excelentes resultados e, principalmente, gratuitamente.
E não paramos por aí. vamos retomar as tratativas junto ao Ministério da Saúde para viabilizar, em um futuro próximo, transplantes de medula óssea e fígado.
Este comprometimento, uma de minhas marcas registradas, também é possível pelo apoio de Mauro Mendes, que me dá autonomia frente à secretaria, e à primeira-dama, Virginia Mendes, que neste caso específico apadrinhou a causa e entende a importância da doação de órgãos para a saúde e a qualidade de vida.
É isso que tenho feito e continuarei fazendo em qualquer cargo público que venha exercer: compromisso para com o cidadão. Sabemos que por muitos anos a saúde pública foi negligenciada. Não mais. Trabalho diariamente para que revertamos este quadro. Que todos tenhamos acesso à saúde de qualidade e que possamos viver uma vida plena.
Estamos, finalmente, mudando Mato Grosso para melhor.
*Gilberto Figueiredo é o atual secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso.
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