por Edina Araújo*
Nos últimos meses, Cuiabá, a capital de Mato Grosso, tem enfrentado turbulências políticas, jurídicas e administrativas, intensas que desafiam a gestão municipal e impactam negativamente o bem-estar dos cuiabanos. A origem dessas disputas parece residir no embate contínuo entre os poderes executivos estadual e municipal, vereadores e entidades fiscalizadoras.
Embora o confronto possa ser interpretado como parte do dinamismo democrático, no qual o debate e a divergência são fundamentais, frequentemente ele degenera em disputas pessoais e políticas, desviando a atenção do principal interessado: o cidadão cuiabano, que acaba sendo o mais prejudicado pela instabilidade nos serviços públicos essenciais.
Os impasses e rixas afetam diretamente os mais necessitados de ações públicas eficientes e eficazes. Em meio ao “tira e volta” prefeito, fica uma pergunta no ar: e o povo? Onde estão os mecanismos de diálogo e conciliação para evitar a polarização e os impasses administrativos? O ,equilíbrio e controle entre os poderes, princípio fundamental em democracias, exigem vontade política para o diálogo e a busca de soluções voltadas à segurança institucional e ao interesse da população, superando interesses partidários e disputas pessoais.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ribeiro Dantas, em sua decisão, que suspendeu o afastamento do prefeito de Cuiabá, destacou a necessidade de preservar a soberania popular e a estabilidade institucional, pontuando que o afastamento de um prefeito eleito poderia infringir não apenas sobre o investigado, mas também sobre a expressão da vontade popular. Com base nesses argumentos, a liminar foi concedida para suspender as medidas cautelares e recomendar a suspensão da tramitação do processo na Justiça Estadual de Mato Grosso, bem como do inquérito policial correlato. Fato que não pode ser esquecido.
A reeleição do atual prefeito, Emanuel Pinheiro, para um segundo mandato consecutivo reflete a preferência da população pela continuidade de sua gestão. Esse fato poderia incentivar a colaboração entre os diferentes poderes da cidade, evitando o ciclo vicioso de trocas frequentes de gestão, que prejudica a administração pública. Em busca de um desfecho para esta situação, é essencial uma reflexão coletiva sobre o futuro desejado por Cuiabá.
Este artigo não é para defender e, tampouco, acusar o prefeito ou quem quer que seja, mas para reflexão. O momento exige maturidade política e uma postura voltada para o bem-estar comum, ultrapassando barreiras partidárias e conflitos pessoais. A solução passa necessariamente pelo diálogo construtivo, transparência nas ações e um compromisso inabalável com a população cuiabana.
As eleições municipais se aproximam, e os eleitores cuiabanos terão a oportunidade de escolher o próximo prefeito. É hora de abandonar a mentalidade do "quanto pior, melhor". Os órgãos de controle devem exercer seu papel de forma isenta, e, se irregularidades forem comprovadas, os responsáveis devem ser punidos de acordo com a lei, sem brigas e perseguições, mas com justiça, isenção e responsabilidade. Isso é o que o povo cuiabano deseja.
Chega de polarização negativa; as pessoas estão cansadas de serem usadas como instrumento de manobra política. Elas querem respeito. Somente assim, Cuiabá poderá superar seus desafios atuais e caminhar rumo a uma era de prosperidade, estabilidade e harmonia.
*Edina Araújo é jornalista e diretora do site VGNOTICIAS
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