por Alecy Alves *
Cláudia Leitte, o argumento de que sem financiamento da lei federal de incentivo à cultura(Roaunet) Cuiabá não poderia sediar seu show não vai colar.
O Ministério da Cultura acusa a cantora de não comprovar a doação de ingressos — uma das contrapartidas exigidas para o financiamento dos shows — e pede a devolução de R$ 1,2 milhão. Também instituiu a pena de três anos sem captar recursos pela mesma lei.
A defesa dela teria argumentado que cobrou preços módicos nas cidades de Cuiabá (MT), Picos (PI) e Ponta Porã (MS), "localidades que sem o incentivo legal jamais teriam condições econômicas para receber um show do porte da Cláudia Leitte".
Cobrar R$ 35 para fazer a “democratização do acesso à cultura”, como diz ter feito com sua apresentação em solo cuiabano e citar o “porte” da cidade é até engraçado.
Há cantores tão ou mais populares que Cláudia Leitte que mesmo sem incentivo à cultura alcançam público bem maior cobrando bem mais. Claro que, sempre, infelizmente, artistas do mesmo “padrão cultural” dela.
Tudo bem que foi o Wesley Safadão, mas podemos dizer que esse cantor fez o maior show de sua carreira aqui em Cuiabá, há poucos meses, cujo ingresso mais barato passou de R$ 100.
É bom que saibam também que entre os mais 5,5 mil municípios brasileiros a capital mato-grossense ocupa o 92º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) o estudo que indica a situação econômica e social das cidades.
E ainda, que Cuiabá tem o 42º maior PIB(Produto Interno Bruto) - a soma de todas as riquezas - entre os municípios brasileiros, com R$ 13.298 bilhões.
Por todo orgulho que sinto em ser mato-grossense de nascimento e cuiabana por opção, no que se refere à cultura digo que jamais pagaria R$ 100 ou qualquer outro valor para assistir esses cantores populares do momento e suas “musicas chicletes” que todos os dias tocam na tv e no rádio.
Prefiro me emocionar assistindo uma apresentação da Orquestra Sinfônica da UFMT, como o último espetáculo “Trilhas de Cinema”, mês passado. Além de ouvir os clássicos, ter a oportunidade de assistir artistas regionais revivendo grandes personagens do cinema, foi demais.
Ou com o espetáculo “Nandaia”, do grupo Flor Ribeirinha, com participação de atores de teatro e ballet clássico. Felizmente, vivemos em um país democrático, o que significa dizer, e respeitar, que o que é cultura para muitos pode não ser cultura para outros.
ALECY ALVES é repórter
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