por João Edisom*
Desde que foi implantado o sistema que possibilita a reeleição é discutível um segundo mandato em que o gestor atinge oito anos consecutivos na cadeira do Executivo. A grande questão é repetir e melhorar a gestão em um novo mandato que já não é novidade.
Nos governos de Mato Grosso elas foram um tanto penosas. O primeiro a enfrentar tal questão foi o saudoso governador Dante de Oliveira que, embora tenha feitos inigualáveis avanços até então, perdeu uma eleição para o senado e enfrentou um período de ostracismo e críticas até sua morte.
O ex-governador Blairo Maggi, embora após oito anos tenha chegado ao senado com uma votação expressiva, dificilmente alguém sentirá saudades de seu segundo mandato, principalmente por ter deixado em seu lugar o ex-governador Silval Barbosa, que além de ter gestado praticamente dois anos na condição de vice, foi o governador nos outros quatro anos e depois saiu praticamente pela porta dos fundos.
Se olharmos para a prefeitura de Cuiabá precisamos lembrar que o primeiro a conseguir tal feito foi o ex-prefeito Roberto França, que depois dos dois mandatos nunca mais ganhou nenhuma eleição. Na última ficou em quarto lugar na disputa, mesmo com o apoio do governo do Estado.
Na sequencia temos o Wilson Santos que, após se reeleger para um segundo mandato, renunciou com dois anos para disputar o governo e desde então tem sido eleito deputado estadual as duras penas por duas eleições consecutivas, inclusive com passagem pela Secid e liderança de governo. Mesmo assim possui votação insignificante pelo tamanho dos cargos que já ocupou.
Em Cuiabá Emanuel Pinheiro consegue a reeleição para prefeito agora em 2020 e aí vem a pergunta: segue a maldição ou quebra esta tradição? E para quebrar tem que fazer o que?
Uma das coisas mais difíceis na vida é se reinventar e esta talvez seja a maior dificuldade do atual prefeito; ser diferente dele mesmo, ir para o próximo degrau, dar um plus em sua gestão, agregar ao invés de amontoar pessoas em cargos somente numa perspectiva de fazer gestão a sua própria carreira.
Embora há um quê de discurso publicitário sobre continuidade, já que o que está bom não se mexe, mas a verdade que a mesmice é enfadonha, enjoativa e cansativa. Por melhor que seja o prato, ninguém conseguem almoçar e jantar todos os dias os mesmos sabores. Logo, faz necessário ter variações que vão além das continuidades básicas.
O tempo de agradecimento pelo asfalto passar na porta da casa dura até a próxima exigência e assim sucessivamente. A possibilidade de o munícipe enjoar é infinitamente maior em um segundo mandato.
A maior tarefa para o prefeito Emanuel Pinheiro nos próximos anos será gestar como se o ontem não tivesse feito parte de sua gestão. Ou seja, chegar novamente aonde já chegou e ir aonde ainda não foi. Nada fácil.
*João Edisom, sociólogo e articulista político
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