por Luiz Henrique Lima *
Recentemente fui convidado a assistir à posse de 25 novos auditores da Controladoria Geral do Estado. Compareci de bom grado para aplaudir a iniciativa governamental. O controle interno é uma das atividades mais importantes para o bom desempenho da gestão pública. Tem função essencialmente de orientação para prevenir falhas e aprimorar procedimentos em todas as secretarias e órgãos administrativos. Contribui, e muito, para reduzir custos operacionais e aumentar a efetividade dos investimentos. É exercido exclusivamente por servidores selecionados em rigoroso concurso público. Assim, a decisão de convocar os novos auditores demonstrou coerência, coragem e compromisso com a melhoria da gestão pública mato-grossense.
A gentileza dos organizadores ofereceu-me a oportunidade de falar na cerimônia. Por uma feliz combinação de circunstâncias, quase todos os empossados tinham sido meus alunos, em cursos presenciais ou pela internet, ou tinham estudado pelo meu livro Controle Externo. Assim, pedindo licença ao governador Pedro Taques e às demais autoridades presentes, dirigi-lhes algumas palavras, não na qualidade de conselheiro substituto concursado do TCE-MT, mas na de professor, exultante e emocionado pelo sucesso dos ex-alunos e futuros colegas. Em síntese, disse-lhes oito frases.
Primeira: nunca deixem de estudar. Leiam muito. Aprendam coisas novas todos os dias. Não se acomodem.
Segunda: todo processo é importante. Mesmo que não seja uma auditoria envolvendo milhões de reais ou mesmo que não renda manchetes na imprensa, cada processo é importante. Por mais simples que seja, a revisão de uma pensão ou a aquisição de uma maca para enfermaria, cada processo é importante, porque, pelo menos para uma pessoa, aquilo que for decidido resolverá um problema, garantirá um direito, corrigirá uma injustiça.
Terceira: façam sempre o melhor. Como cada processo é importante, ele exige o melhor de nosso trabalho. Tenham paixão pelo que fazem, pois a paixão multiplica nossa energia e capacidade.
Quarta: sejam íntegros e não sejam omissos. Nunca assinem um relatório ou documento com o qual não concordem. Nunca omitam fatos ou dados relevantes, por mais incômodos ou delicados. Resistam a pressões explícitas e a insinuações veladas. Sejam íntegros e não sejam omissos.
Quinta: preparem-se para decepções. Numa carreira de muitos anos, elas serão inevitáveis. Haverá momentos de decepção com as chefias, com os colegas e até com nós mesmos. Para minimizá-las ou suportá-las, seguir as demais recomendações.
Sexta: sejam felizes. O trabalho não é tudo. Reservem sempre parte significativa de seu tempo e energia para conviver com suas famílias, seus amores, seus amigos. Melhores pessoas e mais felizes são os melhores servidores.
Sétima: lembrem que nós do controle estamos em dívida. A sociedade brasileira depositou enorme confiança nas instituições de controle, interno e externo, conferindo-lhes, no próprio texto constitucional, importantíssimas responsabilidades e prerrogativas. No entanto, a dimensão bilionária das fraudes contra a administração pública, a má qualidade de muitas obras e o desempenho sofrível na execução de políticas públicas em todos os níveis são indicadores de que os controles interno e externo ainda não correspondem plenamente àquilo que os brasileiros gostariam. Para saldar essa dívida, temos que ser mais efetivos, mais tempestivos, mais assertivos.
Oitava: lembrem sempre quem é o nosso patrão. Nosso patrão é um só, no Executivo, no TCE-MT e em todos os poderes e órgãos. É o povo de Mato Grosso, que nos remunera e a quem, em primeiro lugar devemos lealdade. Lealdade que se traduz em trabalho dedicado, sério, independente e voltado exclusivamente para o interesse público.
Após a solenidade e algumas fotos com os novos auditores, deixei o Palácio com o coração leve e repleto de esperança no trabalho que poderão realizar por nossa gente.
* Luiz Henrique Lima é Conselheiro Substituto do TCE-MT
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