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Artigos Quinta-feira, 23 de Novembro de 2017, 08:24 - A | A

Quinta-feira, 23 de Novembro de 2017, 08h:24 - A | A

OPINIÃO

Os empregos que não geramos

                                                                                                                                                                                        por Caiubi Kuhn*

Gerar emprego é a melhor forma desenvolver um país, ampliar a qualidade de vida e proporcionar distribuição de renda. Este artigo apresenta um título provocativo, “o emprego que não geramos”, ou seja, o desenvolvimento social e econômico que o Brasil não proporciona para sua gente.

Nosso país é um grande exportador de produtos primários seja do setor agrário, seja no setor mineral, também somos um país importador de produtos industrializados. Por exemplo, somos um grande exportador de minério de ferro. Segundo o Informe Mineral de Junho de 2016 do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no Brasil, a extração mineral é responsável por um efeito multiplicador direto de 3,61 postos de trabalho para cada emprego gerado. No momento que exportamos ferro, será que também não estamos gerando lá no exterior os empregos que poderíamos gerar aqui no Brasil caso tivéssemos as condições necessárias? Será que não poderíamos, por exemplo, ampliar a exportação aço laminado e ligas metálicas gerando assim mais empregos aqui no nosso país?

Em alguns casos como no setor de petróleo, temos uma realidade ainda mais triste em relação a política de industrialização. Uma reportagem da Folha de São Paulo, publicada em 19/06/2017, destaca que “As importações subiram para 41,4% com relação ao mesmo período do ano anterior, para 79,138 milhões de barris, o maior valor pelo menos desde 2000, quando os dados começaram a ser compilados pela ANP. Com isso, a despesa com importação de combustíveis cresceu 79,7%, para US$ 4,357 bilhões”. O curioso é que em uma data muito próxima o Governo Federal publicou no site do planalto uma reportagem com o título “Exportação de petróleo bate recorde no primeiro trimestre” onde destacava o “Volume de 17,57 milhões de metros cúbicos foi 56% maior que o alcançado no mesmo período do ano anterior”. Sim, exportamos o petróleo e importamos derivados como a gasolina e o diesel, esse (além da elevada carga tributária) é um dos motivos para que os custos dos nossos combustíveis sejam tão alto. Isso faz sentido para você? Será que não poderíamos produzir esses derivados aqui no Brasil, gerando empregos e ainda auxiliando na melhora do saldo da balança comercial brasileira? Quantos empregos geramos em outros países e que poderiam ser gerados aqui? Se por um lado temos milhões de desempregados no Brasil, outros milhões de pessoas em empregos informais, ainda assim nossos governantes parecem não fazer nenhum esforço para mudar realidades como a exposta acima.


O Brasil precisa urgentemente de um projeto claro de nação, é preciso que sejam feitas as reformas necessárias, criando condições para resolver gargalos como o existente no setor do Petróleo. A descoberta do Pré-sal foi uma grande conquista para toda a população do nosso país, mas além de produzir mais petróleo, temos também que produzir aqui seus derivados. Esse é apenas um exemplo das inúmeras oportunidades que temos. Está na hora, de nós brasileiros, arregaçamos as mangas e fazermos do Brasil o país do presente, para assim termos um futuro melhor.

Caiubi Kuhn - Geólogo, mestre em Geociências pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Docente do Instituto de Engenharia, Campus de Várzea Grande, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);Conselheiro-Titular do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA); Diretor de Benefícios e Relações Sindicais do Sindicato dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (SINGEMAT); Presidente da Associação de Geólogos de Cuiabá (GEOCLUBE)
E-mail: [email protected]

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