por Eduardo Mahon *
A corrupção brasileira é a mais improdutiva, predatória e concentradora que se tem notícia. É preciso educar os corruptos para a responsabilidade social da corrupção.
Um corrupto responsável gera empregos, é ambientalmente equilibrado, não gasta com excentricidades e se envolve em projetos de corrupção solidária.
O corrupto precisa se qualificar para multiplicar conhecimento. Isso significa que deve fazer cursos de como roubar mais e melhor, aumentando a eficiência do roubo ao erário.
O peculato, seja de que natureza for, deve ser sustentável. A Organização Mundial de Corrupção – OMC – aponta que o Brasil é um dos maiores emissores de dinheiro sujo do planeta.
As autoridades já se comprometeram a lavar o dinheiro antes de enviar aos paraísos fiscais de Bahamas, Panamá, entre outros lugares que não podem suportar a poluição irresponsável da corrupção brasileira. Do meu ponto de vista, essas providências não bastam.
É necessário atacar o problema na educação. Ensinar a escrever corrupção com ç, triplex com x, chácara com ch, fazem parte do básico.
Um corrupto socialmente responsável é aquele que patrocina a capacitação profissional das novas gerações, transmitindo aos corruptos carentes o conhecimento de desvios de verba, superfaturamento em licitações e encobrimento de crimes por meio de uma rede de propina às autoridades fiscalizadoras. Os índices brasileiros de corrupção são alarmantes. Há muito corrupto mal preparado.
A tabela dos pesquisadores da CPT – Corruptos para Todos – aponta o mau gosto crônico do meliante nacional.
A Rolex indicou aumento de 15% na compra de relógios de ouro da marca, assim como o surpreendente aumento de 23% no consumo de ternos Ermenegildo Zegna pelos “novos corruptos”, aqueles cuja corrupção já superou a barreira de 1 milhão de reais na conta.
A análise do Instituto Corruptos sem Fronteiras aponta para um dado preocupante: a grande maioria dos corruptos nacionais preferem a caminhonete Land Rover a diesel que polui o meio ambiente.
Lanchas, carros, fazendas, pinga de má qualidade e charutos cubanos são investimentos que não são considerados uma corrupção sadia e, portanto, concentram os recursos surrupiadas em mãos de poucas pessoas.
A Fundação Corrupção Transparente indica um caminho para o desenvolvimento de um modelo mais igualitário e distributivo na corrupção brasileira: a administração pública, autarquias, fundações, empresas em geral devem reservar parte do orçamento para promover uma bolsa-corrupto, distribuindo o peculato com corruptos desassistidos que não tem condições de comprar ouro, abrir contas em Luxemburgo ou lavar dinheiro na aquisição de fazendas e gado subfaturado. Além do mais, as licitações públicas reservarão quotas para corruptos com necessidades especiais.
O suporte à popularização da corrupção não deve se limitar ao incentivo à alta e média corrupção. Para os corruptos em estado de vulnerabilidade, o Estado deve, além das bolsas Chanel e Hermés, patrocinar cursos rápidos de emissão de notas frias, viagens aos paraísos fiscais, entre outras medidas de educação para a corrupção.
Além das medidas, todos os poderes devem colaborar com o esforço nacional em favor da corrupção.
O Supremo Tribunal da Corrupção declarou ao Observatório da Corrupção que vai preparar juízes mais corruptos, elevando o nível das maracutaias conforme as instâncias, tabelando os preços de desembargadores e ministros, de modo a dar segurança jurídica na corrupção.
A Ordem dos Corruptos do Brasil aceitou o desafio. Promoverá um amplo debate entre os profissionais a fim de que os associados roubem mais e melhor, escondam o patrimônio furtado e multipliquem o conhecimento de colaboração premiada, caso haja qualquer percalço não previsto.
Até mesmo deputados e senadores entraram na campanha. Semana passada, um grupo que se denominou Frente para a Corrupção Sustentável apresentou uma carta aberta para alterar a lei.
Agora, a propina na liberação de emendas parlamentares será de, no máximo, 15%, um avanço na distribuição global de dinheiro ilícito.
Além disso, os políticos estaduais prometem não usar pesticidas na plantação de laranjas de empresas que são beneficiadas por processos de chamamento público.
Vereadores e prefeitos montaram uma "frentinha corrupta", a fim de somar esforços para que sejam transparentes e zelosos com os peculatos da administração municipal.
Somente assim, com o empenho de todos, teremos corruptos melhores, mais preparados e socialmente responsáveis, prontos para praticar uma corrupção sustentável, transparente e eficiente, tudo o que se espera do Brasil no futuro.
* Eduardo Mahon é advogado e escritor em Cuiabá.
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