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Artigos Terça-feira, 31 de Outubro de 2017, 11:07 - A | A

Terça-feira, 31 de Outubro de 2017, 11h:07 - A | A

OPINIÃO

O Sectarismo do grande empresariado mato-grossense

por Antonio Wagner Oliveira*

Semana passada na galeria da Assembleia Legislativa de Mato Grosso/ALMT, cumprindo o mister de dirigente sindical, acompanhando a votação da PEC 10 (PEC do Teto de Investimentos), que têm sido falsamente vendida como a solução para as finanças de mato grosso e da dívida pública.

Eis que nos deparamos com cerca de 10 a 15 grandes empresários do nosso estado, na última fila de cadeiras da galeria da AL, todos de terno e sisudos, como que num gesto de desafio às centenas de trabalhadores/as do serviço público que ocupavam aquele espaço democraticamente, em sinal de protesto.
Após uma suposta convocação pelas mídias sociais, feita por um empresário, para que os líderes empresariais estivessem na AL para apoiarem a PEC do Pedro Taques, eis que lá estavam alguns dos maiores representantes do PIB de Mato Grosso, fazendo as vezes de governistas, sem levar em consideração o que gritavam os trabalhadores lá presentes, sem sequer querer ouvir suas explicações.

Tentei educadamente me aproximar e dialogar com o grupo. Aproximei e agaixei-me na inocente ideia de estabelecer um diálogo olho no olho, gentil e técnico, sobre as responsabilidades da dívida pública e sua gênese. Além de quais as soluções que não a reução de investimentos.

Quando pergunto se eles entendem que a dívida pública tira recursos diretamente da economia de mato grosso, quando pagamos em 2016 mais de R$ 900 Milhões em juros e amortização, enchendo os bolsos dos banqueiros. Que com isso quem perde são eles mesmos e seus negócios aqui no estado!. De repente um deles, deselegantemente, ergueu sua voz cheia de empáfia e, se dirigindo a mim grosseiramente, disse que não estavam ali para conversar. Preferi me retirar para evitar confusões.

Ora vejam, os dignos “homens de bens”, no PARLAMENTO estadual, na CASA DO POVO, não estavam ali para dialogar.
E para quê lá estavam então? Para desafiar os trabalhadores? Para mostrar que suas lideranças patronais são mais fortes que as lideranças sindicais dos trabalhadores e que são eles que mandam nos deputados? Para afrontar as dificuldades de cada família que lá estava a protestar, com receios reais de terem seus salários afetados, achatados e prejudicar o bem-estar de seus dependentes?.

E essa maldade apenas para manter a dívida como está, sem contestá-la na justiça, sem auditá-la como poderia, sem tomar medida senão PAGAR E PAGAR E PAGAR juros por DÉCADAS, como estamos fazendo desde de antes de 1997, quando esta foi federalizada por outro liberal como aqueles distintos empresários, o senhor FHC?!.

Causa-me espanto e estranheza o sectarismo do empresariado Mato-Grossense, onde aqueles senhores eram apenas o espelho dos demais. Não me causa estranhamento a truculência, a anti-democracia e empáfia, isso não!.

Causa-se espanto a falta de visão e conhecimento de estado, que não compreendem que a dívida pública tira dinheiro da economia local para mandar para os EUA, numa evasão de riquezas absurda e ilegal, quando paga mais de R$ 300 Milhões em juros ao Bank Of América somente em 2016, e se mantém a dever sabe-se lá até quando, um passivo de quase 2 BILHÕES.
Lembrando que a venda de R$ 400 MILHÕES de parte da dívida que se transformou em quase R$ 2 BILHÕES quando não se previu em contrato a possibilidade de variação do dólar, e expandiu a tais valores o passivo inicial, foram os mesmos deputados que estavam ali aprovando a PEC do Pedro para escamotear suas responsabilidades.

Estranha-me não entenderem que outros cerca de R$ 2 BILHÕES E MEIO da dívida pública são valores oriundos dos empréstimos para as obras hiperfaturadas e mal feitas da copa, devidamente autorizadas pelos Deputados de 2010 e reeleitos em 2014. Os mesmo que ali estavam votando para ROLAGEM de parte dessa dívida pública por meros 3 anos e, apenas, suspender o pagamento dos juros e amortizações no montante total, deixando isso para logo ali adiante.
A não ser que os empresários de mato grosso, todos eles, sejam SÓCIOS de bancos nacionais, de fundos de investimentos detentores de altas somas de títulos do tesouro, ou que sejam sócios proprietários do Bank Of América, para estarem a defender a manutenção da dívida pública como está, satisfatória em demasia aos BANQUEIROS, e só assim estarem LUCRANDO com ela, ou nossos empresários não passam de homens ricos e de visões limitadas.
Fato é que alguns que ali estavam vendem milhões em mobiliários ao estado há décadas, além de ter empresa terceirizadora de mão de obra em algumas secretarias, o que justifica não querer novos concursos como prevê a PEC do TETO.

Não só, tal empresário foi acusado pelo Ex-secretário de Fazenda Nadaf de pagar propina para ter INCENTIVOS FISCAIS concedidos. Assim, faz sentido estar a defender o governo, pois é um dos seus patrões e “chupins” do estado.

Agora o que não podem são grandes empresários apoiarem essa visão caolha que permitiu até aqui a evasão de cerca de mais de R$10 BILHÕES em juros e amortização de juros somente na última década.

Dinheiro que poderia servir para investir em logística, melhorando o valor do frete, ou em escolas, diminuindo assim a criminalidade, ou em saúde pública, fazendo com que aos trabalhadores sobrasse mais dinheiro para consumir no comércio; ou mesmo para dar aumento aos trabalhadores do estado, que gastam seu suado dinheiro nos estabelecimentos comerciais daqui, nos bares e restaurantes das cidades, nos hotéis e pousadas mato grosso adentro.
O sectarismo não permite aos empresários ou, pelo menos à representação de classe destes, perceber que a dívida pública sem auditoria e sem contestação judicial apenas serve ao sistema financeiro, aos banqueiros e rentistas. Não serve ao povo ou ao empresariado de Mato Grosso. Inclusive este perde duas vezes, quando em função dos bancos terem garantia de dinheiro sem muito esforço, não disponibiliza crédito barato aos empreendedores e pequenos e médios, pois seu estoque de caixa está garantido pelo Estado pagador de juros cativos.

Perde ainda quando parte significativa das receitas do estado são mandadas para fora deste, para pagar juros aos banqueiros nacionais e internacionais.
Ou seja, nossos empresários ao defender a PEC do Teto do Taques, preferem que bilhões de reais saiam da economia local e sejam direcionadas aos banqueiros, mantendo o discurso de ódio de classe, o discurso do estado mínimo em direito e máximo em benefícios. Além do discurso contra os servidores de carreira e, com isso, causam prejuízo a toda cadeia econômica do estado.

Nossos pequenos e médios empresários estão sendo enganados pelos seus líderes empresariais, o grande empresariado, que ao se refestelarem de pedaços de estado, seja em incentivos ou em terceirizadoras de mão de obra, tirando espaço inclusive dos servidores concursados, deixam os que realmente geram empregos (pequenos e médios), renda e impostos, a mercê de si mesmos, lutando contra a burocracia intransponível, a falta de créditos baratos. E o pior, os faz crer que tais posições políticas os beneficiam, quando tiram dinheiro de nossa economia para exportar juros.

Desta forma, BILHÕES que deveriam estar girando na economia local, vão para fora para saciar o sistema financeiro. Quando somente do Imposto de Renda (IRRF), os servidores deixam cerca de R$ 01 bilhão nos cofres do estado, que deve passara contabilizar tal valor como receita, já que não o faz, mesmo sendo descontado DIRETO DA FOLHA. Não só, somente de salários, os servidores do executivo deixam mais de R$ 600 Milhões ao mês na economia de Mato Grosso, devolvido em tributos ao próprio estado no consumo de produtos e serviços. E ainda somos taxados de vilões?!

O que causa mais estranheza são os políticos que surgiram como NOVIDADE, como renovação e transformação, estarem a compactuar com os erros de gestão do passado.

É uma pena e, uma decepção!

ANTONIO WAGNER OLIVEIRA é advogado, servidor público da Área Meio e está como Diretor Jurídico do SINPAIG/MT e Vice-Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT (CSB/MT) e membro da Executiva Nacional da CSB, também é membro fundador do Núcleo pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública de Mato Grosso/ACDMT.

 

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