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Artigos Segunda-feira, 22 de Abril de 2024, 13:28 - A | A

Segunda-feira, 22 de Abril de 2024, 13h:28 - A | A

Edina Araújo*

Negligência com vulneráveis e olhos fechados para desmatamento em Barão de Melgaço: grandes marcas do governo de MT

por Edina Araújo*

O Estado de Mato Grosso, reconhecido internacionalmente por sua biodiversidade exuberante e pela significativa parcela de Floresta Amazônica presente em seu território, enfrenta um desafio crescente: o desmatamento ilegal. Nesse cenário alarmante, destaca-se um caso que expõe não só a inércia do governo do Estado como também põe em dúvida o compromisso com os mais vulneráveis.

No centro dessa controvérsia encontra a fazenda de Claudecy Oliveira Lemes, pecuarista sob investigação por supostamente liderar extensas operações de desmatamento químico. Mais de 81 mil hectares foram devastados por produtos químicos cuja periculosidade é comparável a métodos de guerra do Vietnã. A extensão do dano equivale aproximadamente à área da cidade de Campinas, em São Paulo, que conta com mais de 1 milhão de habitantes. Um crime ambiental de tal magnitude deveria chamar atenção, mas, surpreendentemente, não o fez.

A incompetência e a falta de fiscalização do governo de Mato Grosso diante desse caso são alarmantes. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que já tinha conhecimento desde 2023, parece ter negligenciado um dos maiores desastres ambientais recentes da região. Como é possível que, em um Estado que se diz tão comprometido com a vigilância de seu ecossistema, uma devastação de tal escala permaneça despercebida? Um governador que propala tolerância zero para crime ambiental, não viu uma devastação desta proporção?

O governador Mauro Mendes, em vez de enfrentar essa questão crucial, parece distraído com outras preocupações. Recentemente, durante uma audiência pública promovida pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a lei da pesca no Estado, ele ressaltou a situação precária dos pescadores em Barão de Melgaço, município que, segundo ele, possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. Embora seja importante atender às necessidades dos mais desfavorecidos, é crucial também confrontar as causas subjacentes dos desequilíbrios ambiental e social.

Em um de seus argumentos, atribuiu o baixo IDH e a dependência significativa dos moradores de Barão de Melgaço aos benefícios do governo federal. No entanto, omitiu deliberadamente a incapacidade de seu governo em implementar políticas públicas no município e fiscalizar o desmatamento desenfreado que está ocorrendo bem a vistas de seus olhos, já que parece conhecer bem a realidade de Barão de Melgaço. Quando questionado pela reportagem do oticias, sobre as ações empreendidas para melhorar esses índices alarmantes em Barão de Melgaço, Mendes falhou em fornecer uma resposta concreta, prometendo apenas enviar informações posteriormente, o que, até o momento, não aconteceu.

A indignação se intensifica ao descobrir que o governo de Mato Grosso não apenas falhou em conter o desmatamento ilegal, mas também, aparentemente, o financiou. O deputado Ludio Cabral, do Partido dos Trabalhadores, revelou na Assembleia Legislativa que foram liberados recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para o pecuarista acusado de desmatamento.

Além disso, o senador Jayme Campos (União) em seu discurso na Comissão do Meio Ambiente do Senado, do qual é relator, destacou a incompetência do governo do Estado em fiscalizar o Pantanal e destacou a ineficiência das ações, chagando a classificar como “mentira” a fiscalização do Estado.

Essa sequência de eventos coloca em xeque as prioridades e a integridade do governo de Mato Grosso. Enquanto os pescadores enfrentam a luta pela sobrevivência com salários mínimos e benefícios governamentais, parece que o governo está mais empenhado em satisfazer os interesses dos grandes pecuaristas do que em proteger o meio ambiente e assegurar o bem-estar das comunidades locais, das quais ele mesmo sabe das dificuldades.

Fica evidente que a retórica do governo de Mato Grosso sobre proteção ambiental e preocupação com os menos favorecidos não passa de uma fachada. Tudo indica, que as tais declarações de Mauro Mendes sobre tolerância zero para desmatamento e a atenção aos menos favorecidos são meramente superficiais e mais uma das inúmeras propagandas que não refletem a realidade!

8Edina Araújo é jornalista e diretora do VGNOTICIAS

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