Por Edina Araújo*
Após a conclusão de qualquer processo eleitoral, espera-se que a transição de poder seja conduzida com maturidade e respeito pelo resultado das urnas, independentemente das convicções pessoais dos envolvidos. No Brasil, a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro tem gerado debates acalorados e até preocupações quanto à sua postura. A recusa de Bolsonaro em aceitar a derrota nas últimas eleições e sua insistência em instigar segmentos da sociedade contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, evidenciam uma resistência que transcende a disputa política, adentrando um terreno perigoso para a estabilidade democrática do país.
Mais preocupante ainda é o uso de expressões carregadas de emoção e simbolismo religioso e patriótico, como "Deus, pátria e família", que parecem ser empregadas mais como ferramentas retóricas para mobilizar bases eleitorais fanáticas do que como princípios norteadores de uma prática política ética e construtiva. O medo, a ignorância e Deus são usados para manipular as pessoas. Até quando, Bolsonaro?
É imperativo que você reconheça que seu tempo como presidente acabou e que o país agora está sob outra liderança. A insistência em não reconhecer os resultados eleitorais e em fomentar um clima de constante antagonismo não contribui para o avanço do Brasil. Ao contrário, isso apenas atrasa o progresso, ao ocupar o espaço público com disputas já resolvidas pelas vias democráticas.
Como ex-presidente, você tem, diante de si, uma oportunidade de ouro para redirecionar sua carreira e capital político. Engajar-se em atividades que promovam a educação, o desenvolvimento sustentável, a redução da desigualdade ou mesmo a participação em fóruns internacionais, por exemplo, poderiam ser maneiras valiosas de contribuir para a sociedade e ajudar a curar as divisões que seu mandato e suas ações subsequentes ajudaram a cavar.
A história política do Brasil já é rica em exemplos de ex-líderes que encontraram novos caminhos após deixarem o cargo. Você, Bolsonaro, poderia buscar inspiração nesses modelos, redefinindo sua imagem e legado para algo que, de fato, ressoe com os princípios que afirma defender.
O Brasil de hoje precisa de líderes que olhem para o futuro, reconheçam os desafios que estão por vir e trabalhem juntos para superá-los. A retórica vazia deve dar lugar à ação concreta. Por isso é hora, Jair Bolsonaro, de virar a página, aceitar o resultado das eleições e começar a trabalhar — de verdade — pelo bem do país. Afinal, o verdadeiro patriotismo está em colocar o país acima de interesses pessoais ou partidários.
*Edina Araújo é jornalista e diretora do site VG Notícias.
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