por João Edisom*
O ódio nunca foi e nem será uma boa conselheira. Não há nação nenhuma no mundo que se construiu solidamente a partir de governos raivosos ou magoados. Ao contrário, se pensarmos nos grandes lideres da humanidade, são pessoas que esbanjavam amor, compreensão, respeito, resiliência e uma boa dose de competência. Mas há um bom tempo o Brasil e o brasileiros vivem sobre a égide do ódio. Quando o odiado morre, o odioso morre junto e tudo se acaba, o ódio destruiu e ainda destroem nações inteiras.
Era junho de 2013 e iniciava no Brasil a Copa das Confederações, que marcaria para o próximo ano a Copa do Mundo e as eleições presidenciais, disputada em segundo turno onde presidente Dilma Rousseff foi reconduzida ao cargo para um segundo mandato disputado com Aécio Neves. Junto e misturado no meio disso tudo tem o 7 a 1 para a Alemanha e os escândalos das seguidas fases da Operação Lava Jato.
Por tudo isso esta eleição de 2014 não acabou com a votação final. Mesmo reconduzida ao cargo, Dilma não teve paz e o clima de campanha continuou no Brasil até a derrubada dela por impeachment. Parafraseando Santo Agostinho, “com a corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma”.
Os quatros mandatos consecutivos do Partido dos Trabalhadores, atingido em cheio pelas mazelas reveladas pela Lava Jato, não foi, em nenhum momento, reconhecido. Pelo contrário, seus dirigentes nunca fizeram um pedido de desculpa público ao brasileiro. Soma-se a isso a repetição de histórias em forma de mantras incessantes pela militância que humilhou uma grande parcela de brasileiros que são mais ou menos informados e extremamente explorados pelo Estado (trabalho e impostos) justamente por estarem esmagados entre as divisões das classes sociais. Não há doente mais incurável do que aquele que não reconhece a sua doença (Santo Agostinho).
Michel Temer assumiu mas não governou. O Joesley Batista não deixou. Foi dentro deste clima e por causa dele que emergiu Jair Bolsonaro. Ele se fez notar por proferir frases duras, impetuosas e, na maioria das vezes, extremamente grosseiras contra pessoas que o Brasil estava odiando. Daí a empatia pelo falar tosco, desaforado e até combativo, mas sem conteúdo. A campanha piora tudo quando o mesmo Bolsonaro é covardemente atingido por uma facada quase mortal. Até hoje muito mal explicada.
A eleição de 2018, construída com muito ódio de ambos os lados, não acabou. Venceu quem demonstrou mais raiva. A campanha continua mesmo após a posse e alimentada por todos os lados, mas super potencializada nas falas do próprio presidente e sua militância. A obsessão cega. Parafraseando Santo Agostinho, “não causa aborrecimento imitar aquilo que te dá prazer elogiar”. Muitos imitam o ódio por prazer.
Para São Tomás de Aquino, “não se opor ao erro é aprová-lo e não defender a verdade é nega-la; e a nossa negligência em defender a verdade, quando podemos fazê-lo, é tão pecado quanto incentivar o erro”. O próprio São Tomás de Aquino escreveu a respeito de “temer um homem de um livro só”. E estamos ainda lendo somente o livro do ódio que sentimos. Ódio de quem perdeu, ódio de quem ganhou!
*João Edisom - sociólogo e articulista político
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