Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a população brasileira está envelhecendo de forma constante e acelerada. Daqui a aproximadamente 90 anos, mais de 40% dela serão de pessoas idosas. A grande questão é avaliar se estamos preparados para esse processo natural, principalmente no mercado de trabalho e em ambientes corporativos.
Os números apontam ainda que, em dez anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população. Em números absolutos, esse grupo etário saiu de 22,3 milhões para 31,2 milhões, um acréscimo de 39,8%. Essa mudança na estrutura etária revela o que intuitivamente já sabemos: há cada vez mais pessoas idosas ativas no mercado de trabalho.
Na prática, o que podemos fazer? Primeiramente, refletir sobre os aspectos que o envelhecimento abrange nos campos físico, emocional e social, e nos preparar para isso, planejar nosso futuro. Também é necessário ampliar e fortalecer o debate social sobre o tema para que possamos nos educar quanto ao processo e, com isso, diminuir estereótipos e preconceitos.
O que não tem remédio, remediado está, diz o ditado. Se a tendência natural é o envelhecimento da população brasileira, precisamos encontrar um jeito de abarcar toda essa diversidade e amenizar os conflitos das gerações no ambiente corporativo. Reconhecer e valorizar as diferenças é o primeiro passo, afinal, há pontos fortes em todas as gerações, desde a mais à menos formal.
A geração de veteranos (1925/1944), por exemplo, tem uma ampla experiência acumulada com conhecimentos valiosos sobre a história e o funcionamento da empresa. Também vivenciaram mudanças significativas no ambiente de negócios ao longo de suas carreiras e essa bagagem pode ser transmitida para as gerações mais jovens e ajudar a orientar as decisões estratégicas.
Hoje, os principais cargos de liderança ainda são ocupados por Baby Boomers (1945/1960) e X (1961/1980) (diretores executivos, gerentes ou supervisores, cargos de gerência intermediária ou de nível sênior), pois são eles que acumulam vasta experiência e conhecimento para contribuir nas tomadas de decisões estratégicas e no direcionamento dos negócios.
Como nasceram com a internet, a geração Y/Millenials (1981/2000) é aquela com maior habilidade para desempenhar papéis em áreas como marketing digital, mídias sociais, desenvolvimento de produtos e inovação. Sua familiaridade com a tecnologia e a criatividade vem contribuindo para impulsionar a transformação digital e o desenvolvimento de novas soluções.
Já entre as gerações Z (2001) e Alpha (2010), o quesito tecnologia, flexibilidade e agilidade pesam muito mais no cotidiano, além disso, eles são muito bons com desenvolvimento de aplicativos, análise de dados, mídias sociais e marketing digital. Ainda possuem capacidade de aprender rapidamente e de forma autodidata, aproveitando recursos online, cursos e tutoriais.
Mesmo que a diversidade possa favorecer sua empresa, nem tudo são flores. Como a maioria dos cargos de liderança ainda está nas mãos de gerações que tendem a ser mais conservadoras e que valorizam métodos e processos, bem como têm valores vinculados ao trabalho duro, à dedicação e à estabilidade, isso provoca um choque na convivência com os mais jovens, que normalmente optam por qualidade de vida e flexibilidade.
Pensando nisso e em todas as divergências existentes entre essa geração e as outras, como construir um relacionamento entre elas? Como é que um gestor da geração X pode coordenar de maneira efetiva uma equipe de Millennials? Como ter um bom relacionamento entre as gerações que trabalham juntas?
Vamos partir do pressuposto que não existe “certo ou errado” ou “melhor ou pior”, mas fatores que influenciam na forma como vemos o mundo e agimos nele. Cada geração tem uma perspectiva de ver a vida, valores e visões conforme idade e experiência. Para lidar com todas as mudanças, é necessário abandonar o “campo de batalha” e aprender a falar, a se comunicar e a fazer “combinados”.
Assim, que possamos abraçar cada fase da vida com gratidão e coragem, e lembrar que, no fim das contas, a idade é apenas um número. O que realmente importa é a maneira como vivemos, amamos e deixamos nosso legado para as gerações futuras. Viva cada fase da vida com paixão, compaixão e alegria, pois o envelhecimento é uma benção que nos permite crescer e florescer de maneiras inimagináveis.
Cristina Ohara, psicóloga, consultora em RH, especialista em Processo Seletivo e Avaliação Comportamental, pós-graduada em Gerontologia pela Faculdade Israelita Albert Einstein com atuação nas áreas de etarismo, longevidade, relações intergeracionais e psicologia do envelhecimento.
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