por Eduardo Gomes*
Sexta-feira, 13 deste abril. Enquanto americanos britânicos e franceses com mísseis e jatos cobriam com mais trevas a noite síria num ataque àquilo que seria a estrutura para fabricação de armas químicas, o povo rondonopolitano em festa celebrava a conquista da tão sonhada Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) numa audiência pública do Senado com a Assembleia e a Câmara Municipal. Naquela data duas situações diametralmente opostas reforçavam minha convicção: não há dia aziago, por mais que a sombra da guerra o envolva, pois simultaneamente, em outro lugar, o sopro da paz move a mente e pulsa o coração humano.
Em tempo real acompanhamos a tragédia síria, iniciada há sete anos como peça da engrenagem da Primavera Árabe, que eclodiu em 18 de dezembro de 2010 afunilando o descontentamento asiático e africano contra suas ditaduras. Na Síria esse enfrentamento fratricida matou mais de 400 mil cidadãos – milhares eram crianças – e o ditador Bashar al-Assad não hesita em lançar gases letais contra seu povo.
Nesse mesmo mundo, mas obviamente sem o destaque dado a Síria, na mesma data dos ataques com mísseis, Rondonópolis em paz entrelaçou-se num abraço comemorando sua universidade, que ganhou sopro de vida e alinhava a estrutura que precisa. O grande salão do Caiçara Tênis Clube ficou pequeno para a audiência pública, com tanto calor humano, tanto sorriso da mais pura felicidade, tanto grito abafado de vitória, tanta lágrima de alegria. Nossa população tinha razão de sobra para vibrar, pois naquele dia de guerra e paz mundo afora, nas barrancas do Poguba que passa ficando rumo ao Pantanal, o que se celebrava era o fortalecimento de uma instituição geradora de conhecimento, ciência e pesquisa.
Enquanto o milenar povo sírio morria sob os efeitos de gases e de mísseis, a jovem população da terra dos meus filhos Luiz Eduardo e Agenor, unida, agradecida e feliz reverenciava um de seus maiores líderes políticos de todos os tempos, o senador rondonopolitano Wellington Fagundes, que faz da UFR uma de suas bandeiras de luta. Wellington foi o autor da audiência e a conduziu.
A data que a tantos assusta, passou, mas a guerra na Síria continua tanto quanto a luta pela cristalização da UFR. Peçamos a Deus pelos irmãos sírios e por nossa universidade, que nasce com o DNA coletivo de Rondonópolis sem excluir ninguém. Citar quem botou a mão na massa por essa conquista seria temerário por conta de eventuais omissões involuntárias. Mesmo assim, é preciso reconhecer a luta de Dom Osório Stoffel, o sonhador com o ensino superior; de Áureo Cândido Costa e William Moraes, que doaram 60 hectares para o campus; do Professor Tati pelo conjunto de sua obra; e de Wellington por sua atuação parlamentar por nossa universidade. De braços abertos esperamos o amanhã que será a boa safra da semente ora lançada.
*Eduardo Gomes de Andrade é jornalista
[email protected]
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