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Artigos Terça-feira, 12 de Dezembro de 2023, 11:34 - A | A

Terça-feira, 12 de Dezembro de 2023, 11h:34 - A | A

Dra. Giovana Fortunato*

Como o HIV afeta as mulheres?

por Dra. Giovana Fortunato*

O Dezembro Vermelho é o mês voltado para a conscientização e promoção do tratamento precoce da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), e de outras infecções sexualmente transmissíveis.

A trasmissão do HIV pode ocorrer por sexo oral, vaginal e anal sem camisinha; por compartilhamento de seringas e agulhas com sangue infectado; por meio de acidente ocupacional com material biológico de risco; por recepção de sangue infectado; para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação.

Ser uma mulher com HIV significa ter algumas preocupações específicas. Por conseguinte, muitas mulheres que sofrem da infeção pretendem saber de que modo esta afeta a sua fertilidade, a sua saúde reprodutiva e a sua menstruação.

Em primeiro lugar, o HIV, além de atacar o sistema imune, afeta o sistema hormonal, principalmente quando a carga viral é elevada.

Podendo provocar alterações na menstruação como, por exemplo, longos intervalos de tempo entre os períodos ou ausência da menstruação apesar de não estar grávida.

Pode ter ainda hemorragias prolongadas ou em excesso e após as relações sexuais. Deve informar o seu médico para que possa ser encaminhada para observação.

Outra consequência da infecção por HIV no sistema hormonal é a diminuição da produção de dois tipos de hormonas, os estrogénios e a progesterona, o que pode afetar a fertilidade, uma vez que dificulta a possibilidade de engravidar devido ao aparecimento precoce da menopausa e redução da reserva ovariana.

Um desses problemas é a Doença Inflamatória Pélvica (DIP) que pode ser causada por bactérias ou por infecções anteriores, por exemplo, Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) não tratadas, causando infertilidade por acometimento das trompas e aderências pélvicas.

A mulher com HIV é também mais vulnerável à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), o qual pode causar o desenvolvimento de células anómalas nas zonas genitais. Em alguns casos, a infecção resultará no aparecimento de verrugas genitais ou desenvolvimento de lesão no colo do útero, havendo como prevenção o uso da vacina nonavalente.

Portanto, todas as mulheres com HIV devem realizar exames periódicos para detectar a possível presença do vírus do papiloma humano (HPV).

Além disso, pode surgir herpes genital recorrente ou candidíase vaginal.

Uma das questões que uma mulher com HIV pode colocar é em relação à maternidade. Atualmente, os tratamentos antirretrovirais podem reduzir a carga viral para níveis não detectáveis que, em conjunto com um parto induzido (ou um parto natural sob determinadas circunstâncias), permitem ter um filho com um risco de transmissão muito reduzido.

Para engravidar, e se o seu parceiro não estiver infectado por HIV, existem métodos de reprodução assistida que reduzem o risco de transmissão do vírus ao membro do casal não infectado. Entre esses métodos, encontram-se a inseminação intrauterina ou a fecundação in vitro com microinjeção espermática. Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde certificaram em 2019 a capital paulista como a primeira cidade desse porte no mundo a conseguir eliminar a transmissão vertical do HIV. O reconhecimento é resultado da melhora da cobertura no atendimento pré-natal de qualidade. Em 2021, São Paulo recebeu a recertificação por manter, desde então, o alcance da meta. Devemos conscientizar e proteger essas mulheres que buscam assistência médica e estimular medidas de saúde pública.

*Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).

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