por Jairo Pitolé Sant"Ana *
Verdadeira barbárie, o cenário da última quarta-feira em Brasília, quando a Esplanada dos Ministérios se transformou num campo de batalha entre policiais e manifestantes, com 49 feridos. Um deles, um vendedor ambulante, foi atingido por um disparo no rosto. Oito ministérios foram depredados, dos quais dois incendiados (Agricultura, auditório; e Integração Nacional, piso térreo).
Uma manifestação, reunindo 45 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, ou 150 mil, segundo os organizadores (mesmo assim um dos maiores protestos desde o impeachment de Collor, em 1992), que começou pacífica.
O que chamou a atenção neste incidente, segundo o noticiado, foi o fato de, ao contrário de outros protestos, não ter havido a revista dos manifestantes que caminhavam pela Esplanada. Vários deles, portando "pedaços de paus, pedras, estilingues e escudos", se aproximaram facilmente dos prédios. Deu no que deu.
Ao que parece, houve falhas no serviço de prevenção - se deliberada ou não, só mesmo uma investigação aprofundada para descobrir realmente o que aconteceu.
Outro fato bizarro foi o jogo de empurra entre a Presidência da República e o presidente da Câmara dos Deputados. Enquanto o ministro da Defesa afirmava que a decisão de convocar as Forças Armadas partira de Rodrigo Maia, este se defendia, alegando ter ligado ao presidente pedindo que encaminhasse a Força Nacional (formada por agentes da Polícia Militar).
A assessoria do ministro, por sua vez, contra argumentou que, por não haver homens suficientes da Força Nacional, optou-se pelas Forças Armadas. Um comunicado lacônico, que não explicou, e nem pretendeu, nada.
O fato é que Temer está acuado. Até mesmo parte de sua base já não o apoia. No entanto, tenta a todo custo se manter no cargo. Embora parta para a desmoralização de seus delatores, sua situação é difícil. Quanto mais se defende, mas se incrimina, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para a instituição, o presidente cometeu crime ao receber um dos irmãos Batista sem nenhum registro oficial. Segundo a instituição, a Lei 2813/2013, em seu artigo 11, determina que "os agentes públicos deverão divulgar, diariamente, por meio da internet, sua agenda de compromissos públicos".
A OAB se baseia também no artigo 116, da Lei 8.112/1990: "São deveres do servidor público, levar as irregularidades, de que tiver ciência em razão do cargo, ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração (...)".
Temer não fez nada disso.
* Jairo Pitolé Sant"Ana é jornalista em Cuiabá
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