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em Los Angeles

Igreja Católica é condenada a pagar bilhões a vítimas de abuso sexual e reabre feridas de décadas de acobertamentos

O assunto veio à tona em 2002, em uma série de reportagens publicadas pelo jornal The Boston Globe. Um trabalho minucioso que ilustra a importância do jornalismo investigativo.

Redação/VGN

Em um dos maiores escândalos sexuais já enfrentados pela Igreja Católica nos Estados Unidos, a Arquidiocese de Los Angeles anunciou a indenização de mais de 1.300 vítimas de abuso sexual. Segundo informações do programa Fantástico, que foi exibido na noite desse domingo (27.10), o valor acordado, que ultrapassa R$ 8,5 bilhões, reflete o tamanho da tragédia vivida por essas vítimas, cujos abusos foram cometidos por mais de 300 padres e mantidos em segredo durante décadas.

A ação segue na esteira de uma série de revelações que começou em 2002, quando o jornal The Boston Globe publicou uma investigação que expôs o acobertamento de casos de pedofilia dentro da Arquidiocese de Boston. Sob a liderança do editor-chefe Marty Baron, a equipe de jornalistas do Spotlight descobriu que padres pedófilos eram sistematicamente transferidos de uma paróquia para outra, mantendo o ciclo de abusos enquanto as vítimas eram ignoradas.

Uma revelação histórica

O impacto do trabalho do Boston Globe, que inspirou o filme vencedor do Oscar “Spotlight: Segredos Revelados”, foi determinante para expor a cumplicidade das autoridades eclesiásticas. O então cardeal de Boston, Bernard Law, estava no centro do esquema de encobrimento, e documentos comprovavam que ele sabia dos abusos e trabalhou ativamente para evitar que os padres fossem responsabilizados. Após a denúncia, o cardeal renunciou, mas foi reassumido no Vaticano.

Desde então, outros casos de abuso têm sido revelados em várias dioceses nos EUA e em outros países. O jornalista Michel Rezendes, que liderou a investigação em Boston, ressaltou que o trabalho da imprensa ajudou a desmascarar um problema profundo na Igreja Católica, inspirando não apenas as vítimas a se manifestarem, mas também as instituições a reagirem.

A dor das vítimas e o silêncio das autoridades

Entre as muitas vítimas, Alexa Macpherson foi uma das que decidiram falar abertamente sobre o abuso que ela e dois irmãos sofreram durante anos. O agressor, um padre tailandês chamado Peter Kanchong, foi acolhido pela família de Alexa, que frequentava a paróquia onde ele atuava. “Eu fui molestada e estuprada repetidas vezes”, relembrou Alexa em seu depoimento. Mesmo após sua denúncia, o caso foi ignorado pelas autoridades locais e mantido em segredo.

“Todas essas instituições foram cúmplices: a polícia, o sistema de justiça e a própria Igreja”, afirmou Michel Rezendes, reforçando a rede de proteção que permitiu que o abuso persistisse.

Encobrimento e novos escândalos

De acordo com o The Boston Globe, a Igreja Católica norte-americana ainda enfrenta resistência em várias regiões, onde líderes religiosos tentam acobertar casos recentes. No ano passado, a própria Igreja Mórmon foi denunciada por Rezendes após ele descobrir que a instituição oferecia grandes somas para silenciar vítimas de abuso sexual.

A Arquidiocese de Los Angeles afirmou que reconhece o impacto dos casos revelados e se compromete a trabalhar em prol das vítimas. Em nota, a instituição declarou que o trabalho da imprensa foi fundamental para ajudar a Igreja a assumir os erros do passado e responder às necessidades dos sobreviventes.

A importância do jornalismo investigativo

O ex-editor-chefe Marty Baron, que coordenou a investigação no Boston Globe, acredita que o caso de Boston ilustra a importância do jornalismo investigativo e a função essencial da imprensa em uma sociedade democrática. “Nosso papel é examinar, investigar e desafiar o poder, principalmente quando ele silencia os mais vulneráveis”, disse Baron.

Atualmente, jornalistas do Boston Globe e outras grandes redações continuam a trabalhar em investigações que iluminam injustiças, mudam legislações e salvam vidas. Brendan MacCarthy, editor da equipe de investigação do jornal, enfatizou o compromisso com a verdade. “Fatos importam. Eles são o patrimônio do nosso trabalho”, afirmou. (Fantástico)

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