As exportações de soja de Mato Grosso, principal estado produtor da commodity no Brasil, registraram uma queda de 7,4% no acumulado de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) revelam que, até julho deste ano, o estado exportou 23,25 milhões de toneladas de soja, ante 25,11 milhões de toneladas no mesmo período de 2023.
Segundo o relatório do IMEA, a diminuição nas exportações de soja do estado contrasta com o cenário nacional, onde as exportações brasileiras da oleaginosa atingiram um recorde de 75,39 milhões de toneladas, impulsionadas principalmente pelas importações chinesas, que cresceram 9,68% neste ano.
A redução nas exportações de Mato Grosso é atribuída a dois principais fatores: a quebra de safra na temporada 2023/2024 e o aumento do consumo interno no estado. A quebra de safra ocorreu devido a condições climáticas adversas que afetaram a produtividade das lavouras. Já o aumento do consumo interno, principalmente pela indústria de esmagamento, reduziu a disponibilidade de soja para exportação.
"Esse declínio nas exportações está diretamente relacionado à menor oferta de soja disponível para o mercado externo, uma vez que mais grãos foram direcionados ao consumo doméstico", explica Cleiton Jair Gauer, superintendente do IMEA.
As exportações para a China, o maior comprador da soja brasileira, também foram afetadas. Houve uma redução de 7,01% nos envios de soja de Mato Grosso para o país asiático em relação ao mesmo período de 2023. Mesmo com a demanda crescente, os produtores mato-grossenses enfrentaram dificuldades para atender às necessidades do mercado chinês, que importou 55,23 milhões de toneladas de soja brasileira de janeiro a julho de 2024.
Apesar da redução nas exportações, as perspectivas para o restante do ano ainda são positivas. O IMEA projeta que Mato Grosso deve exportar um total de 26,98 milhões de toneladas de soja em 2024, o que, se confirmado, será o segundo maior volume já registrado pelo estado. Este cenário indica uma recuperação gradual das exportações nos próximos meses.
Os preços da soja também se mantêm favoráveis. Em julho, o preço médio negociado no estado foi de R$ 121,67 por saca, um aumento de 0,40% em comparação com o mês anterior. A valorização do dólar também contribuiu para o aumento dos preços futuros da soja, criando um ambiente mais atrativo para os produtores.
No contexto nacional, o Brasil continua a consolidar sua posição como um dos principais exportadores de soja do mundo. A alta no volume exportado pelo país é um reflexo do aumento das aquisições chinesas, que enfrentam dificuldades de oferta interna devido a questões climáticas e ao foco na segurança alimentar.
O setor agrícola de Mato Grosso enfrenta desafios significativos, mas também enxerga oportunidades. "Os produtores precisam se adaptar às mudanças climáticas e ao mercado interno em expansão, ao mesmo tempo em que continuam a atender à crescente demanda internacional", destaca Gauer.
O estado, que há anos lidera a produção e exportação de soja no Brasil, está em um ponto de inflexão. Os próximos meses serão cruciais para determinar se as exportações mato-grossenses vão recuperar o ritmo ou se a prioridade será atender às demandas internas.
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