O mercado físico do boi gordo no Brasil está passando por uma fase de grandes contrastes regionais. Enquanto estados como São Paulo registram aumentos nos preços, Mato Grosso enfrenta um cenário bem diferente, marcado por uma oferta abundante de animais e preços estagnados.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, Mato Grosso, junto com Pará, Rondônia e Acre, vive um momento de exceção. A grande quantidade de animais disponíveis para abate e as escalas confortáveis são fatores que mantêm um tom mais pessimista sobre os preços da arroba do boi gordo no estado. Atualmente, o preço da arroba em Mato Grosso está em R$ 206,84, abaixo dos valores observados em outras regiões como São Paulo (R$ 223,33) e Goiás (R$ 215).
A desvalorização do real tem aumentado o otimismo em algumas partes do país em relação a possíveis altas nos preços do boi gordo. Em Mato Grosso, no entanto, esse efeito não tem sido suficiente para impulsionar os preços de forma significativa. As escalas de abate mais apertadas em outros estados, como São Paulo, não se refletem na realidade de Mato Grosso, onde a oferta ainda é grande.
Apesar da lentidão atual, há uma expectativa de aumento nos preços da carne bovina durante a primeira quinzena de julho. Este período, tradicionalmente, é marcado por um maior apelo ao consumo, impulsionado pela entrada dos salários na economia. Segundo Iglesias, essa expectativa pode trazer algum alívio ao mercado de Mato Grosso, embora os efeitos ainda sejam incertos.
As exportações de carne bovina continuam impressionantes, com o câmbio favorável tornando os embarques ainda mais atraentes para os frigoríficos. No entanto, a influência positiva do câmbio não tem sido suficiente para alterar o cenário de abundância e os preços estagnados em Mato Grosso. O dólar comercial encerrou a última sessão em queda de 0,18%, sendo negociado a R$ 5,5079 para venda.
No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem acomodados. O quarto traseiro do boi é precificado a R$ 17 por quilo, enquanto a ponta de agulha e o quarto dianteiro permanecem em R$ 12,50 por quilo. A estabilidade dos preços no atacado reflete a lentidão do mercado interno, que aguarda um possível aumento no consumo nas próximas semanas. (Canal Rural)
