O agronegócio brasileiro atravessa um momento de incerteza com o início da nova gestão de Donald Trump nos Estados Unidos, avaliam analistas econômicos. Segundo analistas, durante seu primeiro mandato, o republicano trouxe benefícios significativos ao Brasil devido à guerra comercial entre os EUA e a China. As tarifas impostas por Trump sobre produtos chineses levaram a China – maior compradora de soja do mundo – a aumentar consideravelmente suas aquisições do Brasil, que passou a fornecer mais de 70% de toda a soja consumida pelo país asiático.
No entanto, analisam que o cenário atual apresenta menor previsibilidade. Durante a campanha eleitoral, Trump indicou a possibilidade de retomar as taxações contra a China, o que poderia novamente favorecer os exportadores brasileiros. Entretanto, desde que tomou posse, ele não reiterou essa posição. A postura mais moderada adotada até o momento – incluindo o convite ao presidente chinês, Xi Jinping, para a cerimônia de posse – alimenta a percepção de um possível estreitamento das relações entre as duas potências.
Essa reaproximação entre EUA e China é motivo de apreensão para analistas e representantes do setor agropecuário brasileiro. Caso Trump opte por um acordo comercial em vez de uma nova guerra tarifária, o Brasil pode perder parte do espaço conquistado no mercado chinês.
Impactos no agronegócio brasileiro
Conforme analistas, os Estados Unidos figuram como um dos principais concorrentes do Brasil no fornecimento de produtos agropecuários, ao mesmo tempo em que são também importantes compradores. O mercado norte-americano absorve volumes expressivos de carne bovina, café e suco de laranja brasileiros, entre outros produtos. No entanto, a dependência brasileira desse mercado é maior do que a dos Estados Unidos em relação ao Brasil, tornando o setor agropecuário nacional mais vulnerável a eventuais mudanças nas políticas comerciais norte-americanas.
Outro aspecto a ser observado é a volatilidade dos preços. Mesmo que o Brasil consiga manter seus volumes de exportação, os valores pagos pelos produtos podem sofrer oscilações significativas, dependendo das ações do governo dos Estados Unidos. A incerteza em torno da abordagem protecionista de Trump e de sua estratégia frente à China eleva ainda mais esse nível de preocupação.
Expectativas e relacionamento com a China
Apesar das incertezas, representantes do setor agropecuário brasileiro destacam que as relações comerciais entre Brasil e China se fortaleceram em comparação ao início da gestão anterior de Trump. A China reduziu sua dependência de alguns produtos norte-americanos e mantém uma parceria próxima com o Brasil, o que pode contribuir para preservar parte do espaço já conquistado.
Ainda assim, os próximos meses serão decisivos para compreender o impacto das políticas norte-americanas no agronegócio brasileiro. O setor permanece atento às movimentações de Trump e às possíveis negociações entre Estados Unidos e China, que podem influenciar os rumos do mercado global de commodities agrícolas.
Cenário atual
Com a ausência de sinais claros sobre uma eventual retomada das taxações contra a China, o agronegócio brasileiro enfrenta um panorama mais incerto em comparação à gestão anterior de Trump. Embora exista a possibilidade de estabilidade nas exportações para a China, o setor permanece em alerta quanto aos potenciais impactos em preços e volumes. Até que haja maior clareza nas diretrizes comerciais dos Estados Unidos, o clima será de cautela e apreensão.