26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024
 
menu

Editorias

icon-weather
lupa
fechar
logo

Variedades Segunda-feira, 20 de Agosto de 2018, 08:24 - A | A

Segunda-feira, 20 de Agosto de 2018, 08h:24 - A | A

Pânico

Trabalhar na UPA vira punição para profissionais de saúde

Extra

Reprodução

Um enfermeiro foi mordido no braço por uma paciente na UPA

 

A violência que cerca a UPA inaugurada há quatro anos na comunidade de Costa Barros, na Zona Norte, tem sido agravada pela precariedade nas condições de atendimento. Ali, não são raros os casos de profissionais de saúde agredidos e ameaçados por traficantes. E há dois meses, sem receber repasses da prefeitura, a unidade sofre com equipes desfalcadas e estoques críticos de medicamentos e insumos, racionados para uso de pacientes internados e que chegam em estado grave. Não é à toa que trabalhar na unidade cravada de tiros por dentro e por fora virou sinônimo de punição.

Com o salário de julho atrasado, a organização social (OS) Iabas, que administra as UPAs de Costa Barros, Vila Kennedy e Madureira, tem dificuldade para reter e contratar profissionais. A solução tem sido remanejar funcionários para a unidade mais desfalcada, Costa Barros. Os critérios para escolher quem vai para lá, segundo mensagem de WhatsApp de uma coordenadora, são: “faltas, excesso de atestados, insubordinação”. Ela avisa ainda: “O RH já fez esse levantamento e não me deu muita opção”.

— Estamos em pânico. Tenho colegas que nem conseguem dormir com medo de serem mandados para Costa Barros — contou uma profissional de enfermagem da UPA Madureira, que prefere se manter anônima.

O medo não é sem razão. No sábado, dois funcionários da UPA Costa Barros foram agredidos por uma paciente, que mordeu o braço de um enfermeiro e jogou um suporte de ferro, usado para colocar soro, em cima de um técnico de enfermagem, além de quebrar um computador. De acordo com pessoas que trabalham lá, a revolta da paciente teria sido motivada pela falta de atendimento adequado, já que só casos considerados muito graves estão sendo aceitos.

Técnica de enfermagem foi jurada de morte - A agressão sofrida pelos funcionários no sábado não foi registrada na polícia, apesar de não serem raros esses episódios de violência. Há cerca de dois anos, uma técnica de enfermagem sofreu ameaças na mesma UPA.

— Fui jurada de morte por um bandido que estava drogado quando trabalhava em Costa Barros. Isso é comum lá, porque a unidade fica dentro da favela. Depois disso, tive síndrome de pânico e fiquei hipertensa — desabafa a técnica de enfermagem que pediu para não ser identificada.

A profissional afirma que não se surpreende com a agressão registrada no sábado na unidade: - — Quando eu trabalhava em Costa Barros, um traficante entrou na sala vermelha, ordenando prioridade no atendimento. A mulher alcoolizada estava sendo atendida, mas ele ameaçou a mim e a médica de morte. A médica abandonou o plantão na hora e pediu demissão e eu fui transferida de lá. Outra vez, num plantão noturno, um homem entrou com o filho doente e eu falei que não havia pediatra. Ele disse: “vou pegar um fuzil e voltar aqui e ver se não vai ter pediatra”. O porteiro da UPA, que mora na comunidade, conseguiu acalmou o homem.

Um médico que atende numa UPA municipal desabafa: - — Ao dizer que os repasses estão em dia e que está tudo normalizado, a prefeitura joga a população contra médicos e enfermeiros e acabam acontecendo agressões como a de sábado.

Presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze, afirma que a violência contra profissionais de saúde é uma epidemia:

— Pelo menos 50% dos médicos sofrem algum tipo de alteração psicológica por conta das situações de estresse ligadas às precárias condições de trabalho.

A Secretaria municipal de Saúde informou que trabalha com a Secretaria de Fazenda para regularizar os repasses e alguns pagamentos já foram realizados. Afirmou que não há orientação para restrição no atendimento. A OS Iabas não se manifestou.

Siga a página do VGNotícias no Facebook e fique atualizado sobre as notícias em primeira mão (CLIQUE AQUI).

Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).   

RUA CARLOS CASTILHO, Nº 50 - SALA 01 - JD. IMPERADOR
CEP: 78125-760 - Várzea Grande / MT

(65) 3029-5760
(65) 99957-5760