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Variedades Segunda-feira, 07 de Outubro de 2013, 10:24 - A | A

Segunda-feira, 07 de Outubro de 2013, 10h:24 - A | A

Rita Cadillac diz que foi estuprada pelo ex-marido e admite ter feito programas para sustentar o filho

Ela ainda fala sobre os filmes pornográficos que fez ao longo dos 40 anos de carreira.

do R7

Sentada no sofá de seu apartamento no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, Rita Cadillac repassa com o R7 as experiências vividas no reality A Fazenda 6. “Entrei para ganhar o prêmio e poder pagar a faculdade da minha neta. Só por isso”. Ela conta que quem participou do programa foi a Rita de Cássia Coutinho, e não a Cadillac. “Esse foi o meu mal. Por mais que eu mostrasse o meu lado mais mãezona não adiantava. De repente poderia ter caminhado mais um pouquinho e levado os R$ 2 milhões”.

Mas como não deu, Rita não desanimou. Aos 59 anos, a ex-peoa conta que ainda tem muitos planos, um deles, é começar um curso de teatro. Nesta conversa, Rita também fala da trajetória como ex-chacrete, do estupro e as ameaças sofridas pelo ex-marido, dos programas que fez para sustentar o filho, e relembra, ainda, as apresentações históricas que fez no garimpo de Serra Pelada, no norte do país, para 60 mil homens, e os shows que apresentou para presidiários em todo o Brasil.

R7 - Como você avalia sua participação na Fazenda 6?

Rita Cadillac: Entrei para ganhar o prêmio e poder pagar a faculdade da minha neta. Sópor isso. Visibilidade para quê? Meu mal foi ter ido como Rita de Cássia Coutinho, e não Rita Cadillac.  De repente poderia ter caminhado mais um pouquinho e levado os R$ 2 milhões. E por mais que eu mostrasse o meu lado mais mãezona não adiantava. Eles achavam que eu estava fazendo aquilo como personagem.

R7 - Você nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de junho, de 1954. Como foi sua infância?

Rita: Eu não conheci o meu pai. Ele teve leucemia e morreu 13 dias depois do meu nascimento. Minha mãe contraiu tuberculose quando me esperava. Fui abandona por ela quando nasci. Ela me levou para a casa da minha avó paterna e sumiu no mundo.

R7- Guardou mágoa dela?

Rita: Não. Mas o dia que eu a conheci não quis saber, não. Conheci minha mãe com 54 anos. Foi péssimo. Como é que você vai ter amor por uma pessoa que diz ser sua mãe, mas você nunca viu, nunca participou da sua vida? Aí aparece dizendo que eu estou rica e que eu tinha obrigação de sustenta-la? Essa questão sempre esteve muito presente em toda a minha vida.

R7 - Como foi ser criada pela avó?

Rita: Minha avó era revolucionária, vivia sendo presa. Ela me colocou para estudar em um colégio interno. Me criou muito livre, mas ao mesmo tempo era muita pressa em moral. Queria que eu me casasse virgem.

R7 - E isso aconteceu?

Rita: Com toda certeza. Casei-me aos 15 anos de idade com um homem [César Coutinho, já falecido] 10 anos mais velho que eu. E só uma semana depois é que fui fazer sexo com ele, isso porque ele me deu um porre e me estuprou. Depois ele foi preso. Roubava cartões de crédito, tinha uma gang. Uma vez ele anunciou que iria me matar. Apontou uma arma e disse: ‘Eu vou te matar’. Eu disse: ‘Mate você é homem’. Mas ele não conseguiu. Ele ainda me traiu com a madrinha do nosso casamento. Peguei os dois juntos e a partir desse dia ele nunca mais me tocou.

R7 - E desse estupro você engravidou. Como foi daí para frente?

Rita: Minha avó faleceu. Vi-me sozinha no mundo e fiquei apavorada. Peguei meu filho e o levei para casa da mãe do “falecido”, porque eu não tinha parente nenhum. Foi duro. Fui parar em um pensionato. Precisava me sustentar e foi aí que comecei a fazer programas. Quem me deu a ideia foi uma menina que morava comigo. Fui toda inocente, achando que era programa de televisão. Tanto é que nem teve a primeira vez, porque chorei muito. O cara olhou para a minha cara, me deu o dinheiro e disse que eu não levava jeito para ‘aquilo’. Não era a minha praia, mas mesmo assim fiquei quase um ano fazendo programas. Não me sentia à vontade. Pra mim isso sempre foi muito doloroso, mas não tenho vergonha de dizer. Assim como fiz filmes para adultos.

R7 - Algum arrependimento de ter feito esses filmes?

Rita: De jeito nenhum.  Mas eu tinha certeza que as portas iriam se fechar, o que não aconteceu. Tanto é que depois fui chamada para fazer programas na Globo. E na verdade, não foram filmes e filmes como dizem por aí. Fiz 20 cenas, uma delas com o [Marcos] Oliver, que depois foram colocadas em “milhões” de outras produções.

R7 - Fez filmes pornográficos também por causa de dinheiro?

Rita: Sim! Um dia eu cheguei para o meu filho [Carlos César] e abri o jogo. Disse que precisava de grana para ter uma casa. E ele concordou numa boa, dizia que ninguém iria pagar as minhas contas.

R7 - Nessa época seu filho era adolescente. Como foi para ele?

Rita: Meu filho sofreu bulliyng por causa disso. Foi expulso de vários colégios. Enquanto ele morava comigo eu nunca levei um homem para dormir em casa. Eu sou antiquada. Não sou moderninha como pareço ser. Mas achava que tinha que ter respeito com o meu filho.

R7 - Em 1973 você viajou para Porto Rico. O que aconteceu nessa viagem?

Rita: Tive um affair com Pelé. Nessa época ele jogava no Cosmos. Quem me apresentou foi a [transformista e atriz] Rogéria. Ele é um gentleman, tanto é que depois nós nos esbarramos várias e várias vezes e ele nunca abriu a boca para falar anda.

R7 - De volta ao Brasil você começou a trabalhar para o Chacrinha...

Rita: Sim! Foram oito anos muito bem vividos. Não ganhava praticamente nada [risos]. Nosso salário equivalia a um salário mínimo de hoje...

R7 - Como você avalia a performance da atriz Elizabeth Savalla, que em Amor à Vida, dá vida a uma ex-chacrete?

Rita: O Walcyr [Carrasco, autor da novela] fez uma chacrete fictícia, tentando, de certa forma, homenagear todas que existiram. Só que ele botou na Márcia Parachoque todas as dificuldades. A única coisa que eu tenho em comum com a personagem da Elizabeth Savalla é aquela coisa de bater a mão e dizer, ‘sai, despacho de encruzilhada’! [risos]

R7 - Outro fato marcante da sua vida foi o show que fez em Serra Pelada [garimpo no Norte do Brasil], em 1984, para 60 mil garimpeiros. Que recordação guarda dessa apresentação?

Rita: Eu sabia que seria a única mulher no lugar. Fiquei morrendo de medo, mesmo sabendo que havia 500 Federais para me proteger, mas se um dos garimpeiros falasse “come”, pronto. Ninguém chegou perto de mim. Foi um respeito. Fiz shows durante uma semana. Estava cantando e dançando quando comecei a sentir umas coisas no meu corpo. Virei e disse para o meu empresário: “Acho que não estou agradando. Eles estão jogando pedra em mim”. Ele virou e me disse: “Não é pedra, sua sonsa, é pepita! É ouro!” [risos]

R7 - No ano seguinte você começou a se apresentar em presídios, em especial no Carandirú [Casa de Detenção de São Paulo]...

Rita: Entrei no Carandirú em 1985 e sai de lá em 2002, quando implodiram. Nunca ganhei um real. Eu fui tonta... Lá eu dançava, cantava e brincava com os internos. Pouco me lixei para as críticas. Sentia-me bem fazendo aquilo. Porque não era caridade que eu estava fazendo. Eu tentava dar um pouco de alegria e um pouco de paz para aquelas pessoas.

R7 - A imagem da Rita Cadillac, toda a vida, sempre esteve ligada ao sexo. A Rita de Cássia é uma pessoa que gosta de sexo?

Rita: Ah, claro, com a pessoa que eu estou, com a pessoa que eu gosto, que eu sinto pele. Se deixar, fico a noite inteira ali, e no dia seguinte estou trabalhando, lavando um taque de roupa, achando lindo de morrer.

R7 - E hoje, está solteira?

Rita: À procura... Mas não quero arrumar encrenca na minha vida, não. Está bom do jeito que está. Namorar é uma coisa, mas essa história de casar, não! A vida inteira eu tive liberdade. Por mais que seja um casamento legal, você tem que acordar e dar satisfação. Não é isso que eu gosto. Eu só não faço mais merda desse gênero porque eu não dirijo. Senão eu pega o carro e saia pelo mundo. Eu quero curtir a vida, o máximo que eu posso. Eu tento desafiar o mundo, porque realmente eu desafio o mundo desde que eu nasci.

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