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Variedades Quinta-feira, 07 de Julho de 2022, 09:31 - A | A

Quinta-feira, 07 de Julho de 2022, 09h:31 - A | A

"me cuidando"

Klara Castanho faz 1ª publicação depois de carta aberta sobre estupro e gravidez

Atriz agradeceu o apoio recebido em um texto publicado nas redes sociais. Em junho, ela publicou uma carta depois de ter a sua história vazada de dentro do hospital.

G1

A atriz Klara Castanho se manifestou pela primeira vez nas suas redes sociais, nesta quarta-feira (6), depois de ter escrito uma carta aberta em que contava sobre ter sido estuprada, ter ficado grávida e optado pela adoção legal. Ela falou sobre o assunto após a sua história vazar do hospital.

Na publicação desta quarta-feira, Klara diz que tem enfrentado dias difíceis e que gostaria de agradecer o carinho que tem recebido. Ela contou que tem tido acompanhamento psicológico e tem trabalhado com profissionais para ajudá-la na preservação de seus direitos.

"Os últimos dias não foram fáceis, mas eu queria vir aqui para agradecer por cada palavra de amor, de afeto e de acolhimento que eu recebi e venho recebendo. Todo esse carinho tem sido muito importante para mim e eu precisava dividir a minha gratidão com vocês. Obrigada do fundo do meu coração."

"Eu sei que muitos de vocês estão preocupados comigo, mas quero dizer que estou me cuidando, fazendo acompanhamento psicológico e sigo cercada de profissionais que estão trabalhando para a preservação dos meus direitos."
"Quero agradecer a minha família, aos meus amigos, aos meus colegas de profissão, aos fãs que me acompanham e, também, a imprensa séria e responsável, que vem me respeitando durante esse momento. Com amor, Klara Castanho."

 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Klåra Cåstanho (@klarafgcastanho)

Com a denúncia de Klara de que houve vazamento de dentro do hospital por meio de uma enfermeira, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo anunciaram que estão apurando a ocorrência e "tomará todas as providências que lhe couber para a identificação dos responsáveis pelo vazamento de informações sigilosas pertinentes ao caso".

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também informou que está apurando a conduta da enfermeira que violou o sigilo profissional ao ameaçar e vazar dados da atriz Klara Castanho. As investigações correrão em sigilo.

A Promotoria de Justiça da Infância e de Santo André informou que todo o procedimento de entrega do recém-nascido para adoção seguiu integralmente o trâmite previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

'Relato mais difícil'

Na carta aberta, publicada em junho, Klara Castanho afirma: "Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e um trauma que sofri". "Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo."

Na publicação, a atriz conta sobre a violência sofrida e suas consequências. Ela diz ter sido abordada por uma enfermeira momentos após o parto, que ameaçou divulgar sua história. Logo em seguida, a atriz recebeu mensagens de um colunista. "Minha história se tornar pública não foi um desejo meu."

"Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos", diz a atriz.
A artista conta que não fez boletim de ocorrência na ocasião por se sentir envergonhada e culpada. "Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu. As únicas coisas que eu tive forças para fazer foram: tomar pílula do dia seguinte e fazer alguns exames", conta. "Somente a minha família sabia o que tinha acontecido."

Meses depois, segundo seu relato, ela começou a se sentir mal e, em meio a exames, descobriu a gravidez já em estágio avançado. "Foi um choque, meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso nem barriga", diz.

Klara foi exposta nas redes sociais

Klara Castanho

 

Klara afirma que, durante uma consulta, foi obrigada pelo médico a ouvir o coração da criança, o que considerou uma nova violação. "Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu", diz.

"O médico não teve nenhuma empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência. E mesmo assim, o profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo."
Ainda no fim de junho, com a carta de Klara, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que está apurando a conduta da enfermeira que violou o sigilo profissional ao ameaçar e vazar dados da atriz Klara Castanho. As investigações correrão em sigilo.

Entrega para adoção

Pela lei brasileira, Klara teria direito a fazer um aborto legal. Klara afirma, no entanto, que tomou a decisão de fazer uma entrega direta para adoção. A entrega voluntária para adoção está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e permite que a mãe entregue o filho para adoção em um procedimento assistido pela Justiça.

Segundo Klara, a criança nasceu poucos dias depois de a gravidez ser descoberta. A atriz afirma que entrou em contato com uma advogada e fez todos os trâmites legais.

"Tudo que eu fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei", afirma.

"A criança merece ser criada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha lembranças de um fato tão traumático."

Divulgação

Klara Castanho-atriz

 

Violência

Na carta, Klara conta ainda que, momentos após o parto, ainda sob efeitos de anestesia, foi abordada por uma enfermeira que ameaçou contar sua história a um colunista.

"Quando cheguei no quarto, já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido." A atriz não cita nomes e diz que foi procurada ainda por um outro colunista.

"O fato de eles saberem mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim nem pela criança", afirma.

Vazamento da história

Na carta que publicou, Klara conta que não queria expor esse episódio traumático. Mas sites e redes de fofocas trouxeram não só a história a público, mas também especulações e ataques à atriz. Tudo começou com um post do jornalista Matheus Baldi no dia 24 de maio, dizendo que Klara havia dado à luz uma criança. O post foi apagado a pedido da atriz.

Um mês depois, no dia 23 de junho, a apresentadora Antonia Fontenelle incitou ainda mais os comentários contra Klara na internet. Sem citar o nome da atriz, ela disse em uma live, em tom bastante agressivo, que uma atriz de 21 anos teria engravidado e entregue o bebê para adoção.

Foi depois disso que Klara decidiu se manifestar pela primeira vez, por meio da carta. Em seguida, o colunista Léo Dias, do site Metrópoles, publicou um texto detalhando o caso.

Segundo especialistas, tanto Léo Dias como Antonia Fontenelle podem responder por difamação.

Em post publicado no dia 25 de junho, a diretora de redação do Metrópoles, Lilian Tahan, afirmou que o site expôs de maneira inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal e que a matéria foi retirada do ar.

No dia 26 de junho, o colunista Léo Dias publicou um pedido de desculpas à atriz. Ele disse que não deveria ter escrito nem uma linha sobre a história ou ter feito qualquer comentário sobre algo a respeito do qual não tem o direito de opinar. Em vídeo, Antonia Fontenelle tentou se eximir de responsabilidade e não pediu desculpas.

 

 

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