Em entrevista coletiva de imprensa, o delegado da Polícia Federal e supervisor da GISE/MS, Lucas Vilela, ao detalhar o esquema, relatou que a propriedade do empresário, no Manso, em Chapada do Guimarães (a 70 km de Cuiabá), preso preventivamente durante a ‘Operação Status’ era usada para o lazer da organização criminosa e contou até com show particular de uma famosa dupla sertaneja no local. A operação foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (11.09).
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“Eles foram responsáveis pela reforma e aparelhamento, aquisição das mobílias, lancha. Na verdade, foi constituída uma empresa em nome de uma das pessoas de confiança e essa empresa a atividade fim dela seria hotelaria hospedagem, mas ela não funciona de fato, na verdade ela é uma casa de campo, um lugar onde os líderes da organização criminosa costumam passar férias e ter seus momentos de laser. Em 2017, foi realizado um aniversário nesta propriedade e contou com uma famosa dupla sertaneja”, relatou o delegado.
Segundo a PF, em Chapada dos Guimarães e Cuiabá foram localizados cinco imóveis, no valor estimado de R$ 23.500.000,00 (Vinte milhões e duzentos mil reais).
Sobre o empresário, Vilela disse que ele não movimenta conta bancária em nome próprio, apesar do patrimônio exorbitante ele não declara nenhuma renda a Receita Federal. “Está tudo em nome de sua esposa. A gente não sabe se é uma relação de parceria ou de subordinação aos líderes da organização criminosa.”
Quanto à concessionária Classe A, em Cuiabá, as investigações indicam que apesar de funcionar efetivamente, a garagem era usada para movimentação ilícita do dinheiro. “Essa é garagem de veículos que está sediada em Cuiabá, mas ela leva o mesmo nome de veículos daqui, possuem diversos veículos de luxo. Na conta da empresa, a gente obteve as quebras de sigilo fiscal e bancário, muitos depósitos do sistema de pagamento usado por doleiros, muito capital ilícito, apesar deles efetivamente venderam, trabalhar com a venda de alguns veículos, grande parte do capital que circula pelas contas das empresas, ela tem origem ilícita, utilizadas para fins de lavagem de dinheiro”.
Em relação as duas fazendas na região de Barra do Garças (a 509 km de Cuiabá), o delegado Lucas Vilela relatou que está em nome de um dos funcionários de confiança da organização. “Elas foram adquiridas, elas trazem o nome de um dos funcionários de confiança da organização criminosa, que foi pago o preço de R$ 10,5 milhões. Além destes pagamentos, eles fizeram grandes investimentos na fazenda com maquinaria agrícola e reformas. Aparentemente, eles tiveram algum prejuízo com a plantação de arroz, mas as fazendas também foram constituídas empresas para promover a lavagem de dinheiro”, detalhou delegado. "As duas fazendas localizadas em Barra do Garças, estão estimadas em R$ 15.400.000,00 (Quinze milhões e quatrocentos mil reais)", disse a PF.
O delegado explicou, que o líder autorizava o operador financeiro a contratar a casa de câmbio, que contratava os investigados em Curitiba e São Paulo, que, por sua vez, recrutava ‘os laranjas’. Segundo Vilela, os líderes não se aproximavam do dinheiro da comercialização de drogas, os valores oriundos do crime eram movimentados por conta de doleiros.
“As despesas eram encaminhadas a um operador financeiro, que também trabalha para o crime em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Ele reunia as despesas das contas para depósito, e após autorização do líder, ele encaminhava para uma Casa de Câmbio. A Casa de Câmbio possui um braço operacional em Curitiba e São Paulo, responsável por recrutar ‘os laranjas’ e constituir as empresas de fachada e abrir contas em nome das empresas. O controle da conta é passada para os doleiros, responsável pela movimentação financeira e eletrônica. Os operadores, além de coordenarem, a rotina consiste em frequentar uma espécie de bankers, salas alugadas pelo crime”.
Conforme o delegado, nas salas alugadas pela organização criminosa, os operadores passam o dia realizando depósito a mando do doleiro: “A organização criminosa remete as despesas para o operador financeiro que repassa ao doleiro, que possivelmente tem um depósito das quantias do chefe do crime, o doleiro terceiriza o pagamento por meio destes operadores, os operadores recebem as ordem e passam o dia buscando dinheiro nas salas e fazendo os depósitos nos caixas dos bancos”, explicou.
Segundo a PF, estão sendo sequestrados mais de R$ 230 milhões em patrimônio do tráfico de drogas em cinco Estados brasileiros e no Paraguai. No Brasil estão sendo sequestrados e apreendidos 42 imóveis, duas fazendas, 75 veículos, embarcações e aeronaves, cujos valores somados atingem R$ 80 milhões em patrimônio adquirido pelos líderes da Organização Criminosa.
O esquema criminoso investigado tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de empresas de “laranjas” e empresas de fachada, dentre as quais havia construtoras, administradoras de imóveis, lojas de veículos de luxo, dentre outras.
Distribuição dos Mandados: Em Campo Grande/MS, foram 14 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva. Ponta Porã/MS – nove mandados de busca e apreensão; Dourados/MS – dois mandados de busca e apreensão; Cuiabá/MT – três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva; Barra do Garças/MT – duas fazendas com mandado de busca e apreensão; Primavera do Leste/MT – dois mandados de busca e apreensão; Curitiba/PR – quatro mandados de busca e apreensão; Londrina/PR – um mandado de busca e apreensão; São Paulo/SP – cinco mandados de busca e apreensão e Rio de Janeiro/RJ – um mandado de busca e apreensão.
Operação Status
Na cidade de Campo Grande-MS (26 imóveis) – valor estimado de R$ 16 milhões.
Na cidade de Ponta Porã-MS (11 imóveis)– valor estimado de R$ 6.050 milhões.
Em Chapada dos Guimarães e Cuiabá– MT ( 5 imóveis) - Valor estimado de R$ 23.500.000,00 (Vinte milhões e duzentos mil reais)
Na cidade de BARRA DO GARÇAS – MT – (2 fazendas) Valor estimado de R$ 15.400.000,00 (Quinze milhões e quatrocentos mil reais)
Total aproximado no Brasil é R$ 62 milhões.
Paraguai - A princípio são 10 imóveis. Valor aproximado 30 milhões de dólares
Bens móveis (veículos, embarcações, aeronaves) – valor Aproximado R$ 20.000.000,00 milhões.
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