Nove testemunhas foram intimadas a prestar depoimento no julgamento do mecânico Francisco de Assis Vieira Lucena, de 55 anos, acusado de matar o professor universitário Dario Luiz Scherner, de 45 anos, e o filho dele, Pedro César Scherner, de 17, há mais de 20 anos, em uma oficina mecânica na Avenida Tenente Coronel Duarte, em Cuiabá. O júri do caso que ficou conhecido como o crime da 'Casa de Suspensão' está marcado para começar às 8h desta quarta-feira (30.10), no Fórum de Cuiabá. O G1 tentou entrar em contato com o advogado do réu, mas não conseguiu localizá-lo.
Entre as quatro testemunhas de acusação estão a mulher de Dario, Carmem Lúcia César Scherner, e uma mulher que teria sofrido ameaças e suposta extorsão por parte do réu uma semana antes do duplo homicídio, ocorrido em 1991 e que ganhou repercussão nacional.
Também foram arrolados pelo Ministério Público Estadual (MPE) para testemunhar contra o acusado um ex-funcionário de Dario e um amigo de Pedro. "Eles poderão falar sobre a personalidade deles", disse Dario César Scherner, filho e irmão das vítimas. Ele disse que desde a morte de Dario e Pedro a data do julgamento era a mais esperada pela família para que "esse ciclo chegasse ao fim".
"Tivemos que mudar a trajetória das nossas vidas e fizemos de tudo para que esse dia chegasse e acabássemos com esse ciclo de sofrimento", disse Dario, antes do julgamento do réu Francisco Lucena, sobre a esperança da família em à princípio localizar o acusado que foi detido em 2008, 17 anos após o crime, em Osasco (SP), durante uma operação da Polícia Civil depois que a irmã dele, Giovana Scherner, descobriu o seu paradeiro, apesar dele estar usando identidade falsa. Além de trocar de nome, ele também teria mudado de profissão, montado uma fábrica de roupas, e se casado com outra mulher.
O duplo homicídio ocorreu na oficina, de propriedade do réu, por motivo fútil, na avaliação do MPE. A denúncia aponta que o acusado efetuou os disparos depois que Pedro, filho mais novo da família Scherner, foi à oficina para fazer manutenção no veículo. O valor do serviço já havia sido estabelecido por telefone, mas quando Pedro chegou à oficina o suspeito havia dobrado o valor do orçamento.
Então, Pedro falou que não tinha a quantia que o dono da oficina queria e disse que iria desistir do conserto, porém, o suspeito obrigou a vítima a fazer o serviço. Diante disso, a vítima entrou em contato com o pai, que foi até o local para tentar resolver a situação. Durante uma discussão, o acusado sacou a arma e disparou dois tiros em Dario. Ao tentar defender o pai, Pedro também foi atingido por dois disparos.
O crime ganhou repercussão nacional ao passar no programa “Linha Direta”, da Rede Globo. A reportagem mostra detalhes da vida da família momentos antes do crime. Eles se preparavam para viajar de férias na madrugada do dia seguinte quando ocorreu a tragédia. Pedro havia ido até a oficina para trocar o escapamento do carro. Mesmo feridas, as vítimas ainda se arrastaram até o lado de fora do estabelecimento.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).