Um fugitivo do maior presídio de Mato Grosso foi preso no momento em que tentava desembarcar de um avião no aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. Em depoimento à polícia, o foragido, de 24 anos, declarou que estava fora da Penitenciária Central do Estado (PCE) desde novembro do ano passado. Ele cumpria prisão por ter sido autor de um assassinato.
Investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), vinculada à Polícia Civil, dão conta que o suspeito e mais dois amigos dele iriam embarcar nesta quarta-feira (03.04) em um voo doméstico de Curitiba, a capital do Paraná, rumo a Cuiabá.
Uma operação conjunta entre agentes da Polinter e Polícia Federal prendeu o trio ainda na aeronave por volta das 19h (horário de Mato Grosso) desta quarta-feira em solo mato-grossense. No momento da prisão, o foragido tentou enganar os agentes apresentando um documento de identificação que, após análise, foi constatado ser falso.
Em entrevista ao G1, o chefe do GCCO, o delegado Flávio Henrique Stringueta, informou que o detento escapou da unidade prisional pulando o muro. A estratégia também foi repetida, mais recentemente, por um grupo de seis presos que fugiu da mesma unidade no último dia 18 de março.
“Ele disse que fugiu utilizando um contêiner de lixo. Ao deixar o ‘raio’, ele contou que esperou o descuido dos agentes e fugiu pulando o muro”, afirmou o delegado ao G1.
Também durante o depoimento, o foragido afirmou acreditar que a fuga dele não foi registrada oficialmente pela secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), pasta que administra o sistema prisional no estado.
Stringueta vai requisitar informações oficiais para saber se a Sejudh tinha conhecimento da fuga do rapaz à época do ocorrido. “Se for confirmado que esse rapaz fugiu e a secretaria não sabia disso [esta situação] põe em dúvida até mesmo a lista de presos que a PCE tem”, avaliou o delegado.
Nos meses em que ficou fora da prisão, o foragido disse que se manteve financeiramente praticando ‘roubos e furtos’ em Cuiabá. Em um dos crimes, o rapaz afirmou ter roubado R$ 5 mil de uma mulher. Com o dinheiro, ele comprou passagens aéreas para Curitiba e até aproveitou para conhecer o litoral durante o feriado da Páscoa.
Preso novamente, a pena dele poderá ser aumentada por conta da fuga. Ele também irá responder na Justiça pelo crime de falsidade ideológica. Os dois amigos do rapaz assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo crime de favorecimento pessoal a criminoso. Eles foram liberados. Os aparelhos celulares dos três foram apreendidos para auxiliar as investigações.
Crise no sistema prisional - Em menos de um ano, a Penitenciária Central do Estado acumula a segunda fuga de presos. No último episódio, em que escaparam seis detentos, três hipóteses estão sendo apuradas pela polícia. “Estamos investigando a versão oficial repassada, se houve facilitação por parte da guarda e se a ocorrência [fuga] ocorreu na madrugada divulgada. A gente acredita que o menos provável é que a fuga tenha ocorrido por descuido”, explicou Stringueta ao G1.
Com capacidade para abrigar não mais que 850 presos, a unidade conta com quase dois mil homens. Após a fuga dos detentos e uma série de outros episódios que evidenciou falhas na administração do sistema prisional do estado, os agentes prisionais aderiram a um movimento grevista.
A partir desta quinta-feira (04.04), apenas atividades essenciais nas unidades prisionais do estado, como fornecimento de alimentação aos presos, segurança e cumprimento de ordens judiciais serão mantidas.
A categoria conta com aproximadamente 1.800 agentes, e somente a Penitenciária Central do Estado tem 153 servidores operando para atender 1.950 detentos. A segurança do prédio é feita por 40 agentes e apenas quatro deles trabalham na função de 'sentinelas', nas guaritas elevadas da unidade.
O G1 não conseguiu localizar nenhum representante da Sejudh para comentar a hipótese da ausência de notificação de fuga do criminoso recapturado nesta quarta-feira.
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