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Esportes Segunda-feira, 22 de Maio de 2023, 10:27 - A | A

Segunda-feira, 22 de Maio de 2023, 10h:27 - A | A

'país de racistas'

Vini Jr. deixa em aberto possibilidade de sair do Real após novo caso de racismo

Atacante brasileiro ouviu, mais uma vez, gritos de "mono" por parte da torcida adversária e chegou a apontar grupo de torcedores racistas

Extra

Após sofrer mais um caso de racismo no campeonato espanhol, Vini Jr. deixou em aberto, pela primeira vez, a possibilidade de deixar o Real Madrid. Em uma rede social, o brasileiro falou sobre a reincidência de episódios preconceituosos, a conivência da liga, federação espanhola e adversários, e apontou a Espanha com "país de racistas".

— Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui — escreveu o atacante brasileiro.

Embora durante todo o jogo gritos de "mono" (na tradução livre significa "macaco" em espanhol) pudessem ser ouvidos — o árbitro, inclusive, chegou a avisar a sua equipe num primeiro momento —, o caso maior começou aos 24 minutos. Vini Jr. fazia jogada individual pelo canto esquerdo, quando um jogador do Valencia chutou uma segunda bola que estava em campo no lance para atrapalhar o atacante brasileiro.

Indignado com o antijogo, Vini Jr. foi reclamar do lance com a arbitragem. Com isso, parte da torcida do Valencia que estava atrás do gol mais próximo da jogada voltou a xingar o brasileiro com gritos racistas. Foi quando Vini chamou Bengoetxea para denunciar um dos torcedores.

Nesse momento, alguns jogadores de Real Madrid e Valencia, entre eles o capitão da equipe mandante, Gayà, chegou para tentar acalmar os ânimos. De acordo com o jornal "Marca", as câmeras de transmissão chegaram a captar Vini Jr. afirmando que não queria mais jogar a partida. A polícia espanhola chegou a ir no local, mas nada foi feito com o torcedor e, após oito minutos de paralisação, a partida reiniciou após o segundo aviso de caso de racismo dado pela arbitragem. Em caso de um terceiro, a partida poderia ser suspensa, como consta no código disciplinar da Fifa.

"Acredita, da próxima vez vamos (suspender o jogo)", teria falado o árbitro da partida para Vini Jr., conforme informou o "Marca".
Mas o jogo continuou com nova confusão, aos 48 minutos. Dessa vez, após discussão na área defensiva do Valencia, o goleiro Mamardashvili foi tirar satisfações com Vini Jr, que bateu bocas com o jogador. A princípio, ambos receberam cartão amarelo, mas posteriormente o VAR da partida chamou o árbitro do jogo para denunciar que o atacante brasileiro havia acertado o atacante Hugo Duro no rosto da confusão. Após a checagem, Vini Jr. foi expulso — Duro, que também agrediu Vini com uma espécie de mata leão durante a confusão, não recebeu a mesma punição.

Nas redes sociais, o atacante brasileiro também ironizou toda a situação e a conivência da La Liga com tantos casos de racismo contra ele:
— O prêmio que os racistas ganharam foi a minha expulsão. "Não é futebol, é La Liga" — escreveu.

Depois de receber o cartão vermelho, Vini andou em direção ao vestiário falando e batendo palmas em sinal de ironia. Reservas e integrantes da comissão técnica do Valencia partiram para cima do atacante brasileiro, que foi escoltado por companheiros de Real Madrid até o túnel de saída do campo.

Após a partida, o técnico Carlo Ancelotti realizou fortes críticas a La Liga e a tudo o que aconteceu na partida, além de, claro, dar apoio a Vini Jr. O treinador, inclusive, se recusou a falar sobre o futebol praticado no jogo.

— Não quero falar de futebol. Quero falar do que aconteceu aqui. Creio que é mais importante que uma derrota. O que aconteceu hoje não tem que acontecer. É evidente. Quando um estádio grita "mono" a um jogador e um treinador pensa a tirar o jogador por isso, é sinal que tem algo ruim acontecendo nessa liga. Ele não queria continuar, e eu disse "Não me parece justo que não continue, porque não é sua culpa. Você é a vítima". Ele seguiu jogando e depois disso o deram um cartão vermelho sem sentido, porque não foi uma agressão. Dito isto, temos um problema. Para mim Vinicius é o jogador mais importante do mundo, mais forte do mundo. A Liga tem um problema. Esse episódio de racismo para mim tem que parar a partida. Não pode passar. Porque aqui não é uma pessoa que grita "mono", como foi em muitos outros estádios. Aqui é um estádio que insulta um jogador assim. Diria o mesmo se estivéssemos ganhando de 3 a 0, tem que parar a partida. Não há outra maneira. A imagem é muito ruim. Eu disse ao juiz que tem que parar a partida, e ele disse que o protocolo diz que temos que informar antes e, se persistir, paramos a partida. Vinicius está muito triste. Creio que a reação (indignação) dele foi bastante normal. E não acontece nada. Aconteceu em muitos estádios e não acontece nada. Eu não sei (o que deveria acontecer). Não sou um juiz. Mas tem que mudar, porque é bastante grave. Não quero falar de futebol — falou o italiano.

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