A situação política do São Paulo promete ferver nos próximos dias. Isso porque o presidente Carlos Miguel Aidar anunciou nesta segunda-feira a demissão do ex-presidente Juvenal Juvêncio, que trabalhava como diretor das categorias de base do CT de Cotia, inaugurado em 2007 e que era visto por Juvêncio como sua maior realização como mandatário são-paulino. Junto com ele, caíram Geraldo Oliveira e Marcos Tadeu, que também trabalhavam com o ex-mandatário.
Para entender essa confusão política, é preciso voltar a abril, quando foram realizadas as eleições do clube. Sem ter um homem de confiança para ser seu sucessor, Juvenal foi atrás de Carlos Miguel Aidar, que foi eleito com muita facilidade, já que Kalil Rocha Abdalla, da oposição, desistiu no dia da disputa, alegando que a situação estava armando um golpe para aprovar a obra da cobertura do estádio do Morumbi no dia da eleição.
Após o pleito, Aidar nomeou Juvenal diretor da base. Mas, quando assumiu o comando do clube, encontrou uma situação caótica. Verbas antecipados, salários atrasados. Dentro de campo, o vivia momento conturbado - no ano passado, lutou para não ser rebaixado no Brasileirão. Foi obrigado a antecipar cotas de televisão para pagar os débitos e ainda começou a fazer profundas reformulações em todos os departamentos.
Aidar descobriu, por exemplo, que todos os diretores do São Paulo tinham carro com motorista à disposição. Então, ordenou que todos os veículos fossem vendidos. O ônibus com as cores do clube também foi negociado. Além disso, muitos conselheiros viajavam para todos os jogos longe da capital paulista, sempre bancados pelo clube. Tudo foi cortado.
O presidente foi ao limite em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, divulgada na semana passada. Disse que o clube parou no tempo, que Juvenal havia deixado uma dívida de R$ 131 milhões, entre outras coisas. O ex-dirigente se pronunciou através de uma nota oficial, lamentando a postura de Aidar e se defendendo, dizendo que deixou o clube em boas condições e acusando o ex-aliado de oportunista.
Para Aidar, essa carta foi a gota d´água. Ele já estava cansado do modo como Juvenal administrava Cotia, sem dar satisfações. Primeiro, resolveu mexer nos homens de confiança do ex-dirigente no CT da base. Depois, marcou uma reunião na tarde desta segunda-feira, quando anunciou o desligamento. Houve bate-boca entre os dois, mas Aidar se manteve firme. Para evitar constrangimentos maiores, divulgou apenas uma nota oficial. Procurado pela reportagem, Aidar afirmou que não daria entrevistas por enquanto.
Novos capítulos deverão ocorrer nos próximos dias. Aidar quer tirar do clube todas as pessoas ligadas a Juvenal. Quando decidiu pelos cortes para diminuir a folha de pagamento, a primeira a cair foi a gerente de comunicação, que havia sido contratado pelo ex-dirigente. Outros diretores podem ser dispensados. João Paulo Juvêncio, neto de Juvenal e que trabalhava como diretor financeiro adjunto, pediu demissão na semana passada.
Veja a carta em que Aidar comunica a saída do seu antecessor. Confira:
"Comunico o fim da colaboração do Dr. Juvenal Juvêncio na diretoria por mim presidida. São Paulo Futebol Clube reconhece a importante contribuição que Juvenal sempre deu ao clube, primeiro como diretor, depois como presidente e por último como diretor novamente.
Neste momento em que o São Paulo Futebol Clube trilha novos caminhos, agradeço pessoalmente o empenho de Juvenal durante tantos anos e presto minha homenagem a esse grande são-paulino.
Carlos Miguel C. Aidar.
Presidente"
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