O Fluminense anunciou a demissão do técnico Renato Gaúcho por meio de nota oficial na manhã desta quarta-feira, decisão já sacramentada em reunião entre Peter Siemsen e Celso Barros marcada por divergências durante a madrugada. Já comunicado, o treinador deixou o comando do futebol do Tricolor. Na nota, o clube agradece ao “empenho do treinador”. Siemsen concederá entrevista coletiva às 11h desta quarta. Com a saída de Renato Gaúcho, Ney Franco passa a ser a primeira opção do Fluminense para assumir o cargo. O comandante do Vitória é um sonho antigo do presidente Peter Siemsen.
Com contrato com o Vitória até dezembro de 2014, Ney Franco foi o preferido de Peter em duas ocasiões em 2013. Na saída de Abel Braga, em julho, e em dezembro, ao término do Brasileirão. Nos dois momentos, no entanto, prevaleceu a vontade do presidente da Unimed. Primeiro, com Vanderlei Luxemburgo. Depois, com Renato.
A diretoria tricolor cogita tentar acertar com Ney mesmo sem a participação do patrocinador no pagamento do salário. A opção desejada por Siemsen significaria um custo de aproximadamente R$ 450 mil mensais. Com Renato, o gasto era de R$ 50 mil, já que o restante, cerca de R$ 500 mil, era pago pela parceira. Apesar de o clube passar por dificuldades financeiras, o mandatário tricolor assumiu a responsabilidade de aumentar a despesa com treinador para ter um profissional de sua escolha.
O perfil de Ney Franco, que tem 47 anos, agrada principalmente pelo histórico de bons trabalhos com jovens. Entre 2010 e 2012, assumiu a seleção brasileira sub-20 e a coordenação das divisões de base do Brasil. Com ele, a Seleção conquistou o Sul-Americano e o Mundial da categoria em 2011 e se classificou para os Jogos Olímpicos de 2012.
Em clubes, Ney também tem títulos por Ipatinga, Flamengo, Botafogo, Coritiba e São Paulo. Os principais: a Copa do Brasil de 2006, pelo Rubro-Negro, a Série B do Brasileiro 2010, pelo Coxa, e a Copa Sul-Americana de 2012, pelo São Paulo. Ano passado, assumiu o vitória em situação ruim na tabela do Brasileirão e quase levou o time à Libertadores da América.
Renato não foi ao clube no início da manhã desta quarta-feira, nem o preparador físico Alexandre Mendes ou o preparador de goleiros Victor Hugo, que acompanham o treinador em seu trabalho nos clubes. O auxiliar fixo do Tricolor, Marcão, comandou a atividade. Os jogadores só foram para o campo cerca de 40 minutos após o horário inicialmente previsto e fizeram um treino físico. Em reunião no vestiário, o grupo foi comunicado da saída de Renato.
Reunião vara a madrugada
A decisão da saída do treinador marcou nova divergência entre Siemsen e o presidente da patrocinadora, Celso Barros. Em reunião que começou na noite desta terça-feira e invadiu a madrugada desta quarta, os dois debateram o futuro de Renato Gaúcho. Não houve consenso na decisão, mas chegou o fim da linha para o treinador. Celso exigia a permanência do ex-atacante, só que o mandatário bateu o pé e decidiu pela saída, algo que já havia estabelecido mais cedo. O encontro teve a presença do vice de futebol Ricardo Tenório.
Na reunião, o presidente da Unimed ameaçou não colocar dinheiro na contratação do novo técnico caso Renato fosse demitido. Peter decidiu bancar a decisão, apesar de o clube estar em dificuldades financeiras.
Renato Gaúcho não foi unanimidade no clube ao iniciar sua quinta passagem. No fim de dezembro, quando anunciado, sofreu enorme resistência de Peter Siemsen, que preferia Ney Franco. Porém, Celso Barros, responsável por injetar dinheiro nas contratações, venceu aquela queda de braço. O mesmo ocorreu no segundo semestre de 2013, quando Peter foi contra a contratação de Vanderlei Luxemburgo, que chegou às Laranjeiras bancado pelo parceiro.
A eliminação na semifinal do Carioca após a derrota para o Vasco no domingo passado, e o risco de sair da Copa do Brasil na primeira fase contra o modesto Horizonte-CE fizeram crescer a resistência interna ao treinador nos últimos dias. Além disso, Renato não agradava pelo estilo de trabalho e por não ter um perfil de formador de elenco, na visão de Peter. A falta de coletivos e treinos táticos depois da pré-temporada gerou críticas nos bastidores.
Nesta quinta passagem pelas Laranjeiras, Renato comandou o time em 18 partidas. Foram nove vitórias, cinco empates e quatro derrotas, um aproveitamento de 59,2%. O Fluminense fez 33 gols e sofreu 21.
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