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Esportes Terça-feira, 25 de Novembro de 2014, 16:52 - A | A

Terça-feira, 25 de Novembro de 2014, 16h:52 - A | A

Flamengo grampeou celulares de funcionários

De acordo com conselheiros , a intenção da diretoria era monitorar funcionários e membros contrários à situação

Uol.com

Uma denúncia de espionagem agita os bastidores do Flamengo. A oposição protocolou na última segunda-feira (24) um pedido de investigação de grampos em telefones corporativos e privados de funcionários e conselheiros do clube. Conduta que teria sido adotada, conforme a acusação, pela administração Bandeira de Mello.

De acordo com conselheiros envolvidos no processo, a intenção da diretoria era monitorar funcionários e membros contrários à situação e se antecipar às manobras da oposição através de grampos telefônicos e monitoramento de e-mails. A polêmica caiu como uma bomba no cenário político. A eleição presidencial no clube será em 2015.

A suspeita de espionagem tem origem em abril do ano passado, quando o Rubro-negro assinou contrato por seis meses com a empresa By Appointment para a prestação de serviços de assessoria em gestão de qualidade e aluguel de equipamentos pelo valor de R$ 21.250,00 mensais, o que totalizou pouco mais de R$ 127 mil gastos de abril a outubro de 2013. No entanto, o trabalho da empresa virou alvo de questionamentos nos bastidores.

Funcionários do clube procuraram conselheiros e acusaram a administração de grampear celulares e fixos da sede. Alguns revelaram que deixaram de falar ao telefone com medo de represálias. Inclusive, o episódio foi apelidado de "Urubugate", em referência ao famoso caso de "Watergate", que culminou na renúncia de Nixon à presidência dos Estados Unidos durante a década de 1970.

O caso possui uma série de episódios curiosos. Um dos sócios da By Appointment, Arthur Alexandre trabalhou na Gávea. Ele fez o trabalho de segurança física e foi visto realizando escutas em salas do clube, segundo relatos de funcionários aos conselheiros. Outro sócio da empresa, Alexandre Neto, delegado aposentado, foi investigado pela suspeita de ter grampeado, em 2001, o escritório do seu ex-sócio, Octávio Gomes, então presidente da OAB-RJ.

Neto prestou depoimento na CPI dos grampos em 2008 e um ano antes foi vítima de um atentado. Ele promoveu o dossiê contra o grupo do ex-chefe da polícia Álvaro Lins.

Em busca de explicações e preocupada com os desdobramentos do processo, a oposição protocolou o pedido de abertura da investigação. O documento será analisado e os próximos passos decididos pelo presidente do Conselho Deliberativo, Delair Dumbrosck.

"Vamos analisar o contrato e o documento que foi entregue no clube. Não podemos tratar hipóteses. É preciso esperar o parecer da comissão jurídica para saber se a comissão de inquérito vai entrar em ação. A presidência tem o direito de fazer o contrato com quem deseja, mas existe uma demanda muito grande de conselheiros insatisfeitos e que cobram a investigação. Inicialmente, o contrato foge dos objetivos normais do Flamengo como foi apresentado", explicou Delair.

A reportagem procurou o advogado especializado em ciências criminais, André França Barreto, para comentar o caso e possíveis desdobramentos na sequência da investigação.

"É um fato controverso, mas existem decisões favoráveis no STF [Supremo Tribunal Federal] de que o e-mail corporativo pode ser monitorado. Entendo que o celular da empresa também poderia a partir deste raciocínio. É importante frisar que nada foi comprovado. Por outro lado, se houve grampo de celular particular temos um crime. Isso viola a intimidade das pessoas e o direito da livre comunicação. É o tipo de procedimento que só pode ser realizado com autorização judicial", encerrou Barreto.

O Flamengo considera as acusações infundadas e não se pronuncia sobre o tema. Internamente, no entanto, o Rubro-negro nega qualquer grampo telefônico e admite apenas que a By Appointment foi contratada para realizar avaliações da rede, verificação de possíveis escutas em salas de reuniões e de hackers no sistema. O contrato foi encerrado há pouco mais de um ano e orientações foram passadas para a manutenção da segurança da informação no clube.

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