A eliminação precoce no Campeonato Paulista, o futebol burocrático, os "deuses do futebol" citados por Mano Menezes... Tudo isso parece estar em um passado distante do Corinthians e de seu atual técnico. Em quatro meses desde o empate sem gols com o Penapolense, no interior paulista, resultado que decretou a queda no estadual, o time cresceu, começou a se arrumar pela defesa e se consolidou nas primeiras posições do Campeonato Brasileiro. A eliminação no Paulista, desastrosa a curto prazo, revelou-se benéfica pouco depois. O Corinthians mudou sua cara em 2014.
O Timão fez 30 jogos oficiais nesta temporada. Justamente na metade, veio a ruptura entre o primeiro time, sem imaginação, e o segundo, reforçado e com soluções táticas mais claras. Até a estreia na Copa do Brasil, contra o Bahia de Feira, três dias depois da eliminação no Paulista, eram 15 jogos: sete vitórias, três empates, cinco derrotas, 23 gols marcados e 19 sofridos. Aproveitamento de 53,3% dos pontos.
Nos 15 duelos seguintes, até a vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, neste domingo, os números decolaram. São nove vitórias, cinco empates e só uma derrota, para o Figueirense, no jogo inaugural da Arena Corinthians. Aproveitamento de 71,1%, 24 gols marcados e seis sofridos contra adversários da elite nacional, teoricamente melhores do que os rivais do Paulistão. A comissão técnica atribui a melhora a três pontos: os reforços, a arrumação da defesa e o tempo para treinar variações táticas com as novas peças.
A defesa foi o ponto de partida para a mudança. Fagner, Cleber, Gil e Fábio Santos formam uma linha de quatro defensores cada vez mais sólida após as saídas de Alessandro e Paulo André - Fábio também iniciou o ano fora de combate. Apenas Gil havia sobrado. Sem entrosamento, o setor sofreu muito nas bolas aéreas e jogadas pelas laterais.
- Era questão de entrosamento, hoje estamos muito à vontade no setor defensivo. Mas é bom lembrar que começa tudo lá na frente, os atacantes estão marcando mais e nos ajudam muito. Hoje voltamos ao padrão que tínhamos no ano passado - disse Gil, após a vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, neste domingo.
Depois, vieram os reforços. A começar pelo meia Petros. Curiosamente, ele estava em campo na eliminação corintiana do Campeonato Paulista - mas do lado do Penapolense. Petros também faz parte desse divisor de águas. Sua chegada foi fundamental para a melhora do setor defensivo e o crescimento do capitão Ralf, que vinha em baixa por ter que marcar praticamente sozinho o meio-campo adversário.
Pouco depois, chegaram Elias, Romero, Anderson Martins, Lodeiro - estes dois últimos nem estrearam ainda. Elias, principalmente, deixou o meio ainda mais dinâmico. Era notório que sua chegada faria o time se encaixar melhor em campo. Quatro jogos foram suficientes para o ídolo se sentir em casa novamente.
- Sabemos onde cada um deve estar. Quando um avança, outro segura um pouco mais. Estamos nos entendendo muito bem no meio-campo, e isso só faz a equipe ser mais consistente - disse o volante.
Com as peças à disposição, faltava a parte de Mano. Primeiro, 20 dias de treinos entre o Paulistão e o início do Brasileiro. Depois, mais um mês de parada para a Copa do Mundo. Os dois períodos de "folga" serviram para o técnico conhecer melhor o que tinha em mãos. Depois da Copa, trouxe novidades: um time mais compacto, trocando passes curtos e apostando nas infiltrações dos meio-campistas.
No ataque, Guerrero deixou de ser peça fixa. Ao lado de Romero, ou Luciano, ou Romarinho, movimenta-se mais e mostra que sabe conduzir a bola. O Timão passou a ocupar melhor os espaços e ter o famoso equilíbrio - palavra tão repetida por Mano e por seu antecessor, Tite. Praticamente classificado para as oitavas de final da Copa do Brasil e ocupando a vice-liderança do Brasileiro, o Corinthians se vê no caminho certo para voltar a ser protagonista.
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