A convocação da seleção brasileira para os amistosos contra Iraque e Japão, além de marcar um reencontro entre o meia Kaká e a amarelinha após mais de dois anos, serviu para dar mais uma prova do prejuízo que há no descompasso do calendário brasileiro com as datas Fifa. O que deixou os dirigentes nada satisfeitos.
Por causa dos compromissos da Seleção nos dias 11 e 16 de outubro, em Malmö (Suécia) e Wroclaw (Polônia), nove clubes serão desfalcados em três rodadas da reta final do Brasileirão: o período é da 29ª a 31ª. Os jogadores serão reunidos no domingo de eleição, dia 7, e só estarão de volta ao Brasil às 5h20 da manhã do dia 17, uma quarta com rodada cheia.
“Quem tem bons jogadores no elenco corre o risco de ter desfalques por conta de Seleção. É bom para o jogador, mas acho que a CBF deveria ter o bom senso de não convocar nenhum atleta dos quatro primeiros times no Brasileirão, pois prejudica quem briga pelo título”, afirmou Eduardo Maluf, diretor de futebol do vice-líder Atlético-MG, que vai ficar sem o goleiro Victor.
O técnico Mano Menezes tentou “dividir” os impactos da convocação nos clubes brasileiros e ao menos só chamou um jogador por time. O treinador fez questão de avisar logo nas primeiras frases da coletiva de ontem, após o anúncio da lista, que só vai chamar “estrangeiros” para o último compromisso da Seleção em 2012, no dia 14 de novembro, ainda sem adversário definido.
“Exatamente neste período do ano passado vivenciamos situação semelhante. Naquele momento não estabelecemos limitador, mas dessa vez vimos que é possível fazer isso sem prejuízo à Seleção. Foi um jogador por cada clube, minimizamos o prejuízo para os clubes que se encontram na reta final. Para novembro provavelmente mão faremos convocação de jogadores do Brasil”, afirmou Mano.
Mais um clube que engrossou o coro contra os amistosos que desfalcam os clubes é o Internacional, que com certa frequência solicita a liberação de jogadores. A bola da vez é Leandro Damião.
“Se houvesse um acordo entre os clubes prejudicados e a CBF para respeitar as datas, acho que seria do interesse de todos. Tem que ter uma tentativa de equalizar o calendário. É ruim para o campeonato também, pois fica desvalorizado”, disse o vice de futebol Luciano Davi.
“Valoriza o jogador, mas é ruim para o Grêmio, que perde um atleta muito importante em um momento decisivo”, emendou o gremista Paulo Pelaipe, que vai ceder Fernando.
Técnico do líder do Brasileiro – o Fluminense, que vai ceder Thiago Neves –, Abel Braga prevê um futuro ainda mais tenebroso para os clubes por causa do calendário.
“Ele é horroroso e ano que vem vai ser pior. Quem está na Libertadores, entra nas oitavas da Copa do Brasil. Um mês de férias e 11, 12 dias de pré-temporada. É crime!”, opinou.
A limitação de jogadores que atuam no Brasil foi boa para quem está no exterior e não vinha sendo convocado, como foi o caso do zagueiro Leandro Castán, da Roma, e o meia Giuliano, do Dnipro.
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