O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), sugeriu que o cacique Raoni Metuktire estaria sendo utilizado por líderes internacionais e ambientalistas como intermediário em pautas de interesse estrangeiro, especialmente no caso da Ferrogrão — projeto de ferrovia que enfrenta resistência de lideranças indígenas.
Segundo o governador, há contradição na postura de Raoni, que é contrário à construção da ferrovia, mas defende a pavimentação de estradas dentro do Parque Indígena do Xingu.
“O Raoni, com todo o respeito, está sendo utilizado por alguns líderes ou por pessoas com interesses que não são os do povo brasileiro”, afirmou Mendes.
O governador argumenta que a Ferrogrão é essencial para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso, sobretudo para o escoamento da produção agrícola, e ainda poderia custear obras de infraestrutura, como o asfaltamento defendido por Raoni.
“Isso ele não quer. Incoerência. Raoni tem que se explicar. Eu gosto dele, é uma liderança indígena respeitada, mas está sendo incoerente. Ele já falou várias vezes para mim que quer o asfalto, mas não quer a Ferrogrão. Olha que absurdo. O asfalto para ele é o quê?”, questionou o governador.
Raoni é uma das figuras indígenas mais respeitadas internacionalmente, reconhecido por sua atuação em defesa dos povos originários e do meio ambiente. Em 2024, foi condecorado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, com a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também anunciou que entregará ao cacique a medalha Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, a maior honraria civil brasileira.
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Embora Raoni apoie a pavimentação de trechos dentro do Parque do Xingu, com o argumento de que isso garante acesso às comunidades indígenas, ele se opõe firmemente à Ferrogrão, projeto que passaria por áreas sensíveis da bacia do rio Xingu. O cacique chegou a pedir pessoalmente ao presidente Lula que barrasse o avanço da ferrovia.
A Ferrogrão é uma ferrovia planejada para ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), com o objetivo de facilitar o escoamento da produção de grãos até os portos da região Norte, reduzindo custos logísticos e o tráfego de caminhões nas rodovias.
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