Carina Maggi Martins, uma das filhas do falecido fundador da Amaggi, André Antônio Maggi, está movendo um processo na Justiça questionando a divisão das empresas do grupo, conforme reportagem de Felipe Frazão, do Jornal O Estadão, publicada na quarta-feira (14.06).
Carina, fruto de um relacionamento extraconjugal, alega ter sido enganada pela família e suspeita da herança que recebeu há vinte anos. Após a morte do patriarca em abril de 2001, os seis herdeiros e a viúva Lúcia Maggi, reconhecida como a mulher mais rica do Brasil, pela revista Forbes em 2022, procederam à divisão dos bens.
Na época, Carina recebeu o equivalente a R$ 1,9 milhão (atualmente estimado em R$ 10,6 milhões após correção pelo IGP-M). O valor recebido idêntico ao dos outros cinco irmãos. No acordo, perante a Justiça, Carina renunciou a seus direitos como herdeira, excluindo-se de futuras divisões de bens.
Porém, anos depois, diante das notícias sobre a riqueza muito superior da viúva e dos irmãos, além do valor bilionário de suas fortunas e empresas, Carina passou a questionar o acordo.
O grupo Amaggi figura entre os maiores exportadores de soja do mundo. Em 2007, ela pediu a nulidade do acordo, mas o prazo prescreveu e o Superior Tribunal de Justiça considerou o processo legal em 2015, sem possibilidade de novo recurso.
O acordo, firmado em maio de 2002, dividiu o patrimônio de André, então avaliado em R$ 23,9 milhões, apenas sobre essa quantia. No entanto, Carina suspeita que tenha ocorrido uma manobra para proteger o verdadeiro patrimônio de seu pai.
Segundo sua defesa, uma parte significativa dos bens estava em nome de empresas e, portanto, não foi incluída na divisão. Eles buscam a quebra de sigilo de 12 empresas e até mesmo a localização de recursos no exterior entre 1995 e 2006.
Os advogados de Lúcia Maggi e dos outros filhos contestam a reabertura do acordo assinado em 2002. Alegam que Carina aceitou os termos, sendo assistida por sua mãe, um juiz e um promotor de Justiça, e perdeu o prazo para questioná-lo.
A defesa da família Maggi destaca que o acordo foi validado em instância superior e que todos os irmãos receberam a mesma quantia. Quando procurada para comentar, a família informou através da assessoria de comunicação da Amaggi que só tratará do assunto na esfera judicial, optando por não fazer comentários adicionais.
Justiça - A juíza da 4ª Vara Cível de Cuiabá, Vandymara G. R. Paiva Zanolo, acolheu parte do pedido de Martins, mas ressaltou que as mesmas questões já foram discutidas em processos anteriores e que já transitaram em julgado.
A distribuição da herança começou a ser discutida na Justiça a partir de 2007. O caso tramitou na 2ª Vara Especializada de Família e Sucessões da Comarca de Rondonópolis, em que o processo teve a sentença sem julgamento do mérito, e transitou em julgado, em novembro de 2015.
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