Chitãozinho e Xororó custaram R$ 280 mil e organizadores receberam R$ 586 mil da Cultura

Edina Araújo/VG Notícias

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Chitãozinho e Xororó custaram R$ 280 mil e organizadores receberam R$ 586 mil da Cultura de MT

O show de Chitãozinho e Xororó que continua causando polêmica pelo baixo número de público e motivo de investigação por parte do Ministério Público Estadual (MPE) custou R$ 280 mil, no entanto, os organizadores receberam da Secretaria de Estado de Cultura (SEC/MT), por meio de emendas parlamentares R$ 586 mil. Os cantores se apresentaram em 14 de maio passado, em Várzea Grande, em comemoração aos 150 anos do município. As emendas foram destinadas pelos parlamentares Dilmar Dal Bosco (DEM) (R$ 286 mil), Guilherme Maluf (PSDB), Romualdo Júnior PMDB e o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), destinaram R$ 100 mil cada um deles, totalizando R$ 586 mil.

O show teria sido promovido pelo secretário Adjunto de Cultura da Prefeitura de Cuiabá, Júnior Leite, pelo vereador por Várzea Grande, Rodrigo Coelho (PTB), pelo empresário Leonardo Leão e também pela Associação Cordemato. No entanto, nenhum dos citados assume a autoria da organização, que está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), por possíveis danos ao erário, uma vez que o show, segundo denúncia, atraiu um público de apenas 100 pessoas.

Em entrevista ao oticias, o secretário Júnior Leite, afirmou que a única coisa que fez em relação ao show, foi atender a um pedido do vereador Rodrigo Coelho, para saber se as “coisas” estavam no caminho certo. E afirmou ainda: “pelo que sei, foi a Cordemato - Central Dos Organizadores e Realizadores de Eventos do Estado de Mato Grosso, que realizou o evento”, disse o adjunto de Cultura de Cuiabá.

O responsável pela Cordemato, Everson explicou ao oticias, exatamente como se deu a parceria e que recebeu o convite de Júnior Leite para desenvolver o projeto que já tinha definido o show e o motivo pela escolha da dupla Chitãozinho e Xororó.

“Júnior Leite, que é o secretário adjunto de Cultura de Cuiabá, ficou sabendo da necessidade de recursos para Várzea Grande, e no seu grupo político, conseguiu recursos com emendas parlamentares com deputados que tinha acesso. E ai procurou a entidade Cordemato, que é uma entidade especialista em realização de eventos, para ser a realizadora, proponente deste termo de parceria, que é o título de um repasse público por meio de termo de parceria. E ai a entidade desenvolveu o projeto de acordo com as emendas parlamentares. A grade do show já estava mapeada pelo município e pela equipe do Júnior Leite, que sugeriu que tinha um show passando por Mato Grosso, saindo de Dourados em Mato Grosso do Sul, que já estava ao e sairia mais barato. Normalmente estes cantores tem que sair de São Paulo para vir a Mato Grosso, o que sairia mais caro. Aí, eles (Júnior Leite e o município) já estavam com o cenário A, que chamamos do artista, tudo pronto, o que beneficiaria o evento, com toda estrutura para presentear a cidade. Ocorre que, como tudo foi desenvolvido muito a véspera do evento, foi em 10 dias o projeto desenvolvido, protocolado, tramitando dentro dos setores específicos de aprovação dentro da Secretaria de Estado, nós, da entidade, não lançamos custo com a grande mídia de massa no convênio, tendo em vista que não teríamos tempo pra fazer a mídia. O projeto foi empenhado na sexta-feira, véspera de domingo. Por conta disso, a Prefeitura, teoricamente, e até fez isso, colocaria a atração Chitãozinho e Xororó e artistas regionais dentro da programação de aniversário e da mídia do município. Mas foi mais uma mídia jornalística, sobre toda a grade da programação. Um show do porte de Chitãozinho e Xororó merecia uma mídia no intervalo de novela das 8, para atingir a grande massa”, justificou o produtor.

Segundo o produtor, o show da dupla custou com toda a estrutura, cachê dos artistas, carretas de som, produtores, banda, telão de led, enfim, estrutura completa, R$ 280 mil e as emendas parlamentares foram de R$ 586 mil. Conforme Everson, a organização ainda pagou pelos shows regionais: Cristina e Regina R$ 12 mil, Rico e Leo R$ 25 mil e Sérgio Pinheiro 35 mil. O produtor explicou ainda, que tiveram que pagar, Ecad, ISSQn entre outras taxas, porém, segundo ele, não estava com as planilhas para detalhar os valores de taxas.

Conforme Everson, a entidade não tem fins lucrativos e a cobrança pelos serviços prestados pela Cordemato é de acordo com os profissionais envolvidos no projeto. No caso específico do projeto da dupla em Várzea Grande, ele disse que cobrou em torno de R$ 52 mil. “O valor para a entidade na gestão cultural desse projeto, que trabalhou e que ainda vai trabalhar, acho que ficou tudo em torno de R$52 mil”, disse.

Questionado sobre a exploração do bar no local, se foi vendido espaço, o produtor ressaltou que ouviu dizer que foi vendido ao produtor cultural Ulisses Samaniego, contudo, afirmou que não sabe o teor da negociação. A reportagem do VG Notícias não conseguiu contato com o produtor para checar a informação.

Já o secretário de Comunicação de Várzea Grande, Marcos Lemos, popular Marcão, disse ao VG Notícias que o município não pagou nada pelo evento e apenas entrou com a logística, que seria para receber o show colocar o evento na programação de aniversário.

Marcão também contestou o número de público no show. “O pessoal disse que teve 100 pessoas, não é verdade. Eu tenho fotos, tenho imagem, são dados que vão comprovar, não foi o público esperado, esperava-se 20 mil pessoas, não foram 15 mil pessoas, foram de três a quatro mil pessoas, mas não foram 100”, justificou o secretário.

A Cordemato - Central Dos Organizadores e Realizadores de Eventos do Estado de Mato Grosso está em atividade desde 10 de setembro de 2009, inscrita na Receita Federal com CNPJ 11.317.627/0001-97. Consta como atividade principal, defesa de direitos sociais - CNAE 9430800 e tem no quadro societário Joeverton Silva de Jesus.

Em três eventos realizados pela Cordemato, em 2016, nos municípios Cláudia, Peixoto de Azevedo e em Cuiabá, ela recebeu da Secretaria de Cultura do Estado (SEC/MT), o valor de R$ 250 mil, conforme consta na relação dos planos de trabalho das parcerias da SEC 2016.

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