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Cidades Segunda-feira, 19 de Junho de 2023, 13:19 - A | A

Segunda-feira, 19 de Junho de 2023, 13h:19 - A | A

Da necessidade à paixão

A costureira que transformou sua vida superando adversidades

Com mais de 13 anos morando no bairro Costa Verde, em Várzea Grande, ela é conhecida e apreciada por sua comunidade

Edina Araújo & Giovanna Bitencourt/VGN

Em meio a linhas coloridas e tecidos cuidadosamente escolhidos, Onília Maria Almeida de Paula, uma mulher de sorriso acolhedor e mãos habilidosas, construiu sua história como costureira. Sentada em sua pequena oficina, com algumas máquinas de costura e muitos tecidos de clientes a espera para ser transformadas em roupas, ela compartilhou sua jornada de vida e o amor pela costura.

"Eu só costurava para mim e fazia coisas para casa. Em 1980, fiz um curso, mas, como não tinha tempo para estudar, acabei não desenvolvendo", recorda a costureira, enquanto terminava uma barra de uma calça e a cliente aguardava sentada ouvindo sua história de vida.

Após se casar em 1986, Onília começou a costurar para si mesma e seus filhos. No entanto, foi em 1990, quando se mudou de Naviraí, Mato Grosso do Sul, para Várzea Grande, em Mato Grosso, que sua jornada como costureira profissional começou. Com seu marido enfrentando dificuldades no trabalho, ela precisou buscar uma forma de sustento para a família.

Ela morava de aluguel no bairro Parque do Lago, em Várzea Grande, onde  produzia e vendia salgados e confeccionava as roupa dela, e da família. Até que a proprietária do imóvel que alugava a casa para ela, percebeu seu talento e aptidão para costura, resolveu incentivá-la, comprando tecido para fazer roupas para ela e uma cunhada.

"Foi então que comecei a trabalhar como costureira para sobreviver. No início, era uma necessidade, mas não parei mais. Faço todo tipo de costura, desde blazers e ternos, embora não seja minha preferência, até vestidos de noiva. Já fiz os vestidos de casamento das minhas duas filhas e de mais três noivas. Também confecciono trajes para festas de aniversário e madrinhas de casamento", conta Onília, com orgulho evidente em sua voz.

Ao longo dos anos, Onília aprendeu a se adaptar à demanda e às diferentes épocas do ano. Durante o final do ano, há uma maior procura por roupas novas, o que a leva a fabricar peças do zero. No entanto, em outros períodos, os consertos e ajustes são os mais solicitados.

Com mais de 13 anos morando no bairro Costa Verde, em Várzea Grande, ela é conhecida e apreciada por sua comunidade. Seu talento artesanal e o atendimento personalizado atraem clientes de diferentes idades, mas é entre as pessoas acima dos trinta anos que ela construiu uma clientela fiel ao longo dos anos.

"Tenho clientes que confiam em mim há mais de dez anos. É uma relação de confiança e parceria. Apesar das dificuldades enfrentadas pela profissão, acredito que a valorização da mão de obra da costureira é essencial. Muitas vezes, as pessoas preferem comprar roupas prontas, pois encontram opções mais baratas, mas falta a singularidade e a exclusividade de uma peça feita sob medida", reflete Onília.

Enquanto a costura é sua paixão e fonte de renda, Onília observa uma diminuição no número de lojas de tecidos em Várzea Grande e Cuiabá. Ela acredita que a preferência por roupas prontas e o surgimento de grandes confecções que produzem peças em larga escala contribuíram para essa mudança.

"Comprar roupas prontas pode ser mais conveniente e barato, mas falta a autenticidade e o cuidado que uma costureira dedicada pode oferecer. A costura é um trabalho artesanal, cada peça é única e feita sob medida, enquanto as grandes confecções seguem um padrão mais genérico", explica ela.

A determinação de Onília em sua profissão é admirável. Em 2004, quando seu marido ficou doente, após um AVC, ela assumiu todas as responsabilidades da casa, cuidando dele, dos filhos e mantendo seu trabalho como costureira. Sua capacidade de gerenciar seu tempo e adaptar-se às necessidades da família é uma das razões pelas quais ela escolheu trabalhar por conta própria, em vez de buscar um emprego assalariado.

"Há uma flexibilidade em trabalhar por conta própria. Posso definir meu próprio horário e me dedicar à minha família. No entanto, também requer disciplina e compromisso. A costura nunca deixa de me surpreender, sempre há algo novo para aprender", observa.

Aos 59 anos, Onília Maria Almeida de Paula continua a fazer história com suas mãos talentosas e espírito empreendedor. Sua paixão pela costura transformou sua vida e a de muitas pessoas que usam suas criações únicas.

Com dedicação, perseverança e criatividade, Onília prova que a costura vai além de um simples ofício, é uma forma de expressão artística que deixa sua marca em cada peça confeccionada.

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