por Juacy da Silva*
Compartilho com vocês, caros amigos, amigas, leitores e leitores, parte do comentário que fiz em algumas redes sociais, aqui acrescidas na forma deste artigo, sobre uma triste noticia de uma pessoa que simplesmente ignorava as recomendações que as autoridades médicas, cientistas, a OMS, outras organizações e diversas autoridades como Governadores e Prefeitos, a respeito do coronavirus, o COVID-19 e pagou um Elevado preço que foi a morte de seu esposo.
Esta pessoa e tantas outras que advogavam ou continuam advogando, como Bolsonaro, que o mais importante é colocar a roda da economia para rodar, que a morte de CNPJs, ou seja, a falência de empreendimentos comerciais ou industriais, é mais grave do que a morte de pessoas.
Ontem mesmo, de forma inopinada, açodada o Presidente, na companhia de um verdadeiro batalhão de empresários, ministros e outros de seu entorno, seu séquito, constrangeram publicamente o Presidente do STF. Na verdade, forçou uma visita, uma reunião com o Ministro Tófoli, em cima da hora, sem ter agendado e ainda transmitiu ao vivo a citada reunião pelas suas redes sociais, em uma demonstração de invasão de privacidade da mais alta autoridade do Poder Judiciário brasileiro.
O objetivo desta “visita” inesperada foi tão somente tentar pressionar o Poder Judiciário a seguir suas idéias e dobrar os governadores e prefeitos que insistem no isolamento social, no distanciamento social e outras medidas preventivas para evitar maior transmissão do coronavirus.
A resposta do presidente do STF foi curta e certa, disse a Bolsonaro que caberia ao mesmo, ao chefe do Poder Executivo articular-se de forma mais planejada e mais harmônica, em conjunto com Estados e Municipios quanto ao que fazer tanto para prevenir, combater o coronavirus e também que é necessário um planejamento articulado a nivel nacional, respeitando-se as peculiaridades de cada estado e municipio, para que a economia possa voltar a funcionar, sem que com isto a população, os trabalhadores corram maiores riscos de contágio e de morte, já que apenas agora o Brasil inicia a curva ascendente tanto em termos de número de novos casos de pessoas infectadas e de mortes, respectivamente, em torno de 10 mil de novos casos e 600 de mortes, todos os dias, repito a cada 24 horas.
É bom a gente refletir sobre esta triste realidade que só tende a agravar-se em nosso pais, pois quem zomba do coronavírus paga um preço alto, muitos passam a fazer parte das filas da morte, como já existem no Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belém, Fortaleza, Recífe e em tantas outras cidades e estados, no aguardo de um leito de UTI ou de um respiradoro.
No Brasil essas filas já estão com milhares de pessoas, muito mais do que os “corredores da morte”, nas penitenciárias, de países onde existe a pena de morte, onde criminosos aguardam a hora da execução e, tudo leva a crer não irão conseguir esses leitos e respiradores, tendo em vista que tanto o Sistema público quanto privado de saúde já estão com a capacidade esgotada. Essas pessoas estão de fato condenadas a morte e nem por isso demovem a idéia de Bolsonaro de que é preciso “abrir a economia” o mais urgente possivel.
Diante disto, não resta a menor dúvida, milhares dessas pessoas que estão nessas filas macabras irão morrer, além de milhares de outras que serão infectadas e mais dia menos dia irão para esaas filas da morte, lamentavelmente. Este filme já passou e todos vimos o que aconteceu na Itália, na Espanha, Inglaterra, França e ainda continua acontecendo nos EUA.
Ontem ocorreram no Brasil, pelo terceiro dia consecutivo mais de 600 mortes em decorrência do coronavirus e praticamente dez mil novos casos de pessoas infectadas e, segundo, as projeções o chamada “pico” tanto dos casos de pessoas infectadas quanto de mortes que devem aumentar rapidamente ainda não chegou no Brasil, tanto devido ao virus que continua circulando e se espalhando pelo país, quanto pela falta de testes, o que determina uma grande subestimação tanto de casos quanto de mortes.
Os números oficiais tanto de pessoas infectadas quanto de mortes devido ao corona virus representam talvez apenas 10% do que realmente seja a realidade. Lembremos que o Brasil é um dos países que menos faz teste para saber e conhecer o verdadeiro tamanho e a localização desta pandemia.
É o mesmo que perguntar, como vamos saber qual o número de pessoas que sofrem de hipertensão, de câncer, de diabetes, de obesidade, malária, infecções pulmonares, doencas respiratórias e outras doenças se não houver exames e estudos mais aprofundados sobre a gravidade dessas doencas?
De forma semelhante, se apenas as pessoas com sintomas ou já doentes que procuram as unidades de saúde são testadas e considerando que cada pessoa infectada, inclusive as assintomáticas, podem transmitir o virus para 3 ou 4 outras pessoas, a extensão e gravidade desta pandemia é muito maior do que as autoridades sanitárias , governantes e empresários, ávidos pelos seus polpudos lucros, tentam impingir `a população.
Muitas dessas pessoas estão entre os chamados grupos de risco, idosos ou com doenças pré existentes como: diabetes, problemas cardiorespiratórios, obesos, pessoas que estão em tratamento de câncer, com problemas renais, fazendo hemodiálise, fumantes e outras mais.
Outras pessoas que se contaminam são trabalhadores das áreas essenciais como transporte coletivo de pessoas ou transportadores de cargas (caminhoneiros), pessoal da saúde, do setor de abastecimento, das farmácias e outros mais. Essas pessoas estão se expondo, pagando um alto preco, as vezes com o sacrifício da própria vida, para evitar que outras pessoas sejam contaminadas, essas pessoas estão na linha de frente nesta guerra invisivel, nesta batalha quase inglória.
Existem também muitas pessoas que poderiam ou deveriam ficar em casa, mas ignoram os alertas médicos, dos cientistas e de algumas autoridades públicas, governadores e prefeitos e continuam se expondo e expondo pessoas inocentes, as vezes familiares que estão em quarentena. Tais atitudes não deixam de ser uma grande irresponsabilidade, um verdadeiro crime contra a coletividade.
Existem ainda inúmeras pessoas que, `a semelhanca do Presidente Bolsonaro, imaginam que a economia, a "roda da economia", os empregos, os lucros, o equilíbrio das contas publicas, os índices economicos são mais importantes e tem prazer em sair de casa desnecessariamente, fazem aglomerações, participam de manifestações anti democraticas, ilegais ajudando a espalhar o coronavirus.
Entre as histórias de sofrimento, por negligência e desrespeito `as orientações, a cada dia os jornais, as televisões, as redes sociais estampam casos e mais casos desta triste e cruel realidade, como de um militar reformado que faleceu recentemente em João Pessoa, na Paraiba. A esposa, empresária, que fazia parte deste grupo que segue o exemplo de Bolsonaro e não ficam em casa, não usam mascara, zombava e zombam de quem segue a risca as recomendações de ficar em casa, em isolamento social, em distanciamento social.
A notícia completa desta tragédia, foi veiculado no Site Yahoo Noticias, de hoje, 08 de Maio de 2020, cujo titulo aqui transcrevo:“Mulher que era contra isolamento social lamenta morte do marido por Covid-19: 'não fiquei em casa”.
Lamentavelmente foi e ainda será preciso que muitas pessoas sejam infectadas e morram para que todas as pessoas acordem e percebam que ignorância também mata, no sentido de que "abre a guarda" e facilita a transmissão do coronavirus, cuja letalitade é inúmeras vezes maior e pior do que outras doenças, além do fato de não haver medicamento e nem vacina para combater o coronavirus.
Apenas para refrescar a mente de quem pensa que esta pandemia não passa de uma gripezinha, um resfriadinho, como disse o Presidente Bolsonaro, quando dos alertas iniciais há pouco mais de um mes, quando surgiu o primeiro caso aqui no Brasil.
Hoje, 08 de Maio de 2020, no mundo já existem 3,87 milhões de casos e 270,3 mil mortes. O Brasil já é o oitavo país em número de casos (136,5 mil) e o sexto em número de mortes (9,3 mil) e segundo as projeções dentro de poucas semanas estaremos presenciando o pico da pandemia, quando o Brasil deverá atingir mais de 250 mil ou até 300 mil casos e as mortes poderão superar mais de 25 mil óbitos.
Enquanto isto, a China, que foi o epicentro desta pandemia, com uma população de 1,4 bilhão de habitantes registrou 83.976 casos e 4.637 mortes e a Índia, que tem uma população de 1,36 bilhão de habitantes, registra até esta data apenas 56.516 casos e 1.801 mortes.
O Brasil com uma população de apenas 211,5 milhões de habitantes, já registra 647 casos de pessoas infectadas e 44 mortes para cada um milhão de habitantes, enquanto a China registra apenas 60 casos de pessoas infectadas e 3,3 mortes para cada milhão de habitants e a Índia registra 42 casos de pessoas infectadas e apenas 1,3 mortes para cada um milhão de habitantes. Convenhamos, uma diferença brutal, muito significativa em termos comparativos quanto aos danos humanos e também econômicos.
A diferença entre o que ocorreu na China ou está ocorrendo na Índia e a situação do Brasil está que nesses dois países, que em conjunto tem 2,76 bilhões de habitantes, ou 35,4% da população mundial, os governos nacionais daqueles países, como líderes nacionais, respectivamente Presidente e Primeiro Ministro, compreenderam a gravidade da pandemia e não titubearam em decretar o “lockdown”, ou seja, o fechamento completo do país, decidiram que o mais importante seria salvar milhões de vidas e depois, com denodo, planejamento e determinação iriam enfrentar as consequências econômicas provocadas pelo coronavirus, convenhamos, decisões diametralmente opostas `as tomadas ou não tomadas por Bolsonaro, que deveria receber o titulo de “o maior e melhor amigo do covid-19” ou “ Bolsonaro, o grande amigo do coronavirus”.
Em decorrência dessas atitudes e decisões corajosas, bem planejadas e coerentes, estudos que estão sendo realizados em diversas instituições internacionais indicam que no PÓS CORONAVIRUS, a China e a Índia, deverão exercer uma influência ainda maior do que já exercem em termos de cenário internacional, contribuindo significativamente para que o pêndulo da economia e do poder mundial esteja cada vez mais inclinado para a Ásia. Isto é o que faz tanta falta em nosso país, carecemos de líderes que tenham estatura de estadistas e tenham capacidade de liderar o país em tempos de crise.
A gravidade da situacao do coronavirus no Brasil conforme o Blog de Hélio Gurovitz, destaca nesses termos “Relatório do Imperial College diz que pandemia explodirá no Brasil se houver relaxamento Um novo relatório de 25 páginas publicado hoje pelo Imperial College de Londres com foco específico no Brasil, recomenda ações mais duras para conter a expansão do novo coronavírus. “Mesmo que a epidemia brasileira ainda seja relativamente nascente em escala nacional, nossos resultados sugerem que mais ação será necessária para limitar sua expansão e evitar a sobrecarga do sistema de saúde”, afirmam os pesquisadores no documento, obtido com exclusividade pelo G1.
Cabe tanto `a população quanto `as autoridades públicas, principalmente governadores, prefeitos e também aos meios de comunicação alertarem o país quanto `a gravidade e os riscos, inclusive de morte que o coronavirus ou covid-19 representa.
A grande mensagem que devemos espalhar é simples e clara: FIQUE EM CASA, NÃO ESPALHE O CORONAVIRUS, não se exponha, só saia de casa se for extremamente necessário.
Se voce for idoso, idosa ou pertencer a algum dos chamados grupos de risco, os cuidados e precauções devem ser maiores.
Lembre-se o CORONAVIRUS MATA. Mas o mundo e o Brasil vão superar mais este desafio, vamos superar tudo isso, desde que tenhamos comportamentos e atitudes racionais, seguindo as recomendações de quem está na linha de frente desta Guerra.
*Juacy da Silva é professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT
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