por Juacy Silva*
Vivemos tempos difíceis em que a incompreensão, a intolerância, o ódio, o preconceito, o racismo, a homofobia, a violência tomaram conta de nossas relações sociais, econômicas, politicas, culturais, religiosas e até mesmo familiares e estão nos dominando. Na vã ilusão de tentar disseminar “nossas verdades”, em lugar do dialogo, da verdade real, do entendimento, subsituimos a amizade, o amor e a compreensão pela imposição de nossas ideias, de nossas ideologias, de nossas crenças, como se donos ou donas da única verdade fossemos.
O resultado é aprofundamento dos conflitos, construção de muros, barreiras, fossos em lugar de pontes, viadutos ou caminhos. Muitas pessoas acabam antigas amizades por preconceitos, por ódio `as diferenças, por desprezo, por egoismo ao defenderem seus privilégios ao invés de lutarem para que todos tenham pão `a mesa para saciar a fome de quem nada tem; por um par de sapatos quando mais de uma centena desses estão empoeirados em nossos guarda-roupas; por um cobertor que nem usamos quando tanta gente, milhões dormem ao relento; isolados em nossas residências, palácios ou mansões com guardas armados, altos muros eletrificados, quando milhões nem um teto tem para morar; esquecendo que um dia partiremos deste planeta azul, que está sendo destruido pela ganância econômica de uns poucos que só pensam em acumular renda, riqueza, propriedades e nada mais, esquecemos que quando de nossa partida nada levaremos, nem fama, nem dinheiro, nem propriedades, nem renda, nem cartões de crédito, nem pompa, nem privilégios; tempos depois nossos corpos fisicos estarão apodrecidos e voltaremos ao pó e aos poucos seremos esquecidos ou relembrados apenas por alguns que conosco conviveram.
Na hora da partida, ricos e pobres, governantes e governados, famosos, famosas e pessoas comuns, milhões de anônimos, todos teremos um mesmo destino: o cemitério ou o forno crematório. `Aqueles que ainda não partiram parecem que não se aperceberam que todos nós temos um dia, uma hora e um minuto para esta partida, não adianta fingir que não percebemos esta realidade inexorável, meu dia, seu dia, nosso dia chegará e aí será a nossa vez de nos despedirmos para sempre.
Muita gente se pergunta, do que vale tanta soberba? Tanto ódio? Tanto preconceito? Tanta violencia? Tanto materialismo? Tanta ganância? Que tal substituirmos tudo isso por mais amor, mais solidariedade, mas fraternidade? Que tal abrirmos mão de tanta coisa que buscamos desesperadamente acumular?
Estamos em meio a uma grave crise em nosso país, estamos construindo um fosso, um abismo que separa ricos x pobres; partidários do candidato A x candidato B. Estamos construido um país dividido entre negros/pardos x brancos; entre privilegiados x miseráveis; entre uma elite que tudo tem, tudo pode x uma pobreza que nada ou pouco tem e nada pode.
Precisamos pensar qual o futuro que desejamos construir para nós, para nossos filhos e nossos netos. De uma coisa estou certo, com ódio, preconceito, racismo e xenofobismo e prepotência não construiremos uma nação livre, democrática, plural, pacífica , nem próspera e feliz.
Que ao votar, nas eleicoes deste domingo, 07 de outubro e novamente no segundo turno em 27 de outubro de 2018, possaamos refletir profundamente sobre as nossas escolhas. Muitas vezes por mais que tenhamos “certeza” de que estamos escolhendo o menos pior, podemos estar empurrando nosso país e nosso futuro para um grande precipício, de onde será quase impossivel recuperar de um desastre tão grande.
A história nos mostra inúmeros exemplos de tragédias que tiverem suas origens não apenas em atos de força, revoluções, golpes de estado, quarteladas; mas tambem, em eleições “livres” e “democráticas”, mas com escolhas equivocadas. Existe um provérbio bem interessante que nos leva `a uma reflexão sobre nossas escolhas, “de boas intenções até o inferno esta cheio”.
Pense nisso antes de jogar pedras em quem de voce discorda ou tem escolhas diferentes. Será que voce é o único dono da verdade?
*Juacy Silva, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação.
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