A Polícia Federal (PF) identificou indícios de que uma rede paralela de inteligência, composta por ex-agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e servidores da Polícia Federal, esteve envolvida em um plano para desestabilizar o Estado Democrático de Direito e manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República após a derrota nas eleições de 2022. A apuração faz parte da Petição 12100, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Conforme relatório da PF, enviado no último dia 6 de dezembro ao STF, o grupo teria utilizado dispositivos de comunicação anonimizados para disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral e elaborar estratégias de ataques contra instituições democráticas, como o Poder Judiciário. "A investigação conduzida nos autos da Pet. 12.100/DF identificou a participação de servidores, na época dos fatos, lotados na Agência Brasileira de Inteligência-ABIN, que atuaram com a finalidade de disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e assessorar o então presidente JAIR BOLSONARO com estratégias de ataques às instituições democráticas, ao Poder Judiciário e seus respectivos membros", cita trecho do documento.
Além disso, a PF reforça que essas ações faziam parte de um plano maior para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A investigação demonstrou que vários servidores policiais federais atuaram dentro de uma divisão de tarefas estabelecida pelo grupo investigado para desenvolver ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de tentar manter o então presidente da República no poder por meio de um golpe de Estado”, afirma a PF no documento enviado ao STF.
Com base nos elementos já colhidos, a Polícia Federal solicitou a Alexandre de Moraes o compartilhamento de provas do inquérito que apura o plano golpista para subsidiar as investigações relacionadas à chamada "Abin paralela". A expectativa é que os novos dados fortaleçam as acusações contra os envolvidos.
O delegado responsável pelo caso, Fábio Shor, destacou que a estrutura investigada funcionava como uma extensão clandestina da Abin, criada para atender interesses políticos e pessoais. Entre as práticas documentadas, consta o uso de equipamentos de comunicação que dificultam o rastreamento das atividades do grupo.
Envolvimento de ex-autoridades
A investigação inclui nomes como o do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro. Ramagem e outros 36 indivíduos já foram indiciados em um inquérito relacionado ao plano golpista, o que reforça as conexões entre os casos.
A PF informou que o inquérito sobre a "Abin paralela" está em sua fase final. A expectativa é que o caso seja encaminhado ao STF ainda neste ano ou, no mais tardar, no início do próximo. Caso as suspeitas sejam confirmadas, as investigações podem resultar em novas denúncias contra os envolvidos e reforçar a responsabilização pelos atos contra a democracia.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).