Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, está enfrentando um cenário desafiador em 2024. Com uma redução significativa na produção interna, o estado tem visto um aumento substancial nos preços e uma crescente dependência de importações para suprir a demanda. Dados recentes divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) apontam que a produção de soja no estado, assim como em outras regiões do país, foi impactada por condições climáticas adversas, resultando em uma oferta mais baixa que o esperado.
De janeiro a junho de 2024, o Brasil importou 665,44 mil toneladas de soja, sendo que uma parcela significativa desse volume foi destinada a Mato Grosso. O Paraguai se destacou como o principal fornecedor, respondendo por 99% do total importado pelo país. A escassez interna e o aumento das importações foram impulsionados por uma redução de 4,70% na produção nacional, com o Centro-Oeste e Paraná sendo as áreas mais afetadas.
A valorização do dólar, que alcançou R$ 5,63, teve um impacto direto nos preços da soja em Mato Grosso. Na última semana, o preço médio da saca no estado subiu 3,99%, chegando a R$ 121,95. Esse aumento reflete tanto a escassez de oferta quanto o custo adicional associado às importações. Para os produtores de Mato Grosso, o cenário é desafiador: enquanto os custos de produção aumentam, as margens de lucro ficam apertadas devido aos altos preços dos insumos e do frete.
Além disso, o estado enfrenta dificuldades logísticas, com os custos de frete também em alta. O transporte de grãos de Sorriso a Miritituba, por exemplo, atingiu R$ 300 por tonelada, um valor significativo que adiciona pressão sobre os produtores e exportadores.
Mato Grosso, que tradicionalmente lidera a produção de soja no Brasil, está em uma posição delicada. A dependência de importações para manter o abastecimento e a alta dos preços no mercado interno são sintomas de uma cadeia produtiva sob tensão. A administração estadual e os produtores locais precisam considerar estratégias de médio e longo prazo para mitigar esses desafios, como a diversificação de culturas, o investimento em tecnologias que aumentem a produtividade e a melhoria da infraestrutura logística.
A alta demanda global por soja e as condições climáticas favoráveis nos Estados Unidos, com previsões de uma safra recorde de 122,93 milhões de toneladas, podem trazer alguma alívio no futuro, com a possibilidade de preços internacionais mais competitivos. No entanto, para Mato Grosso, o foco imediato deve estar na gestão eficiente dos recursos disponíveis e na busca por soluções que garantam a sustentabilidade do setor.
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