O ex-secretário de Estado, Alan Zanatta, afirmou na manhã desta quarta-feira (21.02) que o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) jamais pediu a ele que gravasse o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio César Corrêa, na intenção de se “livrar” da acusação de recebimento de propina na gestão do ex-governador.
Zanatta gravou uma conversa que teve com Sílvio. Na gravação, o ex-secretário e o ex-assessor comentam sobre o vídeo feito por Sílvio em que deputados e ex-deputados, incluindo Emanuel, aparecem recebendo maços de dinheiro a título de propina para apoiar a gestão de Silval. O áudio da conversa Zanatta/Silvio, foi apreendido na residência de Pinheiro em setembro do ano passado durante a Operação Malebolge, 12ª fase da Operação Ararath, que teve o prefeito como um dos alvos.
“Eu gravei ele porque eu não sabia o que ele queria. Foi uma forma de me resguardar. Estava em uma época em que tinha estourado um escândalo por meio de gravação, e tomei a decisão de me gravar para me resguardar de qualquer acusação”, declarou Zanatta em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - CPI do Paletó -, que apura a suposta quebra de decoro e obstrução da Justiça por parte do prefeito de Cuiabá.
Ele completou: “Em nenhum momento o prefeito sabia que iria gravar o Sílvio. Foi uma iniciativa minha”, afirmou Zanatta, ao reafirmar que Pinheiro não lhe pediu para gravar o ex-chefe de gabinete de Silva.
O ex-secretário explicou que em 2017 quando os vídeos gravados por Sílvio Corrêa, anexados em sua delação, começaram a serem amplamente divulgados pela mídia, ele disse ter notado que não “batia” com a conversa tida com o ex-chefe de gabinete e por isso resolveu procurar Pinheiro, em sua residência, e entregar a gravação.
“Na época que começou a ser divulgado as gravações do caso do recebimento da propina, eu percebi que não batia o que estava sendo divulgado e a conversa que tive com o Sílvio. Eu resolvi procurar o Emanuel e falei do áudio que tinha e que citava o prefeito e o irmão dele. O prefeito disse que gostaria de ouvir o áudio então deixei lá e voltei para Goiânia”, disse, ao negar ter feito qualquer alteração do áudio.
Zanatta destacou que caso tivesse “premeditado” gravar Sílvio Corrêa em favor de Pinheiro, ele teria usado um gravador “mais moderno” e que possibilitasse um áudio de mais qualidade. “Eu não iria usar um celular para gravar ele e ficar um áudio de baixa qualidade”.
O ex-secretário negou ter ofertado “ajuda” ao ex-chefe de gabinete de Silval, mas que pela “lealdade” de Sílvio com ele (Zanatta), na época do governo Silval Barbosa, decidiu emprestar R$ 5.500,00. Ele explicou que o contato entre ele é Sílvio foi efetuado por uma pessoa identificada como Cleberson, conhecido como “Coxinha”, em outubro de 2016.
Alan nega conhecimento de pesquisa eleitoral solicitada pelo grupo de Silval Barbosa ao Mark Instituto de Pesquisa de propriedade de Marco Polo de Freitas Pinheiro (Popó), irmão do prefeito Emanuel Pinheiro. “Não tenho conhecimento de nenhuma pesquisa”.
Atualizada às 10h40 - O ex-secretário disse ser “amigo” de Pinheiro, mas negou que o ato teve como foco formação de provas a favor do prefeito.
“Eu passei a gravação para Emanuel porque naquele momento eu senti que o mesmo estava sendo mais prejudicado por estar ocupando o cargo de prefeito. Ele tinha mais visibilidade do que os outros deputados. Eu levei a ele para saber se servia para alguma coisa”, declarou.
Zanatta citou que na gravação em nenhum momento tentou induzir Sílvio Corrêa para “absorver” Emanuel do recebimento da propina. “O que eu falei está gravado. Eu não só falei o nome do Emanuel, falei de outros como o Silval, que trato como Barbosinha, Barbosão”.
O ex-secretário negou que a gravação era uma tentativa de obstrução da Justiça. “Nenhum momento houve obstrução. Gravei para me resguardar”.
Zanatta sugeriu uma “acareação” entre o ex-secretário e Sílvio Corrêa para confrontar as declarações sobre o encontro em que eles tiveram e que foi gravado.
Atualizada às 11h20 - O ex-secretário revela que o celular usado para gravar Sílvio Corrêa foi comprado no camelo, e que quando voltou para pegar o aparelho na casa de Emanuel Pinheiro tinha conhecimento de que o gestor tinha feito uma cópia da gravação em um pen drive. Encerrou o depoimento do Zanatta.
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