As investigações da operação Porto Seguro, da Polícia Federal, mostraram que não era apenas Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, que recebia pedidos de indicação para cargos públicos.
Reportagem do Jornal Nacional (veja no vídeo ao lado) informou que o suspeito de chefiar o esquema, Paulo Rodrigues Vieira, preso pela PF e afastado do cargo de diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), também era destinatário de solicitações de emprego em órgãos públicos.
Rosemary e Paulo Vieira estão entre os 18 indiciados pela Polícia Federal sob suspeita de integrar o grupo que, de acordo com a PF, corrompia servidores para obter pareceres técnicos fraudados a fim de beneficiar negócios de empresas privadas.
Em um e-mail interceptado pela Polícia Federal, o procurador da Fazenda Nacional do Amapá, Evandro Gama, pede ajuda para conseguir um cargo no governo federal.
No e-mail, Gama escreveu:
"Conforme conversamos, envio o meu currículo para as articulações políticas necessárias.
Tenho preferência pelos seguintes cargos:
1) Superintendente da Superintendência Regional do Dnit nos Estados do Pará e Amapá [...]
2) Superintendente da Superintendencia Regional do INCRA no Estado do Amapá [...]
3) Secretário da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades [...]
4) Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [...]
5) Secretário Executivo do Ministério do Turismo [...]
6) Superintendente da FUNASA no Estado do Amapá [...]
7) Superintendente do IBAMA no Estado do Amapá [...]"
Para cada cargo, Gama apresenta uma justificativa para a indicação. No item em que sugere o cargo de secretário-executivo do Ministério do Turismo, diz que o nome dele apareceria como "uma indicação técnica e moralizadora para a pasta".
Evandro Gama declarou que não cometeu irregularidade e disse que pedir favores é uma prática comum em Brasília. Segundo ele, em Brasília não basta ter qualificação técnica para o cargo - é preciso ter indicação política.
Paulo Vieira
Apontado como chefe do esquema pela Polícia Federal, Paulo Vieira foi assessor de controle interno do Ministério da Educação entre fevereiro e outubro de 2005. Depois que saiu, não deixou de falar com alguns funcionários.
Num correio eletrônico que recebeu de uma funcionária do MEC, em agosto do ano passado, foi tratado como se ainda trabalhasse lá.
- Oi, chefinho, bom dia. Tudo bem? Olha aí a nomeação do meu novo chefe.
A nomeação a que a funcionária se refere era do novo assessor de controle interno do ministério -- cargo que já tinha sido ocupado por Paulo Vieira.
Como diretor da Agência Nacional de Águas, em maio, ele pediu ajuda a Rosemery Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, para nomear uma conhecida -- que ele chama de doutora -- para um cargo no MEC.
"A doutora gostaria muito de trabalhar em um cargo no MEC. O nosso pedido é para o cargo de secretária-executiva da educação, atualmente vago", disse.
Irmãos
O advogado de Rubens Vieira, irmão de Paulo Vieira e também preso pela Polícia Federal procurou a Justiça para tentar a libertação do cliente porque ele já foi afastado do cargo que ocupava como diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "Essa prisão não é mais necessária", disse Fauzi Achoa.
O advogado de Marcelo Vieira, outro irmão de Paulo Vieira, diz não entender por que o cliente está preso. "Não vislumbro motivação jurídica para a prisão. Ele é empresário, não servidor público, e não tinha influência no governo", afirmou Milton Fernando Talzi.
Documentos da investigação da Polícia Federal apontam Marcelo Vieira como integrante do suposto esquema. Segundo a PF, ele exercia função "operacional": levava e trazia documentos, fazia pagamentos e comprava bens do grupo em nome dele. Marcelo foi preso por corrupção de funcionário público.
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