A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, começa ouvir nesta terça-feira (18.04) as testemunhas arroladas na ação penal referente a 4ª fase da Operação Sodoma. A ação investiga desvio de R$ 15,8 milhões no processo de desapropriação da área correspondente ao bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
Os réus na ação penal são o ex-governador Silval Barbosa; o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf; o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi; o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima; o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cezar Corrêa Araújo; o ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves; o ex- presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto; os empresários Antônio Rodrigues Carvalho, Alan Malouf e Valdir Piran ; o advogado Levi Machado de Oliveira e o ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros.
De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), eles são acusados de participar de um esquema de corrupção no governo de Silval Barbosa, o qual teria desviado R$ 15,8 milhões por meio da aquisição da área no Jardim Liberdade.
A denúncia aponta que Silval autorizou o pagamento de R$ 31,7 milhões pela área, sendo que R$ 15,8 milhões teriam retornado pela suposta organização criminosa chefiada pelo ex-governador.
Nesta terça, estão previstas para serem ouvidas testemunhas convocadas pelo MPE, sendo elas o empresário Filinto Muller, proprietário de uma factoring que teria sido utilizada pelo grupo para lavagem de dinheiro; Maria Auxiliadora de Moraes e Pedro Jamil Nadaf Filho, filho do ex-secretário Pedro Nadaf.
Atualizada ás 14h53 - O primeiro a ser ouvido é o empresário Filinto Müller. Em depoimento ele afirma que a pedido do procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho – o Chico Lima-, abriu uma empresa em nome Sebastião Farias, apresentado por Chico Lima, para lavar dinheiro. O homem, segundo o empresário, era pedreiro.
Filinto diz à juíza que o pedreiro jamais movimentou qualquer quantia em nome da empresa, e que os R$ 15,8 milhões desviado dos cofres públicos por meio da desapropriação do bairro Jardim Liberdade foi movimentado pela empresa.
O empresário declarou que sempre assinou documentos em nome da empresa laranja, e que algumas vezes falsificou assinatura de Sebastião a pedido do pedreiro.
Em depoimento, Filinto assegurou que cobrou 4% para “lavar” os mais de R$ 15 milhões, mas que o grupo de Silval achou caro e o valor ficou em 3%.
O empresário declarou que o negócio foi tratado entre ele e Chico Lima, e que ficou fechado que R$ 10 milhões teriam que ser repassado para o empresário Valdir Piran para quitar uma dívida de campanha de Silval Barbosa. Os pagamentos foram feitos de forma parcelada.
Ele conta que a primeira parcela paga foi no valor de R$ 3 milhões, e que Piran exigiu que fosse pago restante, R$ 7 milhões, em cheque.
Filinto comenta que os R$ 5 milhões restante, dos R$ 15 milhões, foram divididos entre Chico Lima, Pedro Nadaf, Arnaldo Alves e Marcel de Cursi.
Atualizada ás 15h11 - Filinto diz que durante o pagamento das últimas parcelas do acordo com o grupo de Silval, o esquema foi descoberto por jornalistas e que ele ficou com medo de não receber. Segundo ele, o ex-secretário Pedro Nadaf lhe pediu R$ 100 mil para pagar uma emenda da então deputada estadual e hoje prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB), mas que ficou sabendo que o dinheiro foi usado para pagar jornalistas para que eles não divulgassem o caso.
Segundo ele, os jornalistas teriam exigido mais dinheiro para Nadaf, e que no final foram entregues uma quantia total de R$ 300 mil para que as reportagens não fossem divulgadas denunciado o esquema.
Atualizada ás 16h00 - O empresário disse que combinou com o advogado Levi Machado e com Antônio Machado, dono da Santorini Empreendimentos, que contariam a mesma história caso eles fossem investigados pelo suposto esquema.
De acordo com ele, ficou combinado de contarem que a SF Assessoria e Eventos havia comprado 50% das ações da empresa de Antônio Machado, e para isso foi firmado um contrato fictício com a empresa que tinha como proprietário o pedreiro Sebastião. Para concretizar o acordo, Filinto falsificou assinatura de Sebastião no contrato.
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