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Política Terça-feira, 24 de Março de 2020, 21:21 - A | A

Terça-feira, 24 de Março de 2020, 21h:21 - A | A

Veja vídeo - Presidente Na contramão

Em rede nacional, Bolsonaro critica governos e prefeitos por fecharem escolas, comércios e confinamento em massa

Edina Araújo/VG Notícias

O presidente da República, Jair Bolsonaro se pronunciou em rede nacional, na noite desta terça-feira (24.03), e causou a maior confusão – contrariou todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. O presidente atacou a imprensa, governadores e prefeitos, criticou fechamento de escolas, transporte coletivo e confinamento de massa.

“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio, o confinamento em massa”, disse.

Bolsonaro afirmou que 90% da população brasileira não irá contrair o novo coronavírus e exemplificou: “eu, por exemplo, pelo meu histórico de atleta, se contraísse o coronavírus, não passaria de uma gripezinha ou um resfriadinho, como disse aquele médico daquela televisão”, se referindo ao Dr Dráuzio Varella e a TV Globo.

“O que se passa no mundo tem mostrado o grupo de risco é das pessoas acima dos 60 anos. Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação, caso se contamine.”, assegurou.
Ele se gabou por ter sido atleta e disse estar imune aos efeitos do coronavírus. “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria, ou seria, quando muito acometido de uma gripezinha ou um resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para doença”.

O presidente não perdeu a oportunidade, acatou e responsabilizou a imprensa dizendo que é a culpada pela disseminação de medo e histeria.

“Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão, espalharam, exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe, o grande anúncio de vítimas na Itália, um país com grande número de idosos e com clima totalmente diferente do nosso”, atacou.

E continuou: “O cenário perfeito, potencializado pela mídia, uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país. Contudo, parece, que de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial: pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom, parabéns imprensa brasileira. É essencial o equilíbrio e que a verdade prevaleçam entre nós. O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós, e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar”.

Bolsonaro afirmou que os empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias preservado e devemos sim voltar à normalidade. “Devemos sim ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as recomendações do Ministério da Saúde”.

Ele ressaltou que o FDA americano e o Albert Einstein, em São Paulo, buscam a comprovação da eficácia da Cloroquina no tratamento do Covid 19. “Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre este remédio produzido no Brasil, largamente utilizado no combate à malária, lúpus e artrite”.

Por fim, Bolsonaro disse que acredita em Deus e que ele (Deus) irá capacitar cientistas e pesquisadores do Brasil e do mundo na cura dessa doença. “Aproveito para render minha homenagem a todos os profissionais de Saúde: médicos, enfermeiros, técnicos e colaboradores, que na linha de frente nos recebem nos hospitais, nos tratam e nos confortam. Sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio, venceremos o vírus e n os orgulharemos de estar vivendo neste novo Brasil, que tem tudo, sim, tudo para ser uma grande nação. Estamos juntos e cada vez mais unidos. Deus abençoe nossa Pátria querida”.

Manifestação do Senado - Em seguida ao pronunciamento de Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o vice-presidente, Antonio Anastasia, divulgaram nota classificando como "graves" as declarações do presidente Jair Bolsonaro, feitas em cadeia nacional na noite desta terça-feira (24). No pronunciamento à  população, Bolsonaro afirmou que o país deve voltar à normalidade e abandonar o conceito de "terra arrasada", com reabertura do comércio e das escolas.

"Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade", diz a nota da Presidência do Senado.

Nota à imprensa

"Neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise."

Davi Alcolumbre, Presidente do Senado

Antônio Anastasia, Vice-presidente do Senado

 

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